O que é preciso saber para, de pouco em pouco,
ter um saldo bancário de 1 milhão de reais - e o que saber também para esse
dinheiro não sumir.
Você já imaginou fazer um plano para juntar 1
milhão de reais antes de se aposentar? Viver tranqüilo com os rendimentos da
poupança, deixar uma herança generosa para a família e desfrutar de tudo mais
que esse dinheiro, uma pequena grande fortuna até quando traduzido para dólar,
oferece - isso é realmente tentador. Mas ao mesmo tempo parece muito difícil.
Quase impossível. Parece, mas não é. Leva tempo, requer planejamento e
perseverança. Mas é, sim, viável.
Depois de ouvir diversos especialistas,
elaboramos os dez mandamentos que podem guiar um homem ao primeiro milhão. Você
pode entrar nessa. Acompanhe.
OS MANDAMENTOS DA FORTUNA
O que se deve fazer para chegar ao
primeiro milhão.
1º PASSO - MONTE UM DIAGNÓSTICO
O segredo do primeiro milhão é poupar um pouco
por mês e investir nos lugares certos. Antes de começar a corrida, considere
duas questões chaves: "Com que idade eu quero chegar lá?" e "Quanto eu posso
economizar por mês?" Se você já tiver algum dinheiro, melhor. Mas, mesmo
começando do zero, o cálculo será animador. Um exemplo: quem economizar R$ 300
de cada salário e fizer esse dinheiro render 1% ao mês, tornasse milionário em
menos de 30 anos. Trinta anos parecem uma eternidade - mas quando se chega aos
45 anos, por exemplo, se tem a impressão que daquele tempo de fazer gol nas
peladas da rua até agora tudo foi um salto, e um salto muitas vezes bastante
rápido. Na hora de fazer um balanço da vida o tempo adquire outra dimensão. E
mais - mesmo que pareça uma eternidade, convenhamos que é muito pior estar com a
conta zerada no banco depois que os 30 anos passarem. Voltando à conta do
milhão, no final do percurso você terá colocado no banco apenas R$ 100 mil. Os
juros foram os responsáveis pelos outros R$ 900 mil (veja tabela).
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O SEGREDO SÃO
OS JUROS |
Transformar-se num
milionário não é difícil - mas, como se deve imaginar,
também não é rápido. Preparamos a seguir uma tabela para
você acompanhar o processo. Nesta conta consideramos o
rendimento real de 1% ao mês, próximo ao dos fundos de
renda fixa. Repare como a maior parte da fortuna terá
vindo de rendimentos, não dos depósitos mensais.
Economia mensal |
Tempo para chegar a
R$ 1 milhão |
Quanto terá vindo
dos juros |
R$ 300 |
30 anos |
R$ 893.800 |
R$ 500 |
25 anos |
R$ 847.480 |
R$ 1.000 |
20 anos |
R$ 760.000 |
R$ 1.500 |
17 anos |
R$ 694.000 |
R$ 1.800 |
15 anos |
R$ 665.200 |
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Juntar R$ 100 mil pouco a pouco é uma meta bem
mais palpável do que pensar em pôr, nota após nota, R$ 1 milhão no cofre. O
Brasil tem as maiores taxas de juros do mundo - e isso, apesar de tudo, é bom
para quem investe.
2º PASSO - POR ONDE COMEÇAR
Os melhores lugares para fazer seu dinheiro
render são bancos de investimento, gestores de fundos e clubes de investimento,
que operam na bolsa de valores. No começo é melhor concentrar as economias num
lugar só. Bons investimentos exigem um certo capital inicial.
Duas dicas de ouro nessa hora. Primeira: pesquise
muito, muito mesmo, e descubra qual a menor taxa de administração que você pode
conseguir. Ela pode variar de 5% a 0,2% e fará toda a diferença no ritmo com que
o bolo vai crescer. Segunda: se você acha que pode economizar R$ 700 por mês,
não coloque tudo na poupança do milhão. Ponha lá R$ 500, deixando R$ 200 numa
poupança paralela que será usada para realizar sonhos ao longo do caminho - como
o de trocar de carro e de apartamento. Da poupança do milhão, nada sairá até que
ela tenha atingido a meta do número 1 seguido de seis números zero à direita.
3º PASSO - RESISTA À DECEPÇÃO
Os primeiros passos vão ser bem chatos. Imagine
que você resolva economizar R$ 300 de cada salário. No primeiro mês, você
deposita os R$ 300, consegue uma taxa razoável de 1% e, no mês seguinte,
descobre que seu fantástico montante agora é de R$ 303. Não desanime. Lembre-se
que esse é um investimento de longuíssimo prazo. O ato de poupar começa a fazer
sentido a partir do quinto ano. Sua conta estará na casa dos R$ 30.000 e então,
a cada mês, além dos R$ 300 que você colocar nela, o banco colocará mais R$ 300.
Na linguagem técnica, a evolução da sua fortuna se dará de forma exponencial.
Trocando em miúdos, quanto mais o tempo passa, maior será seu prazer ao conferir
os rendimentos. Por isso muitos economistas recomendam que no começo da jornada
se coloque o máximo que puder na conta. Isso pode encurtar bastante o caminho ao
pote de ouro.
4º PASSO - MUDE SEU COMPORTAMENTO
Este conselho vale para qualquer um, com ou sem
pretensões a milionário: consumir deve ser um ato que faça sentido nele próprio,
não um ato que dá sentido à vida. O nobre objetivo de chegar ao primeiro milhão
exige algumas decisões, como abrir mão daquele tênis que todo mundo da academia
já comprou ou parar de almoçar todo dia em restaurante bacana. "No começo é um
sacrifício. Depois, poupar vira um vício", incentiva Gustavo Cerbasi, autor do
best-seller Casais Inteligentes Enriquecem Juntos.
5º PASSO - REAVALIE SEU RENDIMENTO
Quanto mais dinheiro você tem mais rendimentos
esse dinheiro deve gerar. Uma poupança recheada permite pechinchar uma taxa de
administração menor entre gerentes de bancos e gestores de recursos. "A melhor
opção de investimento do ano passado nunca será a melhor do próximo ano", ensina
Cerbasi. Para cuidar de valores menores os gestores provavelmente cobrarão uma
taxa de administração em torno de 4%, mas quando a poupança chegar na casa dos
R$ 300 mil essa taxa deverá ser de 0,3%.
6º PASSO - NÃO DESPREZE A INFLAÇÃO
O monstro da inflação continua sob controle, mas
não está morto. Ou seja, ter 1 milhão de reais hoje não vai significar a mesma
coisa daqui a 20 anos. Para não se decepcionar depois é importante fazer
avaliações anuais da mordida da inflação. Em vez de poupar um valor fixo pormês,
é melhor guardar sempre, por exemplo, 5% do contracheque. Dessa forma, você
consegue compensar com sobras a alta dos preços, já que a fase de poupar
provavelmente irá coincidir com o auge profissional.
7º PASSO - IGNORE A TENTAÇÃO
Vai ter um momento em que a poupança, já na casa
das centenas de milhares de reais, começará a seduzi-lo. Seja forte. Nessa hora
o melhor é não enxergar o montante, e sim os rendimentos que ele está trazendo.
Ou seja, se a conta já está com R$ 500 mil, esqueça este numerão e lembre-se que
a bolada está colocando, no mínimo, R$ 5 mil por mês na sua conta. É nesse
momento que muitos acham que devem comprar uma casa própria. Atenção: para quem
pensa em poupar, viver no aluguel pode ser uma idéia muito melhor que comprar um
imóvel. A conta é simples. Se o dinheiro que ia ser usado para comprar a casa
for aplicado, dá para pagar o aluguel e ainda sobra uma boa grana. Isso porque o
aluguel varia entre 0,5 e 0,8% do valor do imóvel, e um investimento razoável
rende bem mais que isso.
8º PASSO - A HORA DO CONSULTOR
Quando a bolada estiver entre R$ 400 mil e R$ 500
mil chega a hora de entrar em campo o administrador financeiro. "Diversificar o
investimento é uma regra quase tão antiga quanto o próprio dinheiro", filosofa
Adriana Aguilar, autora de A vida como ela é, só que com mais dinheiro. Neste
momento, os investimentos podem se espalhar de tal forma que fica impossível
manejá-los sozinho. Este profissional não é absolutamente indispensável, mas
multiplica os rendimentos e facilmente compensa aquilo que cobra (em média, uma
taxa anual de 1%).
9º PASSO - MANTENHA-SE INFORMADO
Para saber qual é o chão mais fértil para plantar
seu dinheiro, dedique meia hora do dia para se informar sobre finanças. Parece
enfadonho, mas esse é um costume muito prezado pelos ricos. Hoje em dia este
tipo de informação está bem traduzido para o português real. A seção de economia
de um jornal pode ser parecida com os classificados: você lê pela primeira vez,
percebe que está cheia de oportunidades e começa a ler sempre. Todo mês de
janeiro, revistas e cadernos especializados fazem prognósticos para o ano que
começa.
10º PASSO - A CHEGADA
Parabéns, você juntou seu primeiro milhão. Agora
vem a parte fácil, certo? Não exatamente. Uma pessoa pode poupar 1 milhão de
reais e mesmo assim não garantir uma aposentadoria tranqüila. Isso acontece se o
padrão de vida subir demais e com isso nem os rendimentos da poupança milionária
forem suficientes para pagar as contas - afinal, com 1 milhão ou não na
carteira, as contas continuam caindo sobre nossa cabeça, e precisam ser pagas.
"Na hora de pensar no quanto essa bolada vai render, use cálculos conservadores,
porque é impossível saber como as coisas vão estar em 20 anos", aconselha
Adriana, do livro A vida como ela é... Seja como for, parabéns de novo - você
acabou de entrar no seletíssimo clube de homens com 1 milhão de reais no país.