A redução dos postos de trabalho na maioria dos países é inegável, quando se
leva em conta a desproporcionalidade entre aumento da população econômica ativa
e dos postos de trabalho.
Várias são as explicações para esse fenômeno, onde as mais importantes são: a
automatização da indústria, o processo de globalização, o baixo nível de
educação da população e a obsolescência do conhecimento.
Existe uma divisão acadêmica quanto à visão do mercado de trabalho e suas
implicações. Uma vertente acusa o sistema produtivo de abandonar os
trabalhadores excluídos da sociedade do conhecimento, que se aglutinarão em
guetos, reivindicando trabalho, rendimentos, vida digna e valorização social.
Tal previsão se assemelha muito com os conflitos sociais ocorridos na França,
que se explicava não só de um caso de exclusão social de imigrantes, mas uma
conseqüência do caos do desemprego que assola a sociedade francesa, bem como dos
principais países desenvolvidos da Europa. No Brasil, tal fenômeno tem sido
ocultado pelo significativo crescimento da economia local, que proporciona um
impacto direto na criação de empregos e novas nas oportunidades em segmentos
inexplorados ou o surgimento de empregos pelo crescimento atual da economia.
A outra vertente, mais otimista e positivista, percebe a tecnologia como um
elemento libertador do homem, onde este terá mais liberdade de utilizar sua
subjetividade em atividades que necessitem do sentimento e percepção humana.
Desta forma, o homem teria mais tempo para dedicar-se a família, ao lazer, e
ainda, qualificar-se para atender as novas demandas do mercado de trabalho, que
requerem mão de obra qualificada, flexível e preparada para atender às pressões
do mundo atual. Além do já exposto, segundo essa vertente, acredita-se que os
atuais empregos e os postos de trabalho em extinção serão substituídos por
profissões com alto teor de tecnologia e menos necessidade de "trabalho braçal",
tornando a sua rotina mais dependente conhecimento humano e do diferencial que
ele pode proporcionar ao produto/serviço da empresa. Ainda, a cada posto de
trabalho extinto, será criado outro com maior necessidade de qualificação e
capacidade subjetiva, assim não há potencial desemprego, mas uma troca de mão de
obra com baixo nível de qualificação por outra mais preparada, ou o que os
teóricos chamam de trabalhador do conhecimento.
Este artigo não tem a pretensão de se posicionar quanto ao impacto da
tecnologia no mercado de trabalho, mas sim analisar o conceito de
empregabilidade e suas implicações no emprego e na recolocação profissional no
mercado de trabalho.
O conceito de empregabilidade
É notória a necessidade de qualificação do trabalhador para que ele se
mantenha atrativo para o mercado de trabalho. Mais que isso, é preciso perceber
as necessidades deste mercado e ter visão de quais competências serão
imprescindíveis para as organizações no futuro.
Empregabilidade significa desenvolver um conjunto de habilidades, aptidões e
conhecimentos compatíveis com as exigências do mercado de trabalho, de forma a
considerar um perfil profissional interessante e atraente para futuros
empregadores. Num mercado dinâmico e mutável, ter empregabilidade significa
tornar-se altamente flexível, visto que os pré-requisitos, as exigências para
ocupação dos diversos casos mudam com freqüência.
São necessárias diversas competências para que a empregabilidade torne-se
realidade em um contexto prático, é preciso que sejam desenvolvidas uma série de
habilidades e atitudes que são as bases da sociedade do conhecimento, como
apresentado abaixo:
- Especialização;
- Percepção da diversidade cultural e de conhecimentos;
- Trabalho em equipe;
- Gestão por resultados;
- Aprendizagem contínua;
- Busca de trabalho com significado;
- Raciocínio criativo e resolução de problemas;
- Desenvolvimento de liderança;
- Autogestão da carreira;
- Autoconhecimento.
A capacidade de gerir a própria vida profissional é agora considerada uma
competência adquirida e necessária para todas as outras competências exigidas no
ambiente de negócios.
Abaixo estão citados alguns fatores que influenciam na empregabilidade dos
trabalhadores:
- As mudanças no mercado de trabalho são muito ágeis e as tendências de
ocupação se modificam rapidamente;
- Novas carreiras e oportunidades surgem da noite para o dia, em ritmo
nunca visto na história da humanidade;
- O desafio agora é tentar identificar quais segmentos serão mais
promissores;
- Antes, o conhecimento que se adquiria em uma faculdade era combustível
suficiente para os próximos 20 anos de trabalho;
- É preciso voltar a estudar a cada dois ou três anos para estar em
sintonia com o mercado;
- Velocidade e risco são as variáveis chaves da gestão de negócios e das
carreiras;
- Hoje, a ênfase não é mais nas profissões, e sim nas competências para o
desenvolvimento de atividades específicas;
- Conhecimento não é tudo. É preciso unir várias capacidades, ter
intuição, saber tomar decisões rápidas;
- Hoje, quando se contrata alguém, não é para assumir um cargo, mas para
solucionar desafios. E isso está alterando profundamente o perfil dos
profissionais em geral;
- Existem mercados promissores para profissionais competentes;
- Não importa o curso, ninguém deve perder de vista a necessidade de
estudar muito;
- Só alguém que estuda com afinco consegue acompanhar esse ritmo.
É nítida a diferença entre o trabalhador do passado e o trabalhador do
futuro. O trabalhador atual desenvolveu uma série de competências que o torna
mais competitivo e participativo frente ao negócio da empresa. Não basta ser
comprometido, é preciso conhecer o mercado de atuação da companhia e empreender
suas competências nos pontos críticos do negócio, afim de garantir vantagem
competitiva à organização.
Nota-se a importância do aprendizado contínuo do trabalhador atual e o seu
comprometimento no negócio, além do entendimento da sua importância no negócio
de forma sistêmica. O conceito de organizações que aprendem está associado a
organizações que possuam em seu quadro funcional pessoas com elevada capacidade
de inovação, criatividade e que se reinventem a todo o momento.