Adquirir a própria casa é um sonho que pessoas do mundo todo desejam
conquistar. Porém, na ânsia de ter um lar, muitos consumidores levam em conta os
baixos preços, como o condomínio mais barato, e esquecem de verificar se as
manutenções são feitas regularmente.
"Um condomínio barato não necessariamneto é negativo, pois o síndico pode ter
feito algumas manutenções preventivas de forma planejada", explica a gerente de
produtos e parcerias da Lello Condomínios, Raquel Tomasini.
Todo edifício tem vida útil e precisa de reformas e melhorias regulares e,
quando elas não são feitas ou são realizadas de forma irresponsável, os
moradores vão gastar muito mais no futuro. "Os condomínios que não fazem a
prevenção podem ser mais baratos agora, mas o problema pode se tornar muito
maior e custar mais caro", alerta a engenheira.
A dica dela é que os consumidores verifiquem com o zelador se o prédio faz as
manutenções regulares em bombas de recalque, interfone, portões, etc. Além
disso, visualmente dá para perceber se o prédio é bem cuidado ou não.
Síndico, um homem de negócios
Raquel ainda dá algumas dicas para que o síndico não erre na hora de fazer
alguma reforma. "A primeira orientação que damos é que se conheça efetivamente o
problema. Apesar de o síndico não ser técnico especializado, é importante que
ele busque um profissional para ajudá-lo", destaca.
Ela vê o aparecimento de uma nova figura de síndico, uma pessoa que cada vez
mais traz a visão de negócio para o prédio. Por isso, muitos deles procuram
fazer a prevenção, conciliando-a com gastos menores.
“Pessoal de prédio gosta de coisa barata”, pondera o diretor de condomínio da
Aabic (Associação de Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São
Paulo), Omar Anauate.
Por isso, ele também aconselha que a escolha por uma empresa que vai fazer a
obra não seja baseada no baixo preço, mas que se faça muita pesquisa prévia,
como conversar com outros síndicos e verificar obras realizadas pela firma,
decidindo por aquela que atue com certo profissionalismo. “Uma empresa que topa
qualquer negócio vai fazer qualquer negócio no seu prédio”, alerta Omar.
Retrofit e a valorização do seu apartamento
A engenheira Raquel explica que, dentro da área da construção, Retrofit se
refere às reformas de modernização do edifício, bem como de segurança e para
criar melhorias. "Desde mudar a parte elétrica, até reformas na fachada, em uma
sala de ginástica e a troca de móveis para o hall", exemplifica.
Para a profissional, uma reforma é sempre algo positivo para o edifício e
traz valorização para o imóvel. No caso de haver dois edifícios na mesma rua,
com a mesma metragem dos apartamentos, mas um tiver a fachada reformada e o
outro não, o primeiro será mais bem visto.
"Varia muito, mas o valor do imóvel pode chegar a uma variação de 15%. Um
prédio bem cuidado é um atrativo para quem está comprando", afirma Raquel.
Diferentes obras
O Código Civil estabelece três tipos de obras que são feitas em edifícios,
lembra Omar. São elas:
- Obras necessárias: são aquelas, por exemplo, para combater
infiltração, degradação e arrumar pastilhas que estão caindo. Para
aprová-las, é necessário fazer uma assembleia e ter aprovação da maioria dos
presentes.
- Obras úteis: trazem benefício e valorizam o prédio, mas não têm
urgência. São exemplos as churrasqueiras, jardim e reforma na entrada. É
necessária a aprovação da maioria dos condôminos.
- Obras voluptuosas: referem-se ao embelezamento e requinte, como
troca de imóveis e decoração em geral. Para aprovação, são necessários dois
terços dos moradores.
Obras que pesam no bolso
De acordo com Omar, as obras que mais pesam no orçamento do prédio são
aquelas feitas na fachada dos edifícios e também as de impermeabilização, já que
é necessário remover todo o piso do térreo e depois recolocar tudo.
Além disso, é importante fazer regulares manutenções nas instalações
elétricas e hidráulicas. É responsabilidade do edifício, por exemplo, mexer nas
colunas d´água que vão da caixa até o apartamento (enquanto que cada morador é
responsável por sua unidade).
Outra obra que custa bem caro para o condomínio, é a troca de elevadores
velhos por um sistema eletrônico. Já em relação às áreas de lazer, Omar
aconselha que piscinas, salas de ginástica, parquinho para crianças, entre
outros, recebam manutenção constante para não haver complicações.
Planejamento
Uma maneira de tentar reduzir os custos das reformas no edifício é fazer um
fundo de obras fixo, pois, com dinheiro em caixa, é possível negociar o preço
com a empresa e ainda não cobrar dinheiro a mais dos condôminos.
O problema, segundo Omar, é que às vezes a obra é muito grande e cara e o
dinheiro do fundo, insuficiente. Por isso, alguns prédios fazem fundos
temporários, para determinada obra.
De qualquer forma, Omar afirma que o importante é se planejar. Dessa forma, é
possível negociar preços, pesquisar com calma as empresas do mercado e ratear
dinheiro entre os moradores com antecedência, para amenizar os valores mensais.