Eles são intercambistas exemplares. Antes de embarcar em uma experiência
internacional, pesquisam muito os possíveis locais de destino. Já durante o
intercâmbio, são os melhores alunos da turma, se interessam, prestam atenção,
questionam o professor e enriquecem as aulas. Também fazem de tudo para se
divertir e curtir a aventura.
A descrição, feita pela gerente de comunicação da STB, Cláudia Martins, é das
pessoas com mais de 50 anos que realizam programas de intercâmbio.
Fenômeno
Ao contrário da crença geral, fazer intercâmbio não é coisa de jovem. Apesar de
as pessoas entre 18 e 35 anos formarem o principal "filão" das agências de
intercâmbio, nos últimos anos, ocorreu um fenômeno interessante: pessoas mais
velhas, com 40, 50, 60 e até 70 anos passaram a procurar os programas.
Cláudia não se surpreende. "Hoje é tudo muito diferente. As pessoas com seus 50
anos continuam muito ativas profissionalmente. Nossos clientes, em sua maioria,
são profissionais liberais, têm o próprio negócio, a casa própria, não têm mais
obrigações financeiras pesadas e seus filhos já cresceram", conta.
Ela revela que os clientes mais velhos não estão apenas preocupados com o
aprendizado do idioma. "Eles buscam um programa de intercâmbio que irá
enriquecê-los cultural e pessoalmente. Encaram como uma oportunidade única de
viajar e ficar mais tempo em uma mesma cidade, vivenciando melhor a
experiência".
A gerente de produtos da CI, Luiza Vianna, concorda. "Nessa altura da vida,
muito mais do que aprimorar o idioma, as pessoas procuram uma experiência
diferente e querem fazer amizades. Tem uma senhora de 70 e poucos anos que já
fez intercâmbio três vezes conosco. Fiquei sabendo que, em uma das escolas, ela
se tornou uma lenda, porque fez amizade com toda a molecada", lembra.
O desconhecimento das pessoas
Atualmente, as pessoas com mais de 50 anos constituem, no mínimo, 10% do quadro
de intercambistas da STB, estima Claudia. "Mas esse percentual deve, cada vez
mais, aumentar, porque a expectativa de vida das pessoas aumentou. Hoje, as
pessoas se alimentam melhor do que no passado e estão mais preocupadas com a
saúde".
O percentual de 10% não deixa de ser significativo. No entanto, as agências
lamentam o fato de as pessoas desconhecerem que programas de intercâmbio são
voltados para todas as idades. "A maioria não sabe mesmo. Na hora que alguém vem
com o filho ou o neto pagar pelo programa e diz que parece ser legal, o
consultor sugere que faça o programa também. Somente assim as pessoas vêem que
essa opção existe", diz Luiza.
Os programas
A CI tem dois programas voltados para pessoas mais velhas. O primeiro é um curso
de duas semanas em Alicente, na Espanha, que inclui atividades culturais e
sociais, além de excursões semanais. A segunda é um curso de inglês em
Bournemouth, no Reino Unido, também de duas semanas.
A STB possui cursos voltados àqueles com mais de 50 anos. O curioso é que, tanto
na CI quanto na STB, os clientes dessa faixa etária preferem os cursos
regulares, deixando um pouco de lado os cursos especiais para sua idade.
A gerente da CI acredita que isso ocorra porque, muitas vezes, os locais que os
intercambistas procuram não são cobertos pelos programas especiais. Além disso,
esses cursos ocorrem em datas limitadas. "Não é o ano todo", explica Luiza.
Curso regular ou não, o certo é que o intercâmbio para cinquentões é uma
oportunidade única de aprimorar o idioma, descortinar como é a vida em outro
país, descobrir uma nova cultura e conhecer lugares e pessoas diferentes.
Certamente, a maturidade é uma vantagem, que propicia aproveitar ainda mais a
experiência internacional.