Motivação - Resiliência - A Rapidez de se Levantar Após a Queda
ocê perdeu o emprego, seu cônjuge pediu
o divórcio, algo catastrófico ocorreu
para você (acidente, morte de um ente
querido, um crime, enchente ...) Como
você reage a isto?
Você certamente irá sofrer porque a nós
nos foi ensinado que coisas deste tipo
nos provocam dores. Você se afunda em si
mesmo e pode até chegar a afirmar “que
está no fundo do poço”.
Para mais, a sociedade como um todo
(pais, amigos, parentes, professores)
nos ensina que acontecimentos ruins como
o erro, a falha ou o fracasso também são
coisas horríveis. Mas ninguém nos ensina
como aprender com eles e vislumbrar
novos caminhos para nos tornarmos
melhores, se as coisas vierem a se
repetir.
Imagine-se agora ocupando um cargo de
alta gerência ou superior em uma
organização líder de mercado. Certamente
você estará sofrendo pressões,
cobranças, sobrecarga de tarefas, medo
de desemprego e “otras cositas mas”
oriundas da globalização e da nova
economia. E como você reage a isto?
Em qualquer destas situações acima,
citadas apenas como exemplos, iremos
reagir de acordo com nossas crenças e
nossos valores. Mas, o que devemos ter
em conta, que é pela mente que iremos
perceber tais fatos. E estes fatos irão
gerar respostas após serem “filtrados”
pelas nossas mentes.
Portanto, nossas reações boas ou ruins
vão depender de como nossa mente
interpreta o evento ou a situação. E
isto é algo individual, ou seja, cada
ser humano reage de uma maneira. Assim
sendo, o estresse pode ser compreendido
como a forma de se perceber cada fato ou
evento. O que para uns pode representar
um risco ou uma fonte de estresse, pode
não ser para outros. O que pode, para
uns, representar um risco em um
determinado momento de suas vidas, pode
não sê-lo em outro momento.
A diferença está em nossa reação. A
vivência de algo negativo nos ensina a
reagir de forma diferente e mais serena
caso o mesmo evento venha a se repetir,
o que faz com que não tenhamos as mesmas
reações. E não iremos tê-las porque nos
adaptamos, nos reajustamos e aprendemos
a reagir de forma mais inteligente para
não chegarmos, novamente, “ao fundo do
poço”.
Esta capacidade humana tem o nome de
resiliência. É uma palavra oriunda da
Física e definida como a propriedade
pela qual a energia armazenada em um
determinado corpo deformado é devolvida
quando cessa a tensão causadora de uma
deformação elástica (Dicionário
Aurélio), ou seja, a capacidade de um
corpo voltar ao seu estado normal após
ter sofrido uma pressão (deformação) que
foi removida.
Em Ciências Sociais, a resiliência é
“uma qualidade de resistência e
perseverança da pessoa humana face às
dificuldades que encontra..
Em Medicina, é “a capacidade que o
indivíduo tem de resistir, por si
próprio ou por medicamentos, a uma
doença, infecção ou intervenção”.
Em Biologia, é “a capacidade que a
natureza tem de se reorganizar após
passar por uma situação de devastação).
Em Psicologia é “a capacidade que o ser
humano tem em superar situações adversas
(perdas, estresse, crises) com o mínimo
de disfuncionalidade no seu
comportamento, adaptando-se ou
ajustando-se à nova situação”.
O Dr.Alberto D’Auria nos fornece o
seguinte exemplo: “um indivíduo
submetido a situações de crises,
estresse ou perdas e que sabe vencer sem
lesões severas (rachaduras) é um
resiliente Já aquele(a) que não possui
resiliência é chamado(a) “homem ou
mulher de vidro”, que se “quebra” ao ser
submetido a pressões e situações
estressantes. A idéia de resiliência
pode ser comparada às modificações da
forma de uma bexiga parcialmente
inflada: se comprimida, adquirindo as
formas mais diversas e retornando ao seu
estado inicial após a remoção das
pressões exercidas sobre a mesma”.
Já Tavares, define resiliência como “a
capacidade de responder de forma mais
consistente aos desafios e dificuldades,
de reagir com flexibilidade e capacidade
de recuperação diante de desafios e
circunstâncias desfavoráveis, obtendo
uma atitude otimista, positiva e
perseverante e mantendo um equilíbrio
dinâmico durante e após os embates”.
Deste modo, resiliência é a capacidade
que o indivíduo possui em saber lidar
com pressões e situações difíceis e
adversas, sem prejuízo de sua saúde
física e de seu equilíbrio emocional.
Quem é resiliente consegue recuperar-se
após vencer cada desafio. E, quanto mais
resiliente é a pessoa, menor será o
índice de doenças e maior será seu
desenvolvimento pessoal.
Resiliência significa equilíbrio entre
tensão e capacidade de lutar, além de
servir de aprendizado para estarmos
preparados quando outra situação adversa
acontecer. Pessoas resilientes abrem-se
para outro nível de consciência.
Atualmente, várias organizações têm
fornecido ferramentas e treinamentos
nesta área, pois aquele colaborador que
não desenvolve a resiliência poderá
apresentar queda de produtividade e
desenvolvimento de doenças. Com isto,
todos os colaboradores e líderes terão a
oportunidade de aumentar o conhecimento
de si mesmos, mudar suas respostas,
tanto comportamentais como emocionais,
diminuir a ansiedade e o estresse frente
as adversidades e aumentar sua confiança
quando incertezas se fizerem presentes.
COMO DESENVOLVER E/OU AUMENTAR A
RESILIÊNCIA
Veja as seguintes orientações:
- mentalizar seu projeto de vida,
mesmo que não possa ser colocado em
prática imediatamente. Sonhar com
seu projeto é confortante e reduz a
ansiedade;
- aprender e adotar métodos
práticos de relaxamento e meditação;
- praticar esporte para aumentar o
ânimo e a disposição;
- procurar manter o lar em
harmonia, pois isto representa “o
ponto de apoio para recuperar-se”;
- aproveitar parte do tempo para
ampliar conhecimentos, pois isto
aumenta a autoconfiança;
- assumir riscos (ter coragem),
pois não adianta brigar com os
problemas mas enfrenta-los para não
ser destruído por eles;
- tornar-se um(a) “sobrevivente”
repleto(a) de recursos no mercado de
trabalho;
- usar a criatividade e a
imaginação para quebrar a rotina e
mudar seus hábitos para resolver
situações imprevistas, adversas e
delicadas;
- transformar-se em um otimista
incurável, visualizando sempre um
futuro bom e melhor;
- apurar o senso de humor
(desarmar os pessimistas);
- separar bem quem você é e o que
você faz;
- permitir-se sentir dor, recuar
e, às vezes, enfraquecer para, em
seguida, retornar ao seu estado
original.
VANTAGENS
O desenvolvimento da resiliência pode
proporcionar ao ser humano as seguintes
vantagens:
- permitir nossa reciclagem
pessoal através da renovação de
nossas energias e da reintegração ou
ajustamento à uma nova realidade;
- fornecer a oportunidade de curar
velhas feridas;
- descobrir novas formas de lidar
com a vida e de nos organizarmos de
modo mais eficaz;
- melhor preparação para lidarmos
com pressões;
- fornecer meios de reduzir
pressões desnecessárias,
reconhecendo como são criadas e
mantidas;
- desenvolver a capacidade que
cada um tem de se adequar e
flexibilizar às situações sem perder
seus objetivos.
A resiliência fortalece o desempenho
mantendo as habilidades e competências
necessárias para que o indivíduo
continue seu aprendizado, seu
desenvolvimento e ascenção de sua
carreira profissional.
CARACTERÍSTICAS DA PESSOA
RESILIENTE
Para Frederic Flach, as características
da pessoa resiliente são:
- capacidade de aprender;
- auto-respeito;
- criatividade na solução de
problemas;
habilidade em recuperar a
auto-estima quando diminuída ou
temporariamente perdida;
- independência de espírito:
autonomia;
- liberdade e interdependência;
- habilidade de fazer e
manter amigos;
- disposição para sonhar;
- bom senso de humor;
- grande variedade de interesse
Já, para Eduardo Camello, autor do livro
“Supere – A arte de lidar com as
adversidades” (Ed. Gente), são
reslientes as pessoas que possuem uma
combinação das seguintes qualidades:
- são bastante confiantes:
acreditam em si mesmos e naquilo que
são capazes de fazer;
- gostam e aceitam mudanças:
encaram as situações de estresse e
adversidades como desafios a serem
sempre superados;
- têm baixa ansiedade e alta
extroversão: são abertos a novas
experiências e formas de fazer as
coisas. Nunca desanimam:
- têm autoconhecimento e
auto-estima positivos: conseguem
administrar seus sentimentos e suas
emoções em ambientes imprevisíveis e
emergenciais;
- são emocionalmente inteligentes:
conhecem suas emoções, sabem
administrá-las, conseguem
automotivar-se, reconhecem emoções
em outras pessoas e sabem manejar
relacionamentos;
- são altamente criativos:
procuram constantemente por
inovações. Não se conformam com a
monotonia;
- dispõem de uma eficaz capacidade
de resposta: mantêm altos níveis de
clareza, concentração, calma e
orientação frente a uma situação
adversa.
Comece a prestar mais atenção a você
mesmo quando situações adversas, como um
acontecimento do passado lhe trouxer
lembranças amargas ou ser acometido por
uma doença ou uma perda, ou ... e você
ficar “para baixo” ou deprimido. Este é
o momento que a vida está lhe dando para
saber, realmente, se você é resiliente
ou não.
Ou, como afirma Kelly Young: “o problema
não é o problema. O problema é sua
atitude com relação ao problema”.
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