As pessoas que fazem carreira em cargos de liderança estão sendo denominadas
de machos alfa e fêmeas dominantes, por especialistas no assunto. Estamos
falando de profissionais que estão sempre em busca da vitória e da consecução de
objetivos, custe o que custar. É aí que surge o problema: ninguém consegue tudo
que deseja. E esses executivos são demasiadamente pressionados e, não raro,
ameaçados de demissão.
"Por mais que o executivo se sinta no topo, sempre há uma pessoa acima dele. É
uma constatação amarga: perceber que, todos os dias, busca-se a vitória, mas com
medo perpétuo da derrota. A questão leva o executivo a desejar resultados mais
rápidos, a ficar com 'raiva' de determinado funcionário que não está ajudando, a
querer demitir um monte de gente, e até 'matar' o cliente. Mas ninguém pode agir
por impulso e os desejos acabam sendo reprimidos. Essa repressão é uma das
causas da infelicidade", explica o diretor da consultoria BPI do Brasil,
Gilberto Guimarães.
Motivos
Ameaças de demissão e a pressão por lucro, por sua vez, fazem com que os
executivos trabalhem em excesso, em detrimento da vida pessoal. O pior é que
essa insatisfação é um "mal contagioso", nas palavras do diretor. "Ele é
pressionado, sofre para obter os resultados, e acaba pressionando seus
subordinados, que, por sua vez, pressionam seus subordinados", explica.
Na opinião de Guimarães, de maneira geral, a insatisfação causadora da
infelicidade se origina nos desejos e o seu término somente pode ser obtido por
meio da cessação dos desejos. Além disso, a competitividade que faz parte da
vida do executivo faz com que ele crie muita expectativa com relação a si mesmo.
Perspectivas
A primeira saída procurada por executivos é a alienação, mas essa não é uma
possibilidade que cabe. "Não fazem parte do cotidiano do executivo os momentos
de alienação. Um estagiário pode se satisfazer com a vitória do seu time de
futebol. Um executivo, geralmente, não. Ele se satisfaz com facetas da vida mais
profundas, com as artes e a cultura, ou encontrando novas disputas em que possa
ganhar, como novos amores. A personalidade desses líderes está ligada à vitória
e ao poder."
Uma solução mais certeira apontada por Guimarães é o coaching, uma consultoria
que até se confunde com uma espécie de terapia para executivos e que mostrará
como usar o trabalho para atingir objetivos intrínsecos na personalidade, e não
aqueles criados ou impostos pela sociedade, como o poder.