Finanças pessoais - Quando o seu orçamento mais parece gangorra, planejar é a saída
Se planejar gastos e organizar as contas ainda é tarefa para poucos, imagine
quando o orçamento não ajuda e mais parece uma gangorra. Esta é a dificuldade
enfrentada por vários profissionais liberais, autônomos, pequenos empresários e
até mesmo universitários que, não podendo contar com o conforto de uma renda
garantida na forma de salário, precisam equilibrar o orçamento diante da
possibilidade de flutuação nas receitas .
Não é porque você não pode saber exatamente com quanto poderá contar no final do
mês, que deve abandonar por completo o planejamento financeiro. Este é um erro
bastante comum entre essas pessoas, que acabam sendo forçadas constantemente a
pedir dinheiro emprestado, seja para amigos ou familiares.
Estimando a renda mínima e média
Com base na sua experiência nos últimos dois anos, tente estimar quanto foi seu
rendimento médio mensal. Ou seja: se neste período você recebeu R$ 36 mil, então
sua renda mensal média foi de R$ 1,5 mil, e este deve ser o parâmetro para
determinar o seu padrão máximo de gastos.
Por mais que pareça inacreditável, é possível que a renda em um mês fraco seja
até 40% menor do que a renda média, o que no caso do nosso exemplo significa
contar com apenas R$ 900. O importante aqui é ser o mais realista e conservador
possível. Nada de otimismo exagerado, isto é, não assuma que o sucesso de um mês
irá se repetir nos meses seguintes.
Equilíbrio sem ajuda externa
Feito isso, está na hora de estimar, com a maior precisão possível, os seus
gastos mensais recorrentes. Inclua aqui uma pequena parcela para lazer e
consumo. Afinal, se não houver equilíbrio também na sua vida pessoal, as chances
de você conseguir manter seu planejamento são poucas.
Caso seus gastos excedam o valor da sua renda mensal média, está na hora de
rever seus hábitos de consumo, e de se adaptar a uma nova realidade, uma em que
o orçamento no final do mês não feche graças a empréstimos com amigos,
familiares e bancos . A idéia é aproveitar os meses em que sua renda efetiva for
maior do que a renda média estimada para reservar um dinheiro, e montar uma
reserva para os meses em que acontecer exatamente o inverso.
Lembre-se que a intenção é montar uma reserva para flutuações, de forma que seu
conservadorismo irá permitir uma quantia maior, que lhe dará segurança por mais
tempo. Portanto, assumindo que durante os 12 meses do ano você poderá contar com
apenas R$ 900, e que o seu orçamento está equilibrado com uma renda de R$ 1,5
mil, isso significa que, para estar tranqüilo por pelo menos um ano, terá que
contar com uma reserva de R$ 7,2 mil (ou R$ 600 x 12).
Quanto mais tempo melhor
A questão que fica é quantos meses esta reserva deve ser capaz de cobrir. Não
existe uma regra clara mas, em geral, recomenda-se que a reserva seja capaz de
cobrir pelo menos seis meses de flutuação. Obviamente a velocidade com que você
vai conseguir montar essa reserva também depende de com que freqüência a sua
renda irá superar a média prevista. Em outras palavras, depende do quanto sua
projeção for realista.
Se você estimou uma renda média de R$ 1,5 mil, mas somente em um mês conseguiu
superar esta meta e em seis ficou abaixo dela, está na hora de rever seus
parâmetros. De qualquer forma, todo dinheiro que superar a renda média deve ser
colocado de lado para a formação da reserva. Daí o porquê vale mais a pena ser
conservador, pois maior será a chance de sobrar dinheiro no final do mês, o que
irá permitir a formação mais rápida de sua reserva para flutuação.
Já pensou que felicidade poder dormir sabendo que, mesmo que este mês seja ruim,
você não vai precisar sair correndo para pedir dinheiro emprestado para os
amigos, que já te olham com cara feia? Afinal a vida não está fácil para
ninguém! E com um pouco de planejamento é possível sim, fazer o dinheiro render
mais.
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