Na novela Insensato Coração, os personagens Raul (Antônio Fagundes) e Carol
(Camila Pitanga) vivem uma relação de trabalho conturbada. Um dos motivos deles
discordarem tanto pode ser a questão da líder ter menos idade do que o seu
liderado. Mas não é somente nas telinhas que situações como estas acontecem: na
vida real, elas são mais comuns do que se imagina.
O headhunter da De Bernt Entschev Human Capital, Sérgio Souza, explica que a
escolha de um líder mais jovem está diretamente relacionada com a maturidade e
não com os anos de atuação no mercado de trabalho.
“Existem jovens que são mais maduros que pessoas mais velhas. Além disso, no
mundo atual, estes jovens ocupam cargos de decisões estratégicas. Muitos têm uma
boa formação e estudaram fora”, acrescenta.
Já o gerente de Projeto do Grupo Foco, Rudney Pereira Junior, acrescenta que
esta liderança também é associada a merecimento. “O cargo é ocupado por
meritocracia e não por idade”, diz.
Como resolver os atritos
Nesta relação de trabalho, os atritos acontecem por erro de ambas as partes.
O profissional mais experiente muitas vezes não acata as ordens do chefe, por
considerá-lo inexperiente. Já o líder pode errar por ser muito ansioso e
acreditar que a pessoa mais “velha” não tenha o mesmo ritmo e energia do que
ele.
Para resolver esta situação, é fundamental uma mudança de postura. Segundo
Souza, o liderado mais velho tem de ter paciência com as atitudes do gestor mais
novo. “Ele tem de entender que este jovem tem um conhecimento que é complementar
ao seu”, acrescenta.
Já os chefes têm de saber separar as expectativas, além de conhecer e
respeitar estes profissionais mais experientes e seu time. “Se ele sair
atropelando tudo para atingir seus resultados, ele mostra que não está pronto
para liderar. É importe ouvir, trazer para si o resultado vivenciado pelo
outro”, diz.
Tendência
Aprender a lidar com estas questões será cada vez mais necessária no mercado
de trabalho, pois, segundo Pereira Junior, ter chefes mais novos será cada vez
mais comum no ambiente corporativo.
“A vida útil das pessoas está aumentando. Hoje, são quatro gerações
convivendo no mercado de trabalho. E a frequência de ter líderes mais novos é
maior. Por isso, esta relação deve ser baseada na transparência, no
companheirismo e no respeito, em todos os aspectos”, finaliza o especialista.