Filhos - Com limite de gastos, cartão adicional para os filhos é uma ferramenta de educação financeira
O cartão de crédito já conquistou o brasileiro. Até o final de julho, havia
101,7 milhões deles em circulação em todo o país, de acordo com o Itaucard. A
tendência é de que este número aumente e, aos poucos, o dinheiro em espécie seja
menos usado. Por isso, é preciso ensinar as novas gerações a usar o plástico e,
para isso, bancos oferecem cartões adicionais que permitem controle dos gastos.
Dessa forma, ele passa a ser um instrumento de educação financeira.
No Bradesco, com as bandeiras Visa e Mastercard, o correntista deve avisar
quanto será permitido desembolsar com o plástico. No Itaú, para um maior
controle, além da limitação, o banco oferece as despesas discriminadas
separadamente na fatura. Ciente da importância desta medida, o HSBC informou
estar desenvolvendo um processo de implementação da limitação para cartões
adicionais.
O controle se faz necessário quando pensamos que as mesmas transações que são
realizadas pelo cartão principal podem ser feitas no adicional, como saques,
compras e até mesmo empréstimos. Pensando nesta total liberdade, o Bradesco
passou a permitir aos correntistas inibir as operações que não deveriam ser
realizadas. Dessa forma, fica mais fácil controlar os gastos dos filhos.
Por que e quando dar um cartão aos filhos?
De acordo com o professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), José
Eroni Fernandes, a sociedade está se habituando a usar o dinheiro de plástico.
Por isso, trabalhar somente com o dinheiro em espécie pode não ser muito
positivo para as crianças, que devem se acostumar com a característica do cartão
de anestesiar a dor de gastar.
"O cartão de crédito é como uma anestesia para a dor de gastar. Se você pegar R$
100 em dinheiro do bolso e comprar algo, você sente que gastou. Com o cartão,
não sente. Então, ele estimula o gasto", explicou o professor. Esta falta de
percepção do consumo, com o plástico, deve ser trabalhada com os filhos.
Dar um cartão de crédito nas mãos de uma criança deve ser uma atitude bem
pensada, para que o plástico se torne uma ferramenta de educação financeira.
Antes de tomar a decisão, não basta analisar a idade de seu filho, mas a
maturidade dele. "Menos de 12/13 anos não é válido porque ele ainda é muito
novo. Porém, a questão da idade cronológica é muito difícil. Hoje, tem
adolescente de 12 anos super maduro. Tem que entender a maturidade, não dá para
ir só pela idade cronológica".
Outro ponto a observar antes de dar um cartão ao jovem é a atitude dele com
relação ao dinheiro. "Se tem comportamento bom com o dinheiro, pode dar o
cartão. Agora, se o filho acaba com a mesada em espécie logo na primeira semana
do mês, dar um cartão não seria positivo antes de educá-lo financeiramente",
explicou Fernandes.
A tentativa falha quando...
Antes de dar o cartão, coloque todas as regras para o seu filho. Ensine-o a
usá-lo. "Tem que trabalhar com limites. Gastou, gastou! Não tem mais. O cartão é
um ótimo instrumento de educação financeira, dependendo da forma como for
conduzido", disse Fernandes, que ainda se lamentou do fato de nenhuma escolar
ensinar como cuidar do nosso dinheiro.
Questionado sobre quando o cartão deixa de ser uma ferramenta de educação
financeira, ele afirmou quando começa a ser motivo de conflito. O professor de
finanças orientou aos pais que, para fazer esta análise, deve-se esperar, ao
menos, três meses.
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