O ser humano é racional e emocional, invariavelmente e ao mesmo tempo, diz o
coach executivo e de equipes Carlos Cruz. O indivíduo emocionalmente inteligente
consegue mobilizar o que sente de forma estratégica, com o objetivo de alcançar
suas metas. Ele reconhece, aceita e gerencia suas emoções.
"Conheço muitas pessoas que deixaram de alcançar melhores cargos por terem
perdido o equilíbrio em determinado momento. Quem nunca teve vontade de mandar
tudo para o ar? Acredito que a maioria de nós. O importante é saber que isso
pode dar uma sensação de alívio na hora, mas será que não trará problemas
depois?", questiona.
Não elimine a emoção
Isso não significa que você precisa eliminar ou ignorar o que sente e focar
somente na razão. "Imagine um goleiro que vai defender um pênalti sem um dos
braços. Impossível, não é? O mesmo aconteceria com uma pessoa que eliminasse a
razão ou a emoção no seu dia-a-dia. Precisamos buscar a harmonia e, quanto mais
a razão trabalhar com a emoção, mais força e potencial a pessoa terá", afirma o
coach.
Segundo ele, a atual crise financeira é um exemplo de situação que exige muito
controle emocional. "Até alguns meses atrás, a bolsa de valores era tida como um
ótimo lugar para investir, o que levou muitas pessoas a comprar papéis por
impulso, sem estudá-los ou realizar um planejamento", diz. Hoje, com as quedas
nas bolsas de todo o mundo, investidores, desesperados, estão vendendo suas
ações, perdendo uma quantia considerável, sem nem mesmo esperar a recuperação do
valor investido.
Desenvolvendo a inteligência emocional
O especialista garante que a inteligência emocional pode ser desenvolvida, por
meio de trabalhos que envolvem algumas competências do indivíduo. Ele conta que,
durante seus trabalhos, procura se basear nos programas de coaching
desenvolvidos por Daniel Goldman. Veja o texto elaborado por Cruz, que traz as
cinco áreas que devem ser trabalhadas pelo profissional:
* Eu me conheço: é a área do autoconhecimento, a sinceridade
que cada um tem consigo mesmo para avaliar as suas habilidades de maneira
verdadeira, abrindo-se para feedbacks, para reconhecer como as suas emoções
afetam seu desempenho e a ligação entre o que pensa, sente e sua maneira de
agir. Pare alguns minutos antes de enfrentar um desafio que gera tensão
emocional e pergunte-se: Qual é a emoção que estou sentindo neste momento? Como
eu posso pensar e agir diferente nesta situação?* Eu me gerencio: nesta etapa, busco trabalhar o autocontrole,
que permite à pessoa pensar antes de agir, conseguindo, assim, administrar seus
impulsos, para não explodir e depois se arrepender. É importante ter a
capacidade de se adaptar às situações para alcançar um objetivo, além de
flexibilidade e foco em momentos de pressão. Tenha sempre um objetivo em mente e
pense quais seriam os passos para alcançá-lo. Pergunte-se freqüentemente: qual
comportamento construtivo eu posso ter agora para alcançar meu objetivo?
* Motivação: os indivíduos têm um propósito, um motivo para
agir. Estar pronto para agarrar as oportunidades, superar os obstáculos e
aprender com eles para seguir em frente é muito importante. Saiba que o fracasso
é um julgamento temporal e trabalhe constante e incessantemente em busca de
resultados positivos. Mobilize pessoas para alcançar a realização. Uma pessoa
motivada tem iniciativa e persistência. Reflita: suas decisões são motivadas
pelo medo de perder ou pela esperança de ganhar? O que você precisa fazer para
alcançar seu objetivo?
* Eu conheço os outros: nesta fase, peço às pessoas que
observem para suas equipes e os colegas ao seu redor. É preciso mostrar
sensibilidade ao ponto de vista do próximo, buscar maneiras de conquistar a
confiança alheia e aumentar o nível de satisfação dos outros. Enxergar as
diferenças como oportunidades de desenvolvimento faz toda a diferença. Avalie
sua capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreendê-lo. Faça uma lista
das qualidades, talentos e dificuldades das pessoas ao seu redor. Pense também
nas idéias pré-concebidas que você tem do seu chefe, clientes e liderados. Podem
não passar de preconceitos;
* Eu gerencio os outros: aqui exercitamos a liderança
situacional, gerenciamos conflitos, colaboramos, trabalhamos em equipe,
construímos alianças e desenvolvemos os outros. Nesta área, pode-se observar a
capacidade de lidar com pessoas difíceis. Desafiar o status quo, ou seja, como
as coisas são é uma forma de avaliar como você gerencia os outros. Aproveite
para refletir sobre algo importante que deseja comunicar e se pergunte: o que é
mais importante nesta mensagem para mim? E para os outros? Pense, ainda, se
existe uma melhor maneira de dizer o que deseja.