Descobrir quais são os próprios valores é a chave da
satisfação profissional. "O autoconhecimento é o segredo para a motivação
intrínseca, aquela que se auto-alimenta, sem precisar de recompensas", diz o
consultor internacional em desenvolvimento humano e organizacional, Nicolai
Cursino.
Formado em engenharia, para justificar a afirmação, Nicolai contou a própria
história. Trabalhava em uma grande empresa e sempre começava algo e não
terminava, não tinha foco e não sabia realmente do que gostava. "Só seguia o que
as pessoas falavam: que era importante ter sucesso, ter dinheiro e ser líder".
Cansado da situação, começou a se questionar. Resultado: largou tudo e começou a
trabalhar com pessoas, por meio de terapia e consultoria. "Tinha a crença de que
não conseguiria fazer isso, porque era engenheiro. Depois que descobri meus
valores, vi que eu consigo fazer qualquer coisa bem", afirma.
Conhecimento e julgamento
De acordo com ele, o conhecimento dos próprios comportamentos pode ser adquirido
sozinho, mas está submetido a um julgamento próprio. "Tem sim como a pessoa se
autoconhecer sem ajuda. Vai ser por meio de experiências e da observação
interna, mas todos temos um outro eu que faz o julgamento das atitudes tomadas".
"O auto-julgamento é viciado nas crenças, mas não impede que a pessoa melhore",
completa. Ele ainda afirmou que não é a mesma coisa do que outra pessoa apontar
quais os padrões de comportamento, porque é o próximo que capta as atitudes
inconscientes.
Para que entenda melhor, ele deu o seguinte exemplo: uma pessoa que acha que é
tímida vai a uma festa e tem uma multidão disposta a interagir. Ela, porém, terá
uma série de comportamentos para acreditarem que é tímida, como não falar muito
e com o menor número de pessoas possível. Ela tende a fazer isso e vai sair de
lá com a certeza de que é tímida, mesmo tendo conversado com uma pessoa que não
conhecia.
Exercício de se conhecer
Cursino afirmou que existem infinidades de ferramentas e maneiras de se
autoconhecer. "As experiências de relacionamentos são ótimas, porque uma
situação acontece uma, duas, três vezes e a pessoa se dá conta de que é um
padrão de comportamento dela". Mas essa interação pode esbarrar no julgamento do
próximo, que também tem crenças.
O mais indicado, portanto, é fazer uma análise com um especialista. Ele fará uma
observação do comportamento: não irá falar que a pessoa está agressiva, mas
indicar que elevou o tom de voz.
"O primeiro passo é verificar quais são os padrões de comportamento da pessoa,
que ela nunca percebeu antes. Depois, ela deve jogar para o consciente e aí terá
condição de fazer uma análise mais imparcial do próprio comportamento, e se
autoconhecer", afirma.
Ajuda no trabalho
Para Cursino, o autoconhecimento ajuda muito no relacionamento com os demais
colegas de trabalho. "Ela vai perceber que, se uma pessoa é boa ou ruim, é
apenas um julgamento dela e isso já vai modificar muito suas atitudes".
Depois de analisado o próprio padrão de comportamento, a pessoa tem a
possibilidade de mudar. "É uma escolha dela".