Em tempos de aquecimento global e defesa do meio ambiente, uma expressão que
aparece freqüentemente, seja na mídia ou nas ruas, é o chamado Consumo
Consciente.
De acordo com o instituto Akatu, consumo consciente é o ato de consumir, levando
em consideração os impactos provocados pelo consumo. Explicando melhor: o
consumidor pode, por meio de suas escolhas, buscar maximizar os impactos
positivos e minimizar os negativos dos seus atos e, desta forma, contribuir com
seu poder de consumo para construir um mundo melhor.
No entanto, num mundo capitalista, onde o imediatismo fala mais alto, nem sempre
é fácil agir desta forma. "A sustentabilidade tem uma visão de longo prazo e, em
geral, as pessoas não gostam de pensar no futuro desta forma", explica a
psicanalista e representante no Brasil da Iarep (International Association for
Research in Economic Psychology), Vera Rita de Mello Ferreira.
Sem piloto automático
Segundo Vera Rita, desligar o chamado piloto automático é uma medida que ajuda a
agir de forma mais consciente. "As pessoas passam a rever princípios e atitudes,
que antes eram tomados de forma automática, inconsciente", afirma. "Quanto menos
piloto automático, mais fácil é raciocinar", ensina.
Simples? De forma alguma. E, como explica a psicanalista, é próprio do ser
humano tomar certas atitudes. "Quando é conveniente, olhamos só para um lado,
descartando as partes que não nos interessa".
Além disso, segundo ela, desculpas não faltam para justificar as ações. "Na
hora, o que vale é a vontade".
Como mudar este quadro
Para a psicanalista, uma forma de incorporar essa consciência seria fazer com
que a prática se tornasse um hábito. "O dia-a-dia pode ajudar a reverter esse
quadro e tornar as pessoas mais conscientes", explica.
Uma dica seria inserir, com mais freqüência e antecedência, as crianças neste
conceito. "Quanto mais jovens começarem a pensar no assunto, mais chances têm de
seguirem por esse caminho", indica Vera, afirmando que a prática deve vir do
berço.
Outra forma seria abrir mão da satisfação imediata. "Mas, para isso, teria que
haver um processo de autoconhecimento que permita fazer mudanças e tomar
decisões que contribuam para uma vida mais equilibrada, psicologicamente e
economicamente falando", ensina.
Segundo a especialista, o fato de estar mais consciente sobre o assunto pode
tornar desconfortável desrespeitar os valores. "As pessoas passarão a pensar
duas vezes antes de tomar qualquer decisão que possa causar impactos negativos",
finaliza.