Nos últimos anos, o termo mentoring passou a fazer parte do dia-a-dia do
universo corporativo e, cada vez mais, vem conquistando a simpatia entre
executivos e lideranças. E por que será que isso vem ocorrendo? Se pararmos para
observar essa metodologia com um pouco mais de atenção, vamos entender o motivo
de todo esse destaque. O mentoring passou a ser utilizado pelas empresas porque,
em alguns casos, se tornou uma ferramenta mais completa do que os tradicionais
treinamentos.
Na prática, é um processo que estimula a reflexão sobre a tomada de decisão,
além de dar apoio ao indivíduo na revisão ou na análise de seu comportamento.
Auxilia ainda a repensar em como o profissional pode alcançar os objetivos
almejados, agregando valor à performance e aos resultados de suas ações. Vale
salientar que o papel do mentor é acompanhar o desempenho do profissional e
orientar, conseqüentemente, o seu desenvolvimento. Para alguns executivos ou
líderes, esse tem sido o melhor caminho para aprimorar tanto a vida profissional
quanto pessoal, uma vez que ambas acabam se interligando naturalmente.
Como não existe empresa sem conflito, o mentoring também se tornou um forte
aliado na valorização dos relacionamentos interpessoais e da comunicação. E isso
é fácil de ser justificado. Como esse processo trabalha o comportamento das
pessoas, é capaz de identificar onde o profissional está errando com sua equipe
e como pode reverter essa situação, além de orientá-lo em como se posicionar e
defender sua visão em determinadas situações. Por outro lado, é bom lembrar que
como todo esse conjunto de ações práticas resulta em mudanças, torna-se
necessário que tanto o mentoriado quando a empresa, onde o mesmo atua, estejam
dispostos a adotar novos comportamentos e terem receptividade aos processos de
mudanças. Sem isso, o trabalho nunca irá gerar os resultados esperados e será
"perda de tempo".
Segundo Chip R. Bell, autor do livro Mentor e Aprendiz - Líderes
Bem-Sucedidos Ajudam Seus Colaboradores a Crescer e se Adaptar, Editora M.
Books, as organizações estão aprendendo que o crescimento dos colaboradores é a
chave para a retenção dos talentos. "Um estudo mostra que 38% de todos os
profissionais que não passam por um processo de mentoring, em menos de um ano
buscam uma nova oportunidade em um novo emprego. Estudos mostram ainda que os
profissionais que passam pelo processo de mentoring são promovidos mais
rapidamente", comenta. Vale salientar que o escritor já prestou consultoria e
atuou como treinador em empresas de peso como IBM, Microsoft, Merrill Lynch,
Ritz-Carlton, State Farm, Chevron, Lockheed-Martin, Pfzer, Lucent,
Harley-Davidson, Victoria's Secret e muitas outras grandes organizações.
Através de sua experiência, o Chip R. Bell afirma que ao colocar em prática o
mentoring, o líder mostra que se preocupa com os membros de sua equipe e o
reflexo desse trabalho torna os profissionais mais abertos às mudanças e
encoraja a criatividade e a inovação dentro das companhias - características
fundamentais para empresas que querem se tornar competitivas no acirrado
mercado. Dentre as características que ele defende e considera fundamental para
um mentor, destaca a presença de humildade, curiosidade e coragem. Nesse
contexto, também se encontra a importância da valorização do feedback, pois esse
pode ser considerado peça-chave para o sucesso do processo. Essa última
característica do mentoring deve ser sempre uma constante , uma vez que auxilia
o entendimento mútuo - entre mentor e mentoriado - dos valores e trocas de
experiências. O feedback amplia ainda a consciência do profissional que recorre
ao mentoring, porque desperta os valores trabalhados na sua vivência.
Para defender seu posicionamento em relação ao mentoring, o escritor
baseia-se na abordagem CADE - ceder, aceitar, e expandir, pois para manter os
melhores profissionais em sua equipe, o líder precisa aprender a atuar como
mentor e essas competências tornam-se indispensáveis para o dia-a-dia de uma
liderança. Chip R. Bell afirma que existem algumas abordagens inovadoras para se
conduzir o mentoring e que hoje há ótimas ferramentas de auto-avaliação para a
liderança medir seus próprios pontos fortes ou fracos. Com isso, o mentor poderá
reavaliar seu trabalho e corrigir eventuais falhas que estejam comprometendo os
resultados esperados. "Penso que ajudar pessoas a aprender é uma necessidade
essencial para os líderes da atualidade", conclui.