A entrada no mercado dos carros flex em 2003 ampliou o poder de escolha do
consumidor, permitindo que ele migrasse do álcool para a gasolina e vice-versa
conforme um ou outro combustível ficasse mais vantajoso para o bolso. No
entanto, mesmo com a crescente popularidade dos flex, que somente em abril
representaram 88% das vendas totais de veículos, muitos motoristas ainda
desconhecem quando devem optar pelo etanol e pela gasolina.
A resposta requer um cálculo bem simples, conforme explica o gerente de
negócios da Ticket Car, Eduardo Lopes: basta dividir o preço do álcool pelo da
gasolina, subtrair o resultado da primeira operação de 1 e, em seguida,
multiplicar por 100. Se o resultado final for maior do que 30%, compensa trocar
o derivado de petróleo pelo de cana-de-açúcar. Se for menor do que 30%, vale a
pena usar a gasolina.
Considerando o último levantamento mensal de preços realizado pela Ticket, em
abril, o litro da gasolina custava R$ 2,508, em média, no estado de São Paulo,
enquanto o do álcool era cotado a R$ 1,53. Aplicando-se a fórmula, temos: R$
1,53 / R$ 2,508, que resulta em 0,61. Quando se diminui este número de 1, temos
0,39, que, para se transformar em percentual, deve ser multiplicado por 100,
dando 39%. Com esse resultado, o consumidor deve optar pelo álcool, que por
sinal voltou a ser mais competitivo neste e em outros seis estados.
Esse cálculo, por sua vez, reflete a diferença de desempenho entre um
combustível e outro. “O álcool gasta mais para rodar a mesma distância que a
gasolina”, comenta Lopes. Em outras palavras, isso significa que um carro
abastecido com etanol tem 30% menos autonomia. Daí o fato de o preço deste
combustível ter de ser 30% mais barato que o da gasolina para ser vantajoso ao
bolso.
Alguns fatores aumentam consumo, mas não tiram vantagem
Essa vantagem, por sua vez, é uma média que se aplica a todos os veículos,
seja qual for o modelo – se 1.0 ou 2.0, por exemplo. Também não sofre influência
de outros fatores, como o uso do ar-condicionado ou o fato de o carro ser muito
pesado, percorrer sempre trechos de serra ou ainda ficar parado no trânsito.
“Apesar de serem variáveis que influenciam no consumo do combustível [todas
fazem o carro gastar mais], elas não tiram a vantagem na hora do abastecimento”,
afirma o especialista da Ticket.
Além da diferença entre etanol e gasolina, o motorista precisa sempre ficar
atento ao consumo do carro, para assim saber se precisa economizar mais com o
abastecimento. A orientação dada por Lopes é, com o tanque cheio, rodar com o
carro até gastar um quarto. Ao abastecer, o motorista deve guardar o número
registrado pelo marcador de quilometragem ou odômetro. Depois, novamente com o
tanque completo, registrar o novo número, para verificar quanto gastou de
combustível entre um abastecimento e outro.