SÃO PAULO - Apesar de ter perdido
participação nos últimos anos para alternativas de investimento mais rentáveis,
a caderneta de poupança segue como uma das mais populares aplicações no Brasil.
Além de sua simplicidade e transparência, a poupança apresenta baixo risco e
tratamento fiscal favorável, o que acaba atraindo muitos investidores.
Um dos principais atrativos é a segurança. Aplicações de até R$ 20 mil por CPF
são garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito. Isso garante que, mesmo no caso
de problemas com a instituição financeira, você terá a garantia de receber até o
valor limite.
Como investir
Investir na poupança é simples, já que muitos bancos não exigem que o investidor
seja correntista, bastando apresentar RG, CPF e comprovante de residência. O
investimento mínimo geralmente fica na faixa de R$ 50, mas existem instituições
que permitem aplicações a partir de R$ 10.
Apesar da liquidez diária, ou seja, você pode sacar a qualquer dia, a caderneta
de poupança adota o critério de aniversário. Isso significa que, se você
investir no dia 10, somente obterá remuneração se sacar a partir do dia 10 do
mês seguinte. Caso saque antes, não receberá remuneração pelos dias que manteve
o dinheiro aplicado.
Vale lembrar que depósitos realizados nos dias 29, 30 e 31 de cada mês terão
como base o primeiro dia do mês seguinte, ou seja, o aniversário será sempre no
primeiro dia do mês.
Rentabilidade
As regras de funcionamento da caderneta de poupança, incluindo a remuneração,
são reguladas pelo Banco Central, de forma que, independente da instituição
financeira na qual você aplicar, a rentabilidade será a mesma. A regra para
definir a rentabilidade é simples: 0,5% ao mês (que equivale a um retorno anual
de 6,07%) mais a variação da TR. Para pessoas jurídicas com fins lucrativos, a
rentabilidade é de TR mais juros de 1,5% ao trimestre.
Para quem não conhece, a TR é um indicador criado pelo governo, calculado com
base na Selic e nas taxas médias dos CDBs pré-fixados de 30 dias. Ao investir na
caderneta de poupança, a variação da TR até o primeiro aniversário já é
conhecida, de forma que você já sabe qual será a rentabilidade no primeiro mês.
Como a variação da TR após este período não é ainda conhecida, a caderneta de
poupança pode ser considerada um investimento pós-fixado, já que a TR é usada
como indexador.
Tributação e outros custos
Para pessoas físicas e pessoas jurídicas como condomínios comerciais ou
residenciais e instituições imunes (exceto instituições de educação ou de
assistência social sem fins lucrativos) não há incidência de Imposto de Renda.
As demais pessoas jurídicas devem pagar IR de 22,5% sobre o rendimento. Além
disso, as aplicações na caderneta de poupança são imunes de IOF, mesmo para
saques com prazo inferior a 30 dias.
Existe cobrança de CPMF de 0,38%, embora seja comum que os bancos ofereçam
isenção ou bônus de CPMF para depósitos que superem 90 dias. Vale lembrar que o
prazo de aplicação é indeterminado, ou seja, não há necessidade de renovação.
Os bancos podem cobrar tarifas para a manutenção de contas de poupança somente
nos casos onde o saldo seja igual ou inferior a R$ 20 e que não tenham
apresentado movimentação (saques ou depósitos) por pelo menos 6 meses.
Alguns cuidados e dicas
A rentabilidade é definida sempre sobre o menor saldo do período. Por exemplo,
se você iniciou o mês com R$ 1.000 e sacou R$ 400 após 15 dias, a rentabilidade
será calculada sobre R$ 600. Isso mostra que saques fora da data de aniversário
podem prejudicar a rentabilidade de forma significativa.
Com isso, vale a pena considerar instituições que ofereçam sistemas que
gerenciem aplicações e saques, de forma que sejam criadas "sub-contas"
dependendo do aniversário, sem a necessidade de abrir novas contas. Isso, em
geral, garante que os saques sejam feitos das sub-contas com aniversário mais
vantajoso.
No caso de datas de aniversário em dias não úteis, não saque no dia útil
anterior, já que você perderá toda a rentabilidade do período. Espere o dia útil
posterior ao aniversário para sacar sem perder juros.
Breve histórico
Regulamentadas em 1964, a caderneta de poupança tem como principal finalidade a
captação de recursos que são usados principalmente no segmento habitacional,
como financiamento de construção, reforma ou aquisição de imóveis residenciais.
A poupança mostrou maior crescimento até a década de 1990, quando começou a
perder terreno para aplicações de renda fixa com melhores perspectivas de
rentabilidade. Os fundos de investimento, sobretudo os referenciados DI,
passaram a ser procurados por muitos investidores, afinal, com baixo risco e
possibilidade de aplicações de valores reduzidos, ofereciam um retorno mais
atrativo, mesmo após a dedução de impostos e taxas.