A presença de pais e filhos nos negócios têm sido cada vez mais observada no
mercado de trabalho. A situação costuma ser evidente em empresas cuja
administração se encontra sob o comando de algum membro ou até mesmo do próprio
chefe de uma família. Afinal, costuma ser dele a iniciativa de empregar os
filhos nos negócios.
A atitude, que normalmente tem caráter educativo e também profissional, tende
a ser promissora. De jovens inexperientes, aptos apenas para cargos de base, os
garotos não demoram a assumir postos mais sólidos - uma vez que se mostram mais
maduros e responsáveis para vagas de confiança.
Tal favorecimento costuma ser mais comum do que se possa imaginar e disto,
Vicente Gomes entende bem. Administrador de uma franquia da rede China House no
bairro do Tatuapé, em São Paulo, o empresário de 51 anos conta com a ajuda de
seu filho, Arthur Rodrigues, há cerca de oito anos.
“No início meu filho atuava mais em cargos operacionais, no atendimento
direto de clientes, por exemplo. Com o passar do tempo ele foi ganhando novas
atribuições e, hoje, aos 20 anos, ele já é subgerente do negócio”, informa o
pai.
Segundo ele, hoje o filho não só possui mais maturidade, mas também está
melhor preparado para administrar a franquia. “O fato de cursar economia
favorece, pois ele aplica na prática o aprendizado que tem na graduação
universitária”, diz Gomes.
Diferencial em foco
A ajuda dos filhos pode trazer uma visão positiva para o empreendimento,
segundo Milton Marino.
O empresário, que é franqueado do Rei do Mate há cinco anos, conta com a
ajuda de seu filho, Marco Aurélio, na operação da loja. “Atendemos muitos jovens
e ele se dá bem com toda a clientela”, afirma.
De acordo com Marino, a interação do jovem vai além do atendimento da loja,
sendo ele o responsável pela participação da empresa nos eventos. “Ele trabalha
comigo há três anos e gosta de eventos. Tem muita criatividade para montar
stands e colaborar com ideias”, conta Marino.
Negócio de peso
Assumir desde cedo os negócios ao lado do pai pode parecer muito vantajoso
para quem não possui esta oportunidade, mas para quem as têm, é fato que tamanha
responsabilidade pode assustar. “É complicado ser gerente com tão pouca idade,
especialmente quando se é filho do dono. Conseguir o respeito dos funcionários é
mais difícil, justamente pela presença desse vínculo familiar”, diz Arthur
Rodrigues, da China House.
Outro ponto nada favorável são os poucos momentos de folga, afinal, trabalho
é trabalho mesmo quando se está em casa. “É impossível fugir das discussões
sobre negócios dentro de casa. Alguns assuntos precisam ser resolvidos e
aproveitamos a ocasião”, conta Rodrigues.
Aprendizado constante
A divisão das responsabilidades em um negócio pode favorecer não apenas a
relação familiar, mas também proporcionar um aprendizado único aos jovens.
“Acredito que este processo traga mais maturidade aos filhos. Eles aprendem
na prática de onde vem e o quanto é duro ganhar dinheiro ”, informa Gomes. “Além
disso, tal experiência pode prepará-los para o futuro, onde o conhecimento
adquirido pode ser empregado em um negócio próprio”, completa.
A opinião é compartilhada por Rodrigues, que afirma ter ampliado seus
conhecimentos na empresa do pai. “Entendo mais sobre as relações trabalhistas e
a contabilidade da empresa. Isso sem mencionar a parte prática, fundamental para
um bom desempenho neste tipo de trabalho”.