No Brasil, comprar um carro é o sonho de quase todos os brasileiros. Mesmo 
com o trânsito caótico das grandes cidades, o conforto não se compara aos meios 
de transporte coletivos, que vivem lotados e cheios de problemas. 
Porém, mesmo sem muito dinheiro, os consumidores costumam adquirir o bem por 
meio de financiamentos longos, geralmente de 60 parcelas. “O automóvel é o sonho 
do brasileiro, ele tem gosto pelo produto e, por isso, muitas vezes se submete a 
pagar juros mais altos por mais tempo, mas com uma parcela que caiba no bolso”, 
explica o presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das 
Montadoras), Décio Carbonari de Almeida. 
Troca
“O consumidor deve trocar de carro sempre que desejar e souber que tem 
condições para isso, porém, a partir dos 50 mil quilômetros, as manutenções do 
carro passam a ficar mais caras”, explica Almeida. 
Com três anos, para o presidente, o carro já tem valor de troca. “O 
consumidor leva esse carro financiado como parte do pagamento do novo carro. 
Tornou-se comum, principalmente nos financiamentos mais longos, trocar o carro 
com três anos”, completa. 
De acordo com Almeida, para quem compra um carro seminovo, a meta é comprar 
um carro zero. “Já quem compra um carro zero sempre quer ter um carro novo”, 
completa. 
Valorização x desvalorização
De acordo com o presidente, em média, os brasileiros trocam de carro a cada 
três anos. “Quem tem mais recursos troca antes, mas quem tem menos espera um 
pouco mais, mas mesmo assim dificilmente fica com o carro por mais de três 
anos”, afirma. 
Segundo Almeida, o carro seminovo no Brasil é muito valorizado, 
diferentemente do que acontece na Europa, por isso, a troca de carro no País é 
mais intensa. “Na Europa, a população costuma ficar com o carro por mais de seis 
anos, pois o preço do seminovo por lá é bem menor. Na Europa o consumidor usa o 
carro até o fim”, completa. 
No Brasil, um carro de três anos perde 25% do seu valor de tabela, enquanto 
na Europa o veículo com a mesma idade perde mais de 50%. “Na Europa, por 
exemplo, é possível alugar um carro novo com seguro e financiado por 99 euros 
[por mês]. Essa facilidade faz com que os europeus tenham desapego ao bem. Ter o 
veículo já não é tão importante”, compara. 
“Na década de 70, comprar um carro no Brasil era investimento, por isso que o 
brasileiro adquiriu esse comportamento de trocar de carro com frequência. Já 
hoje em dia existem outros investimentos, mas o carro virou um objeto de 
desejo”, afirma o presidente da Anef.