Vocês gastaram demais no cartão de crédito, estouraram no cheque especial e,
para completar, depararam-se neste mês com os gastos para conserto do carro da
família. Olhando o orçamento fora de controle, não têm a menor dúvida: o período
é mesmo de vacas magras.
Nesta hora, sentem a necessidade de chamar os filhos a participar: falam das
contas, das despesas que precisam ser cortadas... Essa é a melhor hora para
educar financeiramente as crianças?
Acima de tudo, coerência
A resposta é não, se você for começar agora a educação financeira do seu
filho. O ideal é que estes conceitos façam parte do cotidiano dele de forma
natural, e não como uma avalanche em um momento de dificuldade, como se a
criança pudesse solucionar o problema.
A situação piora ainda mais se não houver coerência no discurso. Cássia D´Aquino*,
especialista em Educação Financeira, exemplifica: "é muito comum os pais
discursarem sobre finanças nos momentos de dificuldade e, após o período de
vacas magras, gastarem mais do que o necessário, adquirindo itens supérfluos, e
perdendo, portanto, a oportunidade de transmitir a importância do planejamento,
do hábito de abrir mão do consumo hoje, em prol de algo mais importante no
futuro (maturidade financeira).
Considerando-se que as crianças aprendem muito pelo exemplo dado pelos pais, é
preciso constantemente vigiar suas atitudes e hábitos. Você tem sido
financeiramente responsável? Cássia D´Aquino orienta: quem tem dinheiro deve ter
responsabilidade para administrá-lo.
Alerta
A especialista alerta ainda sobre a forma como os pais agem em determinadas
situações. "Hoje existe, em algumas famílias, certa inversão de papéis. As
crianças são tidas como adultas nas situações e horas erradas, e colocadas
diante de problemas que não têm condição de resolver (com quem ficar diante da
separação dos pais, por exemplo)", declarou.
O mesmo acontece diante de decisões de consumo de grandes proporções, como a
escolha do novo apartamento ou do modelo do carro a ser comprado, por exemplo.
"Muitas pesquisas têm apontado essa tendência", esclarece. "Temos que dar aos
nossos filhos a condição de resolver problemas e opinar sobre questões do
tamanho deles", alertou Cássia.