Alcançar e até mesmo superar as metas traçadas pela organização. Este, a
princípio, seria um dos principais objetivos de qualquer equipe que deseja
apresentar um bom desempenho. Mas para que isso seja possível, é preciso que os
líderes estejam atentos à "saúde" da corporação. É necessário que as lideranças
fiquem em "estado de alerta" para identificar os sintomas de uma enfermidade que
pode comprometer a sobrevivência do negócio: a chamada apatia corporativa.
Apontada como uma das responsáveis pela desmotivação dos colaboradores, a
apatia corporativa vem chamando a atenção dos profissionais de Recursos Humanos.
"Ela é uma doença organizacional que se caracteriza pela sensação de letargia,
desinteresse, abatimento moral ou físico, falta de ânimo, de coragem e de ação
entre os colaboradores e que acaba refletindo-se nas relações internas e
externas, nas operações, no ambiente e até nas condições gerais das instalações
e equipamentos", afirma o consultor especializado em Gestão Estratégica, Carlos
Alberto Zaffani.
Segundo ele, inúmeros fatores podem ser apontados como sendo os causadores da
apatia corporativa. Os sintomas, complementa Zaffani, podem ser ocasionados
tanto por questões internas, quanto externas ao ambiente de trabalho. Em relação
aos funcionários, ele aponta como responsáveis pela "doença" o desequilíbrio no
contexto familiar, condições de vida, remuneração insuficiente para satisfazer
às demandas básicas, violência urbana, nível de espiritualidade, educação, falta
de perspectiva e medo em relação ao futuro.
Por outro lado, a apatia corporativa também pode surgir em decorrência de
fatores ligados aos dirigentes como, por exemplo, falta de sensibilidade,
ausência de abertura e de diálogo com os colaboradores, centralização de poder,
egocentrismo, individualismo, visão de curto prazo, inexistência de metas claras
ou objetivos mal conduzidos, ética questionável e exteriorização de riqueza ou
poder.
"Outros fatores que também estão relacionados aos dirigentes são os níveis de
espiritualidade e de educação.
No que se refere ao mercado de atuação, destacaria a qualidade e atuação da
concorrência, mercado informal, excessiva capacidade ociosa, baixa demanda dos
produtos ou serviços e remuneração e benefícios abaixo do mercado", complementa
Zaffani. No que se refere à cultura organizacional, o consultor afirma que, em
princípio, esta poderia contribuir para a manifestação da "enfermidade", mas que
se a empresa preservar valores como ética, moral, respeito ao ser humano, à
sociedade e ao meio ambiente, maiores serão as chances de imunidade ou de
tratamento contra a apatia.
"Tenho observado que muitas organizações contraem a doença e convivem com
ela, durante anos. Na maioria das vezes, isso se torna possível quando a empresa
atua num mercado com forte demanda. No entanto, é preciso ter em mente que a
apatia é como muitas doenças humanas nas quais, quando detectadas, já se
encontram em estado tão avançado que, quaisquer que sejam os tratamentos, a
recuperação será muito difícil ou até mesmo impossível. Em outras palavras, a
apatia corporativa pode levar uma organização à morte", destaca Carlos Zaffani.
De acordo com o consultor de Gestão Estratégica, não existe um mecanismo
específico para diagnosticar a apatia corporativa. Mas, a empresa deve ficar
atenta aos seguintes sintomas: instalações, em geral, mal conservadas; clientes
e fornecedores que não são atendidos adequadamente; comunicação precária entre
os funcionários; dirigentes com pouca acessibilidade; expressão facial das
pessoas denotando tristeza ou preocupação e grupos de colaboradores que se
dispersam com a aproximação de um superior.
Também são característica de uma empresa que sofre de apatia: má organização
de um modo geral; processos e controles inadequados ou insuficientes; lentidão
na solução dos problemas; divergências entre diretores/gerentes divulgadas
dentro da corporação; remuneração e benefícios muito abaixo dos concorrentes;
inexistência de planejamento ou quando há, são mal elaborados e não divulgados;
metas e objetivos não claros; inexistência de medidores de performance
apropriados e colaboradores sem acesso aos resultados.
Como nas enfermidades humanas, a profilaxia também é uma boa alternativa para
evitar a apatia corporativa. Para isso, Carlos Zaffani comenta que a empresa
pode adotar determinadas ações como realização de palestras de esclarecimento,
orientação, conscientização, motivação e auto-estima para seus colaboradores.
Em relação aos fatores internos, ele aponta a busca pelo aprimoramento dos
canais de comunicação em todos os níveis, aperfeiçoamento das relações humanas,
melhoria das condições gerais de trabalho, evidenciamento de práticas éticas e
de responsabilidade social, planejamento e estabelecimento de metas e objetivos
claros com divulgação de resultados avançados, disponibilidade de medidores de
performance factíveis e compreensíveis que possam ser acompanhados por todos e
incentivo às atitudes pró-ativas e ao desenvolvimento espiritual.
No que diz respeito à atuação do profissional de RH, no combate à apatia
corporativa, Zaffani salienta que este também tem um papel fundamental para
impedir o surgimento da "doença", devendo sempre estar atento aos primeiros
sintomas da mesma.
"Embora reconheçamos que, muitas vezes, o RH tem poderes limitados nas
organizações, tal fato não deve redundar na aceitação pura e simples das
circunstâncias, mas isto sim, deve servir como um estímulo a mais para firmar
sua posição estratégica e fundamental para sucesso de qualquer empreendimento",
finaliza.