Você sabe exatamente o que são as taxas de juros? Se você pensou naquele
percentual que a sua aplicação rende no mês, ou no sobrepreço cobrado pelo banco
quando você ultrapassa o limite do seu saldo e usa o cheque especial, acertou em
cheio! Os juros são, por definição, o preço do aluguel do dinheiro. Não
entendeu? Te explicamos nas próximas páginas.
O dinheiro é um produto como outro qualquer no mercado (como carros ou
eletrodomésticos, por exemplo), comercializado exclusivamente por instituições
financeiras. Todo produto tem seu preço. E todo preço sofre variação, ao sabor
da lei da oferta e procura.
O preço do dinheiroA lei da oferta e procura reza que quanto maior for a demanda por um
determinado produto, maior será o seu preço. O contrário também é válido:
quanto maior for a oferta de um produto, menor será seu preço.
Lei da oferta e procura
Imagine esta situação: você está
precisando de dinheiro e, por isso, decide vender seu carro. O preço é
R$ 25.000,00. Se ninguém se interessar, será necessário baixar seu valor
até que apareça algum comprador.
Entretanto, se aparecerem vários proponentes logo de início, você
poderá até elevar o preço do veículo, até que reste apenas um
interessado, e com isso, ganhar um “a mais”, concorda?
Apesar da existência de um custo de produção, os preços variam de
acordo com o número de produtos similares disponíveis no mercado e da
quantidade de interessados em adquiri-los - da oferta e da procura,
respectivamente.
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E já que todo produto tem seu preço, qual é o preço do dinheiro? São as taxas de
juros. E por que o termo aluguel? Porque dinheiro se empresta. Compreendeu
agora?
Portanto, quanto mais dinheiro os bancos têm para oferecer aos clientes,
menos eles cobram pelo empréstimo.
Risco
Mas não é só da lei da oferta e procura que são
feitos os juros. Sua precificação (definição do preço)
contempla diversas outras variáveis. Uma delas é o risco.
Risco tem a ver com a capacidade que um indivíduo tem
de honrar um compromisso assumido. Quanto maior for esta capacidade,
menor será o risco de empréstimo e, portanto, menor o valor dos juros
cobrados.
No mercado nacional, a taxa Selic é conhecida como a
taxa básica de juros. Isto significa que os títulos públicos são o
investimento mais seguro do País (mais seguro até mesmo do que a
poupança). Em nível internacional, os títulos do governo norte-americano
são considerados “livres de risco”, apesar de que na prática não existe
investimento sem risco. |
Aquecimento ou recessãoCom certeza você já ouviu falar na taxa Selic em noticiários econômicos,
bem como seu poder de impacto na economia. Mas por que ela é tão importante?
Para responder a pergunta, é preciso entender o contexto em que se insere a
taxa básica de juros da economia brasileira.
Toda nação possui uma política econômica. E toda política econômica possui
quatro segmentos básicos: fiscal, cambial, de rendas e monetário. O
cálculo do PIB, por exemplo, leva em conta cada um deles.
Quando falamos em taxas de juros, estamos nos referindo à política monetária,
que consiste, resumidamente, no controle da oferta da moeda e das taxas de juros
de curto prazo, com vistas à garantia da liquidez ideal para cada momento
econômico. As taxas de juros são, portanto, um instrumento para o exercício da
política monetária de um país.
Existem várias taxas de juros no mercado, entretanto, a mais importante
delas, que tem o poder de influenciar todas as outras, é a taxa Selic.
O que é Selic
A sigla Selic significa Sistema Especial de Liquidação e
Custódia. Trata-se de um sistema computadorizado, cujo
responsável é o Banco Central, ao qual apenas instituições financeiras
têm acesso.
O Selic é o depositário central dos títulos da dívida pública federal
interna. Ele registra todas as transações com duração de um dia útil
(chamadas de over-night, no jargão financeiro) entre bancos, lastreadas
exclusivamente em títulos públicos. Esses papéis são comercializados
diariamente entre os bancos, com a adição de um custo que representa os
juros.
O sistema calcula a média ponderada dos juros dessas transações. O
resultado do cálculo é conhecido como a taxa Over-Selic (ou seja, a
Selic para um dia útil). Anualizada, ela representa a tão falada taxa
Selic.
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Como foi explicado, a taxa Selic é gerada à partir de operações
interbancárias lastreadas em títulos públicos. É por este motivo, por
representar os juros dos títulos públicos (que são os de menor risco no mercado
brasileiro) que é considerada a taxa básica de juros da economia.
O governo, ao ajustá-la, aumenta ou diminui a oferta de moeda no mercado e,
teoricamente, mantém controle sobre os preços dos produtos e serviços. É uma
verdadeira “reação em cadeia”, que pode terminar em recessão ou aquecimento da
economia.
A Selic e outras taxas de jurosO sistema Selic foi criado no final 1979, com a função de organizar a troca
física de papéis da dívida e viabilizar uma alternativa à liquidação
financeira por meio de cheques do Banco do Brasil.
Dos idos de 1979 aos dias de hoje, muita coisa mudou. A começar pelo fato de
que as operações financeiras não mais são registradas em meio físico (isso
mesmo, tudo era feito à mão!). Atualmente o registro é eletrônico, zilhões de
vezes mais seguro.
A criação da taxa Selic é um pouco mais recente, a primeira meta foi
divulgada em 5 de março de 1999. Antes dela, para fins de política monetária, o
Copom fixava a TBC (Taxa Básica do Banco Central).
A taxa Selic é, portanto, uma referência para a economia brasileira.
A dinâmica da economia é mesmo contraditória. Suas variáveis estão todas
emaranhadas, são interdependentes. Qualquer movimento brusco pode resultar em um
caos econômico.
A diminuição da taxa básica de juros, como foi demonstrado, tem o poder de
aquecer a economia. E uma economia aquecida significa mais emprego, mais
salários e, portanto, aumento do consumo produtos e serviços.
E, de acordo com a lei da oferta e procura, quanto maior for a demanda,
maiores os preços de produtos e serviços. Em português claro? Inflação.
É por isso que a meta da Selic periodicamente desce-e-sobe (veja o movimento
no gráfico). O porquê disto? Se baixa demais, gera inflação: o governo é
obrigado a elevá-la novamente. Se permanece muito alta, o País entra em
recessão, a sociedade pressiona e o governo reduz novamente a taxa. E assim
caminha a economia..... brasileira.
O Copom
Na maioria das vezes em que ouvimos alguma notícia
relacionada a taxa Selic, aparece um tal de Copom no meio. Mas o que é o
Copom, afinal? É o Comitê de Política Monetária do Banco
Central.
O Copom foi instituído em 20 de junho de 1996 com o
objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a
taxa básica de juros. Sua criação tem a ver com a credibilidade e a
transparência do processo decisório de política monetária do País.
É um colegiado formado por diretores do BC, assessores
e chefes de departamento da instituição, cujo atributo é definir o
percentual da meta da Taxa Selic e a periodicidade em que ela é
ajustada. Para tanto, eles avaliam fatores econômicos internos (como a
projeção de inflação e do PIB) e externos (como os juros básicos dos EUA
e as taxas de câmbio). Apenas os diretores têm direito a voto.
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Além da meta Selic, o Banco Central do Brasil divulga outras taxas de juros, que
são utilizadas para a remuneração de diversas aplicações financeiras e
empréstimos do mercado nacional. São elas:
- TBF (Taxa Básica Financeira): A TBF foi criada com o
intuito de alongar o perfil das aplicações em títulos, através de uma
remuneração superior à TR. Sua remuneração é calculada pelo somatório de
captação de depósitos à prazo das 30 maiores instituições financeiras do
País, pelo período de 1 semestre. É divulgada diariamente.
- TR (Taxa Referencial): A TR foi criada, em 1995, para
ser uma taxa básica referencial dos juros a serem praticados no mês vigente,
e não um reflexo da inflação do mês anterior. Indexadora oficial dos
contratos com prazo superior a 90 dias, contudo, ela remunera também a
caderneta de poupança. A TR é calculada e divulgada pelo BC diariamente, em
função do volume de captação de CDB’s e RDB’s.
- TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo): A TJLP, como o
próprio nome indica, tem a finalidade de estimular investimentos de longo
prazo, como dos setores de infra-estrutura e de consumo. Sua remuneração,
crescente, é resultado da média ponderada entre inflação (medida pelo IPCA)
e o Risco-Brasil, que é um índice que mede o risco de investir no País.
Atualmente, a TJPL vem sendo aplicada na remuneração do PIS/PASEP, o FAT e o
Fundo da Marinha Mercante, e em linhas de empréstimos empresariais do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) como o Finame e o Finem.
No bolso do consumidorVocê deve estar se perguntando o que a Taxa Selic tem a ver com o seu
bolso. Simplesmente tudo. Ela tem o poder de influenciar as taxas de juros
oferecidas pelos bancos aos consumidores (empréstimos pessoais, cartão de
crédito e cheque especial). Não é difícil entender o porquê, veja abaixo.
Os bancos lucram através de empréstimos de dinheiro. O dinheiro é emprestado
tanto para o setor privado (pessoas e empresas), quanto para o governo. Lembra
da lei de oferta e procura? Quanto mais dinheiro em circulação, menor serão as
taxas? Pois bem.
Se o governo baixa a meta da Taxa Selic, todos as operações bancárias feitas
com o governo lastreadas na Selic perdem rentabilidade. O que acontece? Torna-se
mais interessante aos bancos emprestar dinheiro no mercado privado. Aumentando a
oferta de moeda, caem as taxas de juros de produtos bancários, como cartão de
crédito e o cheque especial. Caem mesmo? Veja o quadro abaixo.
Spread Bancário
Spread bancário é a diferença entre os juros que os
bancos pagam para captar dinheiro e os juros cobrados de quem toma
empréstimos dos bancos. Ingenuidade achar que esta diferença (o spread)
não é grande. A diferença, na verdade, é abissal.
Enquanto a meta da Selic gira em torno de 10 a 12% ao
ano, os juros cobrados no cartão de crédito, por exemplo, extrapolam a
barreira dos 120%. Assim, o spread é a principal maneira pela qual os
bancos ganham dinheiro. E muito.
Alguns especialistas são taxativos ao afirmarem que a
queda de 1 ponto percentual da meta Selic tem o poder de redução de 0,4%
nas taxas de juros bancários. Quase imperceptível...
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Desorientado? HowStuffWorks traz a você uma tabela comparativa entre a meta
da Selic e os juros cobrados nos principais produtos bancários do brasileiros.
Fique esperto na hora de contrair uma dívida e escolha a melhor para você.