Dentre as categorias de fundos de
investimentos, os fundos de dívida externa, ou também chamados de fundos de
investimento no exterior, talvez fiquem entre os menos conhecidos da maioria dos
investidores. Isso não significa, porém, que não possam representar uma boa
opção de investimento.
Estes fundos se constituem na forma mais fácil de investir nos títulos da dívida
externa brasileira. Ou seja, se você quer investir em títulos de renda fixa,
tanto do Governo como de empresas brasileiras, e aceita assumir o risco de ver
sua rentabilidade afetada pelas variações do dólar frente ao real, esta pode ser
uma boa opção.
O que são e no que investem
Os fundos classificados como de dívida externa devem aplicar, no mínimo, 80% de
seu patrimônio em títulos da dívida externa brasileira emitidos pelo Governo
Federal, com até 20% do patrimônio em outros títulos de renda fixa que sejam
negociados no mercado internacional.
Deste modo, estes fundos devem ter ao menos 80% dos recursos investidos em
títulos emitidos pelo Brasil no exterior, como os bônus globais, por exemplo. Já
os demais 20% podem ser alocados tanto para outros emissores brasileiros, como
bancos ou empresas, por exemplo, ou mesmo títulos de outros países.
Rentabilidade
A rentabilidade destes fundos é determinada por três componentes principais: a
taxa de juro paga pelos títulos, o desempenho destes papéis no mercado
internacional e a taxa de câmbio entre o dólar e o real.
A grande maioria destes títulos paga juros de forma semestral, o que determina
uma importante parte da rentabilidade oferecida. Além disso, uma melhora na
percepção do risco país por parte dos investidores tende a levar a uma
valorização nestes títulos, trazendo um ganho de capital. Estes dois elementos
determinam a rentabilidade em moeda estrangeira.
Como a grande maioria dos investidores brasileiros analisa o desempenho de suas
aplicações em reais, é necessário converter o desempenho em moeda estrangeira
registrado por estes fundos em reais. Portanto, uma valorização da moeda
brasileira frente ao dólar reduz a rentabilidade destes títulos quando medida em
reais, com o inverso ocorrendo quando o dólar sobe.
Riscos
Todos os fundos que investem em ativos de renda fixa são sujeitos a dois riscos
principais: crédito e mercado. No caso dos papéis da dívida externa, o risco de
crédito é o Brasil simplesmente decidir, ou não ter condições, de honrar seus
compromissos externos. Portanto, estes fundos têm como maior risco uma moratória
da dívida externa brasileira.
Já os riscos de mercado são uma forte deterioração da percepção de risco Brasil,
o que levaria a uma queda no preço dos títulos e, conseqüentemente, no valor das
cotas (já que existe marcação a mercado) ou uma valorização do real, o que afeta
o desempenho em termos de moeda nacional.
No entanto, um observador atento pode perceber que estes fatores, em geral,
andam em sentidos opostos: em momentos de crise, quando o preço dos títulos cai,
o dólar tende a subir, com o inverso ocorrendo em cenários favoráveis. Portanto,
o desempenho destes fundos não é, na grande maioria dos casos, sujeito a grandes
variações.
Quanto e onde
Boa parte dos principais bancos brasileiros oferece esta alternativa de
investimento aos seus clientes, de forma que a aplicação é simples, comparável,
neste sentido, às demais categorias de fundos de investimentos.
Existem alternativas de fundos cujo montante de aplicação inicial é de apenas R$
1 mil, de forma que não é necessário ser milionário, especulador ou banqueiro
internacional para aplicar nos títulos da dívida externa brasileira através dos
fundos de investimentos no exterior.