Quanto mais responsabilidade adquirida, maior a dificuldade em
administrar conversas difíceis, afirma especialista americano
Conversar bem é uma arte denominada por poucas pessoas.
Engana-se, porém, quem pensa que as pessoas ansiosas ao falar, principalmente
quando as conversas são consideradas difíceis, não podem chegar ao patamar do
"bom falante". Basta aprender a lidar com o obstáculo, uma técnica que pode ser
exercitada desde casa. É o que afirmou o consultor norte-americano Douglas
Stone, co-autor de "Difficult Conversations, ou Conversas Difíceis", traduzido
para 19 idiomas, e renomeado palestrante na Harward Law School (Estados Unidos),
em evento promovido pela HSM Management, em São Paulo.
Para ele, as conversas difíceis rondam todos os departamentos
e hierarquias. Afirmou que a maioria das pessoas acredita que ao subirem
hierarquicamente, elas ficam para trás. "É um engano, pois quanto mais
responsabilidade adquirida, maior a dificuldade em administrar diálogos
difíceis", enfatizou, ao lembrar que o segredo para se dar bem está em saber
dominar a ansiedade, ter informações suficientes pata tomada de decisões e saber
como se comportar em situações e conversas nada favoráveis.
De acordo com o palestrante, saber dosar a voz interna com os
sons externos garante o sucesso em um diálogo supostamente complicado. "É
preciso sincronizar nosso entendimento com o outro, sem esquecer de darmos
atenção à voz interna, ou seja, aquela que funciona como uma pequena emissora de
rádio dentro de cada um", destacou.
Para exemplificar, pediu que duas pessoas lessem,
simultaneamente, matérias diferentes de jornais. A idéias era que, com a mistura
das vozes, ninguém entendesse o que falavam. "Quando uma pessoa está falando,
vocês ouvem duas vozes: a da pessoa e a sua, interna. Por isso, prestem atenção
na segunda. Quanto maior a brecha entre o que pensamos e dizemos, maior a
dificuldade de entendimento, pior a explanação, péssima a vivência", enfatizou.
Fórmula
De acordo com Stone, a lida correta com os desafios depende de saber:
- Superar diferenças - Em um ambiente coletivo, ser curioso não significa
achar que o outro está certo, e sim entendê-lo.
- Gerenciar o fluxo de informações - Visualize como e quando as
informações são importantes e, principalmente, de onde elas surgem. É
importante, também, saber qual sua contribuição em um ambiente coletivo. Stone
ensinou que não se pode apontar os defeitos dos outros sem apresentar a causa
deles nem se isentar de atitudes passadas. "As conversas difíceis aparecem de
opiniões e pressupostos. Por isso, saiba a base de sua informação para, depois,
propagá-la corretamente", afirmou.
- Dar más notícias - Exige cuidado redobrado, já que o autor da
informação pode sofrer, inconscientemente, uma retaliação. "Divulgar uma notícia
ruim compromete nossa imagem. Não conseguimos ver nossa expressão, o que
significa dizer que, nessas horas, precisamos aprender a nos comportar,
principalmente se estivermos ocupando cargos de grande importância", ensinou.