Até que ponto a chegada da terceira idade pode influenciar a criatividade e o
desempenho do trabalhador? Este é um questionamento que alguns profissionais de
Recursos Humanos podem estar fazendo, neste exato momento, ao terem que analisar
e avaliar profissionais dentro da empresa que atuam. Mas para responder esta
pergunta, é preciso que o profissional de RH leve em consideração algumas
observações.
Segundo Gisela Kassoy, consultora e especialista em Criatividade e
Administração de Mudanças, é necessário observar que existem vários tipos de
criatividade. Para facilitar a compreensão, ela cita o pesquisador inglês
Michael Kirton que criou o conceito de criatividade adaptadora para a
criatividade que se conforma com as regras e procura soluções dentro delas,
típicas dos programas de qualidade. Por outro lado, a mudança de paradigmas é
fruto da criatividade inovadora que transcede ou questiona regras ou
procedimentos. Neste sentido, as diferenças são mais individuais e dependeriam
de outras variáveis além do fator idade.
No entanto, quanto à administração de mudanças, a consultora acredita que os
jovens levam mais vantagem. E acrescenta: "estamos falando de gerações cujos
pais ou parentes próximos possam ter casado e descasado várias vezes ou talvez
tenham mudado de profissão ou cidade. Um estudo de Harvard comprovou que uma
infância cheia de mudanças estimula a criatividade. Afinal, há aprendizado
melhor do que a própria vida?".
A motivação que a empresa oferece ao empregado é outro item que não deve ser
esquecido. Do ponto de vista pessoal, explica Gisela Kassoy, é bom que o
trabalhador, ao alcançar a terceira idade, seja estimulado a viver este outro
estágio da vida. Se, por exemplo, a empresa estimula o funcionário a deixar um
legado, mesmo estando próximo da aposentadoria, estará fazendo um bem para
ambos.
É bom lembrar, que nem sempre um funcionário antigo precisa de um estímulo
especial para permanecer participativo e criativo. A experiência que ele possui,
dá recursos e autoconfiança para que tente novos caminhos. Para quem tem muito
tempo de casa, o risco é achar que já sabe das respostas. Neste caso, o
empregado precisaria de novos desafios para fugir da rotina.
Por outro lado, a empresa deve estar também atenta para o funcionário no
início de carreira. O jovem precisa receber segurança de duas formas. A primeira
seria a psicológica, ligada a auto-estima e a outra objetiva, que seria fruto da
definição clara do que é esperado dele, até onde pode inovar e dar sugestões. Se
o jovem funcionário tiver paciência, logo poderá observar as diferenças entre
teoria e prática, para a partir daí começar a gerar idéias próprias.
- O funcionário novo costuma estar altamente motivado. O que tolhe sua
criatividade é a arrogância que tenta encobrir sua insegurança. Já vi muito
estagiário se comportar como dono da verdade, repetindo seus professores ou
livros até ser considerado chato e "bola-fora", comenta Gisela Kassoy.