A ação do especulador dentro do mercado financeiro é bastante
polêmica. Costuma-se creditar aos especuladores os prejuízos com operações
próprias mal sucedidas. É necessário entender a ação do especulador e,
principalmente, desmistificar sua função. Na verdade, todos os administradores
de recursos são de alguma forma especuladores. Sua função é buscar informações
que não sejam de domínio público e que desestabilizariam o nível de preços
vigentes. Estes gestores “especulam” se o Banco Central irá reduzir os juros,
especulam a respeito do lucro de uma empresa, especulam sobre a estabilidade
política, ou seja, estão constantemente procurando novas informações que
desequilibrem o mercado. O administrador que assim não agir terá que se
contentar com lucros inferiores à média do mercado, sendo cobrado pelos seus
clientes por este desempenho medíocre.
Volta e meia as pessoas apontam os especuladores como os grandes
vilões do mercado. Responsáveis pela queda das bolsas, explosão do dólar e
inúmeros outros prejuízos.
A palavra speculum, em latim, quer dizer espelho/reflexo. De
speculum surgiu speculare que significa refletir, analisar, investigar
minuciosamente. O paradoxo do significado da palavra especular, se inicia dentro
do próprio dicionário Aurélio. O verbo especular é definido como investigar,
analisar minuciosamente. Já o adjetivo especulação é definido como pessoa que
age de má fé.
As pessoas confundem o especulador com o manipulador de mercado.
Este último atua em mercados sem liquidez. O manipulador, pelo seu tamanho muito
superior ao mercado, consegue “direcionar” os preços. O mercado de câmbio passa
por esta situação. É difícil ficar olhando a deterioração do quadro atual,
acreditando na volta da racionalidade no futuro, porém, operar neste mercado no
momento é contribuir para o caos. O problema não está só no câmbio, o aumento do
volume de negócios com ADR’s brasileiros no mercado americano e a conseqüente
redução da liquidez das nossas bolsas, aumenta nossa vulnerabilidade a
manipuladores. Será que voltaremos ao início da década de 80, quando as bolsas
eram comandadas por meia dúzia de manipuladores, concentrados no mercado de
opções, que escolhiam os vencedores? Só o tempo dirá.