Dívidas / Endividado ? - Salário maior, gasto maior: como quebrar esse círculo?
Diante do saldo bancário ultrapassando o limite do especial e das contas que vão
se acumulando, muitos endividados imaginam que poderiam reverter a situação
financeira caso tivessem um rendimento maior.
No entanto, quando conquistam um aumento de salário, por conta de uma promoção,
permanecem com o orçamento no vermelho e, o que é pior, acabam contraindo mais
dívidas do que antes. Nessa hora, podem se perguntar: o que fizeram de errado,
já que, com uma renda maior, a possibilidade de endividamento seria menor?
A resposta é simples: com uma reserva financeira disponível na conta, é provável
que essas pessoas não resistiram à tentação e elevaram seu padrão de consumo,
para ajustá-lo ao seu novo status social, em vez de destinar parte do
dinheiro para reverter sua já difícil situação econômica.
Esse tipo de comportamento, muitas vezes, decorre da noção equivocada de
associar riqueza a poder de compra, quando, na verdade, ela está ligada mais à
capacidade de acumular patrimônio, e não de perdê-lo.
Planejamento e paciência
Se depois de reavaliar sua situação financeira, você decidiu modificar seus
hábitos, adotando um estilo de vida livre de gastos desnecessários - e mais
dívidas -, em primeiro lugar, verifique a possibilidade de destinar todo o
dinheiro que receber a mais em sua conta para pagar, de uma única vez, os
débitos pendentes, já que o montante, como deve ter percebido, cresce ao ritmo
das taxas de juros.
No entanto, quase sempre é difícil concretizar esse plano, seja porque sua
dívida já se tornou muito alta, seja porque você pode ter de destinar esse
dinheiro para alguma despesa extraordinária. Dessa forma, você precisará de
planejamento (e uma certa dose de paciência) para fazer a quitação dessa
pendência, disponibilizando uma pequena quantia por mês.
Para uma dívida de R$ 1 mil, por exemplo, o prazo para se livrar dela pode pode
variar de 8 meses a mais de um ano, caso faça o abatimento em "suaves"
prestações de R$ 150, em média, conforme demonstrado na tabela abaixo:
Modalidade |
Taxa de Juros a.m.* |
Prazo médio (meses) |
Crediário |
5,98% |
9 |
Cheque especial |
7,79% |
10 |
Cartão |
10,29% |
12 |
CDC bancário |
3,13% |
8 |
Empréstimo pessoal |
5,37% |
9 |
Financeira |
11,38% |
13 |
*Média das taxas de juros segundo levantamento da Anefac
referente a maio/2007
Você pode ainda adotar uma solução mais drástica: trocar de tipo de dívida. Quer
dizer, em vez de deixar rolar um débito cujos juros mensais são de 11,38%, em
média (no caso da financeira), você pode tomar um empréstimo consignado, que têm
cobrança menor - de 2,35%, em média, segundo levantamento de maio divulgado pelo
Banco Central -, para pagar integralmente a dívida maior.
Assim, caso disponibilize os R$ 150 mensais, como no caso já mencionado, você
poderá abatê-la, pelo menos, cinco meses antes.
Cortando as despesas
Vale lembrar que, além de destinar parte dos seus rendimentos ao pagamento dos
débitos, você deve promover um corte de gastos. Para seguir essa meta sem se
sacrificar ou se prejudicar com uma inclusão no cadastro de inadimplentes,
procure primeiramente detalhar os diferentes tipos de despesas que aparecem em
seu orçamento e, a partir desse "raio-X", comece a eliminar os gastos que
realmente são supérfluos:
- Despesas fixas: entre elas, há as inadiáveis - aluguel,
prestações de imóvel, carro ou qualquer outro bem que tiver adquirido,
condomínio, conta de água, luz, telefone, mensalidade escolar ou de plano de
saúde, e aquelas que até podem ser cortadas, como as mensalidades da
academia ou do clube, por exemplo;
- Despesas sazonais: são previsíveis e aparecem menos
constantemente - gastos com uniforme escolar ou com presentes em datas
comemorativas, aniversários, casamentos e outras;
- Periódicas: ocorrem somente em certos períodos, mais ainda assim,
podem ser previstas - IPVA, IPTU, licenciamento e seguro do carro;
- Imprevistas: essas devem ser evitadas a qualquer custo, pois são
um perigo para quem está passando por um desequilíbrio financeiro - serviços
urgentes de mecânico, pagamento de multa, compra de qualquer item não
necessário.
Com o tempo, feitos os devidos ajustes em suas despesas e estando pagas as suas
dívidas, você perceberá que a reserva financeira de que dispõe poderá ser
empregada a seu favor, na forma de uma poupança ou qualquer outro investimento
que garanta à realização de seus sonhos, no curto e médio prazos; ou um futuro
mais tranqüilo, no longo prazo.
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