Mais do que nunca, 2006 tem se
mostrado um ano muito favorável para o mercado de ações. Recordes de pontuação,
forte fluxo de capital estrangeiro e entrada de novas empresas na Bolsa são
apenas alguns dos fatores que tem chamado a atenção dos investidores, entre eles
aqueles que nunca investiram ou estão apenas começando neste mercado.
A combinação destes fatores com taxas de juros em queda, reduzindo a
rentabilidade das aplicações de renda fixa que boa parte dos brasileiros está
acostumada, se mostra um forte atrativo para investimentos neste mercado. Mas
será que aplicar em ações não requer um cuidado especial?
Embora muitos dos mitos que cercam o mercado de ações não sejam verdadeiros, o
investimento em renda variável certamente traz riscos maiores do que a renda
fixa. Qualquer erro de estratégia de investimento pode ter um impacto muito
maior sobre a rentabilidade da aplicação. E muitos investidores iniciantes
cometem erros que poderiam ser evitados.
Erro 1: comprando caro
A percepção correta dos riscos que existem no mercado de ações talvez seja o
erro mais comum que iniciantes cometem. São em momentos de alta que a Bolsa
ganha destaque, aparecendo como uma alternativa vantajosa de investimentos. É
nesta hora, quando quem já está no mercado há mais tempo já acumula ganhos, que
a tentação de "participar da festa" é maior para quem ainda não aplicou.
Portanto, mesmo que inconscientemente, muitos novatos se aventuram no mercado de
ações exatamente quando o mercado acumula ganhos significativos. Embora a
possibilidade de novos ganhos sempre exista, a probabilidade de uma correção
também aumenta.
O grande segredo para ganhar na Bolsa, da mesma forma do que em praticamente
todos os negócios, é óbvio: comprar barato e vender caro. Portanto, quem já
compra caro pode estar correndo riscos maiores de não atingir seus objetivos de
rentabilidade.
Erro 2: postura emocional
Investir em bolsa implica em ter sangue frio suficiente para ver o preço de suas
ações cair e não tomar nenhuma atitude impensada. Existem muitos casos em que
correções de curto prazo ocorrem, porém os fundamentos de longo prazo seguem
inalterados. Um investidor mais experiente normalmente sabe avaliar esta
situação, tomando a decisão correta.
Porém, muitos dos que começam não têm este preparo. Afinal, não é fácil ver que,
digamos, 10% do valor que foi tão difícil de economizar possa simplesmente ter
"evaporado" em um curto período de tempo. Será que as perdas vão aumentar? Para
muitos, é mais fácil vender sem pensar, o que pode certamente trazer a este
investidor uma percepção incorreta sobre o mercado de ações.
Erro 3: analisar rentabilidade passada
Acreditar que o bom desempenho recente da Bolsa "garante" uma rentabilidade
atrativa no futuro. Este é outro equívoco comum de muitos iniciantes no mercado
de ações. O investimento em renda variável, como o nome indica, é sujeito a
altos e baixos e, portanto, não se pode tentar prever o futuro da Bovespa
olhando para os últimos meses.
No mercado de ações, as cotações são definidas não por eventos passados, mas sim
pelas perspectivas que o mercado tem do futuro. Assim, não importa quão
brilhante o passado de uma empresa tenha sido, o desempenho de seus papéis daqui
para frente irá depender de como ela irá crescer e dos resultados que
apresentará.
Erro 4: investir pensando no curto prazo
O investimento em ações é recomendado apenas para quem não precisa dos recursos
aplicados no curto prazo. Apesar de existir a possibilidade de ganhos rápidos em
situações pontuais, como novas ofertas públicas, por exemplo, investir em renda
variável precisando rapidamente do dinheiro pode ser perigoso.
Como as cotações variam bastante, existe sempre a possibilidade do momento de
correção coincidir com o prazo no qual o investidor precisa dos recursos. Nestas
horas, mesmo acreditando que os papéis podem se recuperar, o investidor é
obrigado a assumir perdas porque necessita do dinheiro. Quando o prazo é maior,
esta probabilidade cai bastante.
Erro 5: por todos os ovos na mesma cesta
Diversificar, ou seja, evitar colocar todos os ovos na mesma cesta é um dos
conceitos básicos do investimento em ações. O problema é que poucos investidores
que estão começando seguem esta recomendação.
Se o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, já apresenta
uma variação muito mais intensa do que outros investimentos, imagine cada ação
que faz parte da Bovespa. De forma geral, comprar mais do que uma ação permite
ao investidor obter uma melhor relação entre risco e benefício.
Se uma ação cai de maneira significativa, há sempre a chance de outro papel que
compõe a carteira mostrar um desempenho melhor, reduzindo a intensidade da
perda. Portanto, o conselho ao investidor iniciante é montar uma carteira com ao
menos cinco ações ou investir em fundos de índice como o PIBB ou mesmo fundos ou
clubes de investimento em ações.