Introdução
Todo mundo que viaja para o exterior acaba usando moedas estrangeiras.
Normalmente, os turistas compram dólares norte-americanos e, se não for viajar
para os Estados Unidos, tem que trocar pela moeda do país: pesos argentinos,
libras esterlinas ou ienes japoneses. Caso tenha feito isso, você viu as taxas
de câmbio em ação. Mas você compreende como elas funcionam?
Provavelmente você ouviu o repórter financeiro no noticiário da noite dizer
algo como: "o dólar caiu com relação ao iene hoje ou o real subiu em relação ao
dólar". Mas você sabe o que isso significa?
Neste artigo, vamos falar sobre o que são as taxas de câmbio e explicar
alguns dos fatores que podem afetar o valor da moeda nos países em todo o mundo.
O custo do dinheiro
As moedas nacionais são muito importantes para a maneira como as economias
modernas operam. Elas nos permitem expressar, de forma consistente, o valor de
um item pelas fronteiras dos países, oceanos e culturas. Precisamos das taxas de
câmbio porque a moeda de um país nem sempre é aceita em outro. Você não pode
entrar em uma loja no Japão e comprar um pedaço de pão com francos suíços.
Primeiro, você teria de ir a um banco e comprar um pouco de iene com seus
francos suíços. Uma taxa de câmbio é simplesmente o custo de uma forma de moeda
em outra forma de moeda. Ou seja, se você trocar 1 franco suíço por 80 ienes,
estará apenas comprando uma forma diferente de dinheiro.
Você pode expressar essa taxa de câmbio como:
1 franco suíço = 80 ienes
O que significa que um franco suíço custa 80 ienes.
Uma breve história das taxas de câmbio
Durante séculos, as moedas do mundo eram trocadas por ouro. Ou seja, uma moeda
em papel emitida por qualquer governo do mundo representava uma quantia real de
ouro guardada em um cofre desse governo. Nos anos 30, os EUA determinaram o
valor do dólar em um nível único e invariável: 28,57 gramas de ouro valiam US$
35. Depois da Segunda Guerra Mundial, outros países basearam o valor das suas
moedas no dólar americano. Como todos sabiam quanto de ouro valia um dólar
americano, então o valor das outras moedas com relação ao dólar pôde ser baseado
no seu valor em ouro. Uma moeda valia duas vezes a mesma quantidade de ouro que
um dólar americano, portanto também valia dois dólares americanos.
Infelizmente, o mundo real da economia transpôs esse sistema. O dólar
americano sofreu com a inflação (seu valor relativo às mercadorias que poderia
comprar diminuiu), enquanto outras moedas passaram a ser mais valiosas e mais
estáveis. Por fim, os EUA não puderam mais fingir que o dólar valia tanto quanto
antes. O valor foi oficialmente reduzido para que 28,57 gramas de ouro valessem
então US$ 70. O valor do dólar foi cortado ao meio.
Finalmente, em 1971, os EUA acabaram com o padrão do ouro. Isso significou que o
dólar não representava mais uma quantia real de uma substância preciosa. As
forças do mercado sozinhas determinaram seu valor.
Hoje, o dólar americano ainda domina muitos mercados financeiros. Na verdade,
as taxas de câmbio são expressas com freqüência em termos de
dólares americanos. Atualmente, o dólar americano e o euro somam cerca de 50% de
todas as transações de câmbio de moedas no mundo. Ao acrescentar as libras, os
dólares canadenses, os dólares australianos e o iene à lista, a soma é de mais
de 80% de todos os câmbios de moedas.
Métodos de câmbio
Encontre um sistema flutuante
Você pode ver um sistema flutuante no trabalho. Nos últimos meses, as
mudanças nas economias dos EUA e do Canadá fizeram com que o dólar
canadense passasse a valer mais. Durante anos, um dólar canadense valia
cerca de 65 centavos. Desde o começo de 2003, ele subiu para 75
centavos. Dê uma olhada na seção de economia do seu jornal ou verifique
uma calculadora de taxas de câmbio na Internet e observe você mesmo o
aumento do valor do dólar canadense. No momento, os economistas não têm
certeza de quanto ele vai subir. |
A taxa de câmbio flutuante
Há dois sistemas principais usados para determinar a taxa de câmbio de
uma moeda: moeda flutuante e moeda estável.
O mercado determina uma taxa de câmbio flutuante. Ou seja, uma moeda vale o
quanto os compradores estão dispostos a pagar por ela. Isso é determinado
pela oferta e demanda, que, por sua vez, são determinadas
pelo investimento estrangeiro, taxas de importação/exportação, inflação e um
conjunto de outros fatores econômicos.
Em geral, os países com mercados econômicos desenvolvidos e estáveis irão
usar um sistema flutuante. Na prática, todos os grandes países usam esse
sistema, incluindo os EUA, o Canadá e a Grã-Bretanha. As taxas de câmbio
flutuantes são consideradas mais eficientes, já que o mercado irá corrigir de
maneira automática a taxa para refletir a inflação de outras forças econômicas.
Atualmente, o Brasil usa a taxa de câmbio flutuante.
Contudo, o sistema de flutuação não é perfeito. Se a economia de um país
passar por uma instabilidade, um sistema de flutuação não irá incentivar o
investimento. Os investidores poderiam ser vítimas das grandes oscilações nas
taxas de câmbio, assim como de uma inflação desastrosa.
A taxa de câmbio estável
Um sistema fixo, ou estável, é onde a taxa de câmbio está
determinada e é mantida artificialmente pelo governo. A taxa será estável para o
dólar de algum outro país, em geral, o dólar americano. A taxa não irá flutuar a
cada dia. No Brasil, durante vários anos (principalmente nos anos 80), esse foi
o sistema adotado.
O governo tem de trabalhar para manter sua taxa fixa estável. O banco
nacional deve contar com grandes reservas de moeda estrangeira para minimizar as
mudanças na oferta e na demanda. Se uma demanda repentina de uma moeda
aumentasse a taxa de câmbio, o banco nacional teria de liberar uma quantia
suficiente dessa moeda no mercado para atender a demanda. Há também a
possibilidade de comprar moeda se uma demanda baixa estiver reduzindo as taxas
de câmbio.
O Forex, ou Foreign Exchange Market (Mercado de Câmbio
Estrangeiro), é o mercado financeiro mais lucrativo do mundo. Todos os
dias, mais de US$ 1 trilhão em moeda trocam de mãos.
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Os países que têm economias potencialmente instáveis, em geral, usam um
sistema estável. Os países em desenvolvimento podem usar esse sistema para
evitar que a inflação fuja do controle. Entretanto, o sistema pode sair pela
culatra se o valor do mercado do mundo real da moeda não for refletido pela taxa
estável. Nesse caso, pode surgir um mercado negro, onde a moeda
será comercializada no seu valor de mercado, sem considerar a estabilidade do
governo, como aconteceu em várias ocasiões no Brasil. As pessoas que iam viajar,
por exemplo, compravam parte do dólar pela taxa do governo (chamado aqui de
dólar turismo) e outra parte pelo câmbio negro, para completar os gastos.
Quando as pessoas percebem que sua moeda não vale tanto quanto a taxa estável
indica, elas podem correr para trocar seu dinheiro por outras moedas mais
estáveis. Essa poupança pode acarretar um desastre econômico, já que a
inundação repentina de uma moeda nos mercados mundiais faz com que a taxa de
câmbio fique muito baixa. Portanto, se um país não cuidar muito bem da sua taxa
estável, poderá ter uma moeda desvalorizada. O dólar no Brasil foi, nos tempos
de recessão e hiperinflação, uma forma concreta de poupança.
Híbridos
Na realidade, poucos sistemas de taxa de câmbio são 100% flutuantes ou 100%
estáveis. Os países que usam uma taxa estável podem evitar pânicos no
mercado e desastres inflacionários através de uma estabilidade
flutuante. Eles estabilizam sua taxa com relação ao dólar americano
e essa taxa não flutua a cada dia. Entretanto, o governo analisa
periodicamente sua estabilidade e faz pequenos ajustes para mantê-la de
acordo com o valor real do mercado.
No Brasil, por exemplo, onde o sistema é considerado flutuante, é comum o
governo intervir (ofertando ou comprando mais dólares) para manter uma taxa de
câmbio que interessa para sua política econômica e, assim, manter o real estável
e conter especulações que aumentem outros indicadores econômicos como a
inflação.
Os sistemas flutuantes não são deixados por conta das forças do mercado. Os
governos que usam taxas de câmbio flutuantes fazem mudanças na sua política
econômica nacional que podem afetar as taxas de câmbio, direta ou indiretamente.
Cortes de impostos, mudanças na taxa de juros nacional e tarifas de importação
podem alterar o valor da moeda de um país, mesmo se o valor flutuar
tecnicamente.
Da próxima vez que você viajar para o exterior e trocar seu dinheiro pela
moeda de outro país, lembre-se de que as forças econômicas no mundo ajudaram a
determinar a taxa de câmbio. Na verdade, ao trocar moedas, você é uma dessas
forças econômicas, afinal também está ajudando a determinar a taxa de câmbio.
Embora esse sistema funcione muito bem na maior parte do tempo, nem sempre
ele é a melhor solução.
O euro
Em 1º de janeiro de 2002, o euro tornou-se a única moeda de 12 estados membros
da União Européia, passando a ser a segunda maior moeda no mundo, considerando o
dólar americano como a primeira. Até hoje, esse foi o maior acontecimento da
moeda na história do mundo. Doze moedas nacionais desapareceram completamente e
foram substituídas pelo euro. Hoje, são 13 os países europeus que usam a moeda.
A primeira semente de uma moeda comum foi plantada em 1946, quando Winston
Churchill sugeriu a criação dos "Estados Unidos da Europa". Seu objetivo era
principalmente político. Ele esperava que um governo unificado trouxesse paz a
um continente que tinha sido separado por duas guerras mundiais.
Embora o euro seja basicamente uma ferramenta para aumentar a solidariedade
política, ele também tem um efeito econômico de unificar as economias dos países
participantes.