Carreira / Emprego - Processo de criação: como funciona a mente do profissional criativo?
A capacidade de inventar o inusitado e fugir dos padrões é um dom
inestimável. A competição acirrada entre empresas, na qual sobrevivem apenas as
mais originais e inovadoras, trouxe à tona a necessidade de um tipo peculiar de
profissional: o visionário, que enxerga longe, assume riscos e acredita que as
regras existem para serem mudadas. Ele sempre tem emprego e, por vezes, acaba
sendo alvo de disputa no mercado.
O que diferencia o profissional visionário dos demais? A criatividade e a
coragem para fazer diferente, não importa o tamanho da tarefa. Não fossem os
criativos, inúmeras companhias, de diversos ramos, não estariam no topo do mundo
dos negócios.
Engana-se quem pensa que apenas profissionais do ramo de tecnologia ou
comunicação precisam de criatividade. Sem exceção, todas as profissões requerem
inventividade. Com ela, é possível agilizar processos, criar produtos, mudar o
design da loja, conquistar clientes na hora da venda, administrar recursos e
finanças, elaborar campanhas publicitárias e encontrar soluções onde,
aparentemente, só há problemas.
Como funciona a mente do criativo
De acordo com o doutor em Ciência da Computação, Antônio Mendes da Silva Filho,
o processo criativo requer três habilidades do ser humano: análise, síntese e
mapeamento. A primeira se refere à capacidade de avaliar e pensar de forma
crítica, o que resulta em um "raciocínio convergente", no qual idéias, opiniões
e possíveis soluções são ponderadas.
O "raciocínio convergente" pode ser entendido como um refinamento da análise, em
que o indivíduo criativo seleciona idéias com potencial para exploração e
desenvolvimento. Embora pareça um processo ordenado, está longe de ser. "O
processo criativo é desordenado e todos somos criativos, uns em maior e outros
em menor grau", explica.
A segunda habilidade é a síntese, que diz respeito à capacidade de criar, com
base em idéias já existentes. À primeira vista, indivíduos criativos enxergam o
que as demais pessoas têm dificuldade perceber. Na realidade, eles têm a
habilidade de descobrir coisas novas, fazendo conexões de idéias aparentemente
não relacionadas.
De acordo com Silva Filho, os profissionais criativos possuem uma técnica de
resolução de problemas: eles agrupam elementos que parecem diferentes e
irrelevantes ao problema. "Há neles um constante interesse em aperfeiçoar
produtos e idéias."
Curiosidade
"Pessoas criativas, em geral, possuem enorme curiosidade sobre muitas coisas e
mostram-se sempre interessadas em questionar quase tudo, senão tudo. Elas também
demonstram interesse por áreas não relacionadas e são capazes de inventar coisas
a partir de idéias desconexas, sem qualquer relacionamento lógico", afirma o
especialista.
Isso significa que a criatividade é um dispositivo ligado o tempo inteiro, e que
uma idéia pode surgir durante uma caminhada, uma conversa ou uma ida ao cinema.
Essa é a terceira fase: a do mapeamento. A habilidade de mapear abstrações em
algo concreto, real e prático é componente chave no processo criativo.
No entanto, uma vez concebida a idéia, chega o momento da comunicação. É
necessário vender a idéia. Em outras palavras, é importante "ter raciocínio
prático, mostrar o diferencial da idéia, seu valor real e que de fato funciona".
Essa é uma missão maior ao profissional criativo que, felizmente, pode ser
aprendida com o tempo.
Bloqueio do processo criativo
Às vezes, o indivíduo criativo padece de falta de idéias. É vital lembrar que
pessoas criativas são orientadas ao risco e, de maneira geral, têm um perfil
especulativo e empreendedor. Elas trazem consigo uma motivação própria, que
serve para catalisar o desenvolvimento de idéias. Porém, essa motivação pode ser
bloqueada, por exemplo, por conta do estilo autoritário e ultrapassado de seu
líder.
Também é importante ressaltar que o indivíduo necessita de tempo ilimitado para
criar. "Impor limitações de tempo para o desenvolvimento de idéias pode ter um
efeito contrário", diz Silva Filho. Profissionais que passam o dia sob constante
e acirrada vigilância tendem, da mesma maneira, a bloquear a criatividade.
Existem ainda outros motivos, como medo de errar, impaciência, preconceito,
falta de compromisso e apoio financeiro, receio de mudanças, vaidade,
insegurança e intolerância. Deve ser por conta desses fatores que algumas das
inusitadas dicas do especialista para ser criativo são demonstrar uma espécie de
humor não compreendida pelos demais e apresentar soluções que soam
imprevisíveis, futurísticas e até esquisitas.
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