Carro / Veículo - Economia de 20% no preço da gasolina pode gerar despesa de até R$ 5 mil
Nos postos da cidade de São Paulo, o consumidor pode encontrar
uma variação de até 20% no preço da gasolina: enquanto alguns estabelecimentos
vendem o litro a R$ 2,159, em outros a mesma quantidade custa R$ 2,699.
O mesmo pode ser observado no preço do álcool combustível, cujo valor varia até
37%: de R$ 0,999 a R$ 1,599. Quem não fica tentado a economizar um dinheirinho e
acaba indo naquele posto com o preço menor? Mas muito cuidado: o barato pode
sair caro, seguindo o dito popular. O motivo? Adulteração de combustível, que
compromete seu carro e pode gerar custos de até R$ 5 mil em reparações.
Preço seguro
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de
Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia, a
pessoa deve ficar atenta a qualquer estabelecimento que venda o litro da
gasolina a menos de R$ 2,41 ou o do álcool a um valor inferior a R$ 1,41.
Dentro desses valores estão embutidos os custos e o lucro da distribuidora e dos
próprios comércios. "A gasolina hoje, sem lucro nem nada, chega da distribuidora
ao posto por R$ 2,02", explicou Gouveia. Segundo ele, R$ 0,12 é a média de ganho
de quem fornece o produto. Portanto, o litro chega ao posto valendo R$ 2,14.
A revendedora, por sua vez, precisa de R$ 0,27 de ganho sobre a mesma quantidade
para conseguir arcar com suas despesas básicas e ainda obter lucro. "Com isso o
preço na bomba, para ser seguro, deve ficar em cerca de R$ 2,41 a R$ 2,45",
adicionou o sindicalista.
O mesmo ocorre com o derivado de cana-de-açúcar, com uma diferença de R$ 1, já
que ele chega à distribuidora a R$ 1,02.
Probabilidade de adulteração
Mas o que isso quer dizer? Como alguns postos conseguem revender a preços
inferiores a esses? Na avaliação de Gouveia, não é possível empregar um valor
altamente competitivo sem que o estabelecimento acabe ficando no vermelho.
Resultado: maior probabilidade de adulteração. "Esses são os vinagreiros",
adicionou.
Danos no motor
"Não compensa querer economizar com isso de jeito nenhum. Porque no final é uma
economia que sai cara", avaliou um dos coordenadores técnicos da Escola Senai
Conde José Vicente de Azevedo, Mauro Alves.
Segundo ele, o combustível adulterado causa danos que podem requerer desde um
serviço leve de limpeza do motor (que dificilmente é encontrado por menos de R$
300) a sua retífica geral. Dependendo do modelo, podem ser gastos até R$ 5 mil.
Essa despesa, alertou Alves, vale tanto para álcool quanto para gasolina
adulterados.
Mais consumo de combustível
Além disso, antes de ter de efetuar reparos no veículo, o motorista sofre com
outro problema: o combustível adulterado normalmente gera uma perda no
desempenho do motor, o que faz com que seja necessário mais energia para fazer a
engrenagem funcionar. Resultado: mais consumo de álcool ou gasolina.
Apesar de frisar que não existe um estudo oficial sobre isso, essa queima
incompleta pode gerar uma perda de 10% a 20% da capacidade do combustível. "Esse
total é feito com base na prática", salientou o coordenador do Senai.
"A pessoa vai sentir muito no bolso, porque vai gastar mais na hora de abastecer
e pode até precisar substituir alguns componentes", explicou.
Tipos de adulteração
Segundo Alves, são encontrados os seguintes tipos de adulteração de combustível:
- Muito álcool: O governo permite que até 23% da gasolina seja
composta por álcool anidro. Os veículos, normalmente, não sentem diferença
até 25% dessa proporção. "Mas é muito comum encontrar postos que vendem o
combustível com até 30% do anidro", explicou o coordenador do Senai,
lembrando que esse tipo de álcool possui menos incidência de impostos, o que
barateia o seu preço final e aumenta os lucros do adulterador.
- Solvente: Nesse caso são feitas aplicações industriais de mistura
de solvente ao combustível;
- Álcool molhado: o álcool com o qual se abastece o carro é o
hidratado. O que acontece é que algumas revendedoras acabam misturando mais
água à composição do que o permitido, gerando o conhecido como álcool
molhado, que é mais em conta para quem vende, mas prejudica quem compra.
Preço abusivo
Para o presidente do Sincopetro, contudo, não se pode afirmar que existe um
preço considerado abusivo para os consumidores. "A localização dos postos
influencia muito no total de gastos, então alguns precisam empregar preços
maiores que outros", explicou.
Como exemplo ele citou uma revenda do Jardins. No bairro, além de o aluguel ser
mais caro, tributos como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU),
funcionários e outras despesas acabam sendo maiores.
"Não dá para comparar com o preço cobrado em Carapicuíba, por exemplo. Existem
os custos agregados", finalizou.
Sintomas
Fique atento ao seu veículo. Quando o combustível utilizado é adulterado, o
desempenho do carro cai e dá sinais de que é melhor trocar de posto. Veja alguns
sintomas:
- motor falhando;
- perda de potência;
- partidas "engasgadas";
- aceleração lenta;
- o veículo "morre" com freqüência.
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