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Negócios / Empreendedorismo - Como funciona o capital de risco 

Data: 08/11/2007

 
 
Quando você começa um novo negócio, precisa de dinheiro para fazê-lo decolar. Precisa de dinheiro para alugar ou comprar um espaço, móveis e equipamentos, materiais de escritório e também precisa pagar os funcionários. Há vários lugares onde você pode conseguir o dinheiro que um novo negócio demanda:
  • poupança - você pode financiar seu negócio com sua poupança
  • bootstrapping - em alguns negócios mais simples, é possível usar este método. Bootstrap significa começar um negócio com pouco investimento e então usar o lucro de cada venda para fazer a empresa crescer. Funciona bem no setor de serviços, no qual as despesas iniciais costumam ser baixas e não são necessários funcionários pra começar
  • empréstimo bancário - você pode pedir dinheiro emprestado a um banco, no caso da micro e pequena empresa existem algumas opções diferentes. 
Os três métodos têm limitações, a menos que você já seja um indivíduo rico. A quarta maneira de conseguir dinheiro para começar um negócio é chamada Capital de Risco. Com ele você consegue obter grandes quantias de dinheiro que vão sustentar negócios com custos iniciais altos ou que requerem um rápido crescimento. Esses fundos começaram recentemente a entrar no Brasil. 

Você já deve ter ouvido falar de Investidores Institucionais de Risco (Venture Capitalists) que fundam empresas pontocom e financiam todo tipo de negócio. A abordagem clássica que uma empresa de capital de risco usa é abrir um fundo. Um fundo é um conjunto de recursos que a empresa vai investir. Ela junta dinheiro de pessoas ricas, empresas, fundos de pensão, etc.

A empresa vai então levantar uma quantia fixa de recursos com o fundo - digamos, US$ 100 milhões. Ela investe os US$ 100 milhões em algumas empresas - por exemplo, 10 a 20 negócios. Cada empresa e cada fundo têm um perfil de investimento. Por exemplo, um fundo pode investir em estreantes da área de biotecnologia, ou em empresas pontocom que estejam em busca de uma segunda rodada de financiamento. O fundo pode ainda tentar um mix de empresas que estejam se preparando para abrir capital (através de uma oferta primária de ações) nos próximos seis meses. O perfil que o fundo escolhe tem certos riscos e recompensas que os investidores conhecem quando investem o dinheiro.

Tradicionalmente as empresas de capital de Risco investem todo o fundo e então estimam que todos os investimentos serão compensados em 3 a 7 anos. Ou seja, a empresa de capital de risco espera que cada empresa na qual ela investiu ou "abra o capital" (o que significa que a empresa venderá ações em uma bolsa de valores), ou seja comprada (adquirida) por outra empresa. Nos dois casos, o dinheiro que entrar com a venda de ações para o público ou para uma empresa permite que a empresa de capital de risco ganhe dinheiro e devolva os rendimentos para o fundo. Quando todo o processo é concluído, o objetivo é ganhar mais que os US$ 100 milhões investidos no início. O fundo então é redistribuído para os investidores com base no valor que cada um investiu no início.

Digamos que um fundo de capital de risco invista US$ 100 milhões em 10 empresas (US$ 10 milhões em cada). Algumas dessas empresas terão muito sucesso, outras, na verdade, não vão a lugar algum, mas algumas vão abrir capital. Quando uma empresa abre seu capital, geralmente vale centenas de milhões de dólares, e o fundo tem um bom retorno. Para um investimento de US$ 10 milhões, o fundo deve receber de volta algo em torno de US$ 50 milhões em um período de 5 anos. Ou seja, o fundo de capital de risco se baseia na lei da média: conta com o fato de que as empresas que deram certo (as que conseguem sobreviver e abrem o capital) vão compensar as que não deram certo e gerar um bom retorno sobre os US$ 100 milhões levantados pelo fundo no começo. A habilidade da empresa de capital de risco para escolher e sincronizar seus investimentos é um fator importante para o retorno do fundo. Os investidores geralmente buscam retorno de investimento anual em torno de 20%.

Do ponto de vista da empresa que recebe o investimento, a transação funciona assim: a empresa é aberta e precisa de dinheiro para crescer, então ela procura empresas de capital de risco para investir em seu negócio. Os fundadores da empresa criam um plano de negócio que mostra o que eles pretendem fazer e o que eles acreditam que acontecerá com a empresa num determinado tempo (quanto tempo ela levará para crescer, quanto dinheiro vai gerar, etc.). Os investidores avaliam o plano e, caso gostem dele, investem dinheiro na empresa. A primeira rodada de investimento é chamada de capital inicial. Com o tempo, a empresa geralmente recebe outras 3 ou 4 rodadas de investimento antes de abrir o capital ou ser adquirida.

Em troca do dinheiro que recebe, a empresa dá aos investidores ações e também parte do controle da tomada de decisões. A empresa pode, por exemplo, dar à empresa de capital de risco uma vaga na diretoria. Ou a empresa pode concordar em não gastar mais do que US$ X sem a aprovação do investidor. Pode ser que a empresa também precise da aprovação do investidor para contratações de pessoal, empréstimos, etc.

Em muitos casos, a empresa de capital de risco oferece mais do que dinheiro. Por exemplo, ela pode ter bons contatos no mercado ou muita experiência que ela pode passar para a empresa.

Um ponto importante que é discutido na negociação quando um investidor de risco investe em uma empresa é: "quantas ações a empresa de capital de risco deve receber em troca do dinheiro que investiu"? Esta pergunta é respondida quando um valor é estabelecido para a empresa. O investidor e a empresa têm que chegar a um acordo sobre quanto a empresa vale. Esta é a avaliação pré-investimento. Então a empresa de capital de risco investe os recursos, criando uma avaliação pós-investimento. O aumento percentual no valor determina quantas ações a empresa de capital de risco recebe. Em geral, o investidor institucional recebe algo em torno de 10% a 50% do capital da empresa em troca do investimento. Pode ser mais, ou menos, mas esta é a faixa típica. Os acionistas iniciais são diluídos no processo: antes do investimento, eles têm 100% do capital; se a empresa de capital de risco fica com metade da companhia, os acionistas iniciais ficam com a outra metade.

Empresas pontocom geralmente usam o capital de risco para começar, pois precisam de muito dinheiro para propaganda, equipamento e funcionários. Precisam de propaganda para atrair visitantes, e precisam de equipamento e funcionários para compor o ambiente físico. A quantia de dinheiro necessária para publicidade e a velocidade com que as coisas mudam na internet podem tornar o bootstrapping impossível. Por exemplo, muitas das empresas pontocom de e-Commerce geralmente consomem de US$ 50 a 100 milhões até chegarem ao ponto de poder abrir o capital. Até metade desse dinheiro pode ser gasto com propaganda!



 
Referência: hsw.uol.com.br
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