O buy and hold (comprar e manter) é a estratégia de investimento na qual o
investidor compra determinada ação e fica posicionado nela até que essa empresa
consiga maturar seu negócio e traga resultados consistentes, tendo como
consequência uma forte valorização de seus papéis negociados na Bolsa.
Tendo como pré-requisito um conhecimento profundo tanto de mercado quanto da
companhia em que estão sendo montadas essas posições, o buy and hold é a
metodologia priorizada por investidores que possuem como base a análise
fundamentalista. Através dessa análise, o investidor é capaz de avaliar os
fundamentos da empresa, baseados em determinadas premissas macroeconômicas, para
mensurar se o preço atual de mercado dessa companhia indica um bom potencial de
valorização em relação a quanto ela pode valer no futuro.
Essa breve apresentação já deixa evidente que essa estratégia confronta
diretamente com o day trade, que são as operações baseadas nas oscilações de
curto prazo das ações para auferir ganhos em negócios de duração máxima de um
dia. Em outras palavras: enquanto os analistas fundamentalistas apostam nos
fundamentos da empresa e têm horizonte de investimento no longo prazo, os
analistas técnicos se baseiam no movimento do preço das ações e seus objetivos
de trade giram em, no máximo, algumas semanas.
Assim sendo, após apresentar os 10 motivos para o investidor fazer day trade,
o Portal InfoMoney traz à vocês a outra face da moeda, com os 10 motivos para
seguir a metodologia buy and hold de investimento. Confira:
1. Recebimento de dividendos
Por montar posição em uma empresa que será mantida em carteira por um longo
período, você pode se beneficiar através da política de dividendos que ela
possui, conforme explica Eduardo Dias, analista da Omar Camargo. Os dividendos
nada mais são do que uma parcela do lucro da empresa que é distribuída aos
acionistas. A relação do dividendo em relação ao lucro líquido dessa companhia é
conhecida como “dividend pay out”.
Dessa forma, o investidor que seguir a metodologia buy and hold poderá
receber uma boa quantia em dividendos, dependendo da política de distribuição de
lucros dessa empresa, podendo utilizar desse capital para aplicar a política de
reinvestimento via dividendos (utiliza do dividendo recebido para comprar mais
ações dessa empresa), exalta Dias.
2. Menor necessidade de acompanhar o mercado diariamente
Diferentemente do day trader, o investidor com horizonte no longo prazo não
precisa se preocupar com as oscilações de curto prazo do mercado, já que seu
investimento possui um limite muito maior de maturação, diz o analista da Omar
Camargo.
O investidor “buy and hold” consegue, assim, evitar a rotina desgastante que
os grafistas têm, já que eles precisam acompanhar minuto a minuto o gráfico do
mercado e das ações para tomar suas decisões de investimento, uma tarefa muito
mais estressante e que nem sempre compensa em relação ao retorno obtido,
complementa Dias.
3. Maior possibilidade de diversificação
Outra vantagem para o buy and hold está na capacidade de diversificar seus
investimentos em diversas empresas ou setores, explica Dias. Seguindo essa
estratégia, é possível diluir os riscos de suas operações, algo que fica bem
mais difícil para o day trader, já que este geralmente realiza uma operação de
cada vez – ou seja, o risco fica todo atrelado a apenas um trade.
“Mesmo que você aposte em um único setor, você consegue diluir o risco
alocado em diferentes empresas”, diz o analista da Omar. É válido ressaltar que
o investidor também pode diversificar seus investimentos no day trade, mas a
análise fundamentalista dá a esse investidor mais ferramentas e mais tempo para
ele trabalhar na diluição do risco de suas aplicações.
4. Economia nos custos de corretagem
Além desses aspectos, um outro ponto que deve ser salientado é o fato de que
os investimentos no método buy and hold propicia ao investidor economias com
intermediações financeiras, diferente do que vemos no day trade, já que os
adeptos dessa técnica pagam diariamente taxas de corretagem na compra e na venda
da ação, explica Paulo Esteves, analista-chefe da Gradual Investimentos.
5. O ganho real está no longo prazo
Esteves também toca na questão do retorno que o investidor buy and hold pode
adquirir no longo prazo, muito mais expressivo do que a rentabilidade alcançada
em um trade diário. “A empresa precisa maturar, transformar seu investimento em
sucesso no longo prazo, e isso tudo pode demorar três anos, cinco anos ou dez
anos”, explica o analista da Gradual.
Ele compara o retorno entre buy and hold e day trade com o rendimento no
mercado imobiliário. “Você pode até ganhar um bom lucro no curto prazo comprando
ou vendendo um terreno. Mas o ganho real está no investimento no entorno, na
região, no desenvolvimento do bairro, entre outros fatores”, explica Esteves.
6. "Não conheço nenhum grafista milionário"
Seguindo a ideia do item anterior, Esteves ressalta ainda que os verdadeiros
investidores de sucesso – ou seja, aqueles que fizeram fortuna por meio da bolsa
de valores – seguem a análise fundamentalista (foco no longo prazo) ao invés de
apostarem em trades breves.
“Eu conheço muitos investidores que ganharam muito dinheiro utilizando a
análise fundamentalista, mas quase não conheço ninguém que tenha ficado rico
operando day trade”, diz Paulo Esteves, lembrando da história do megainvestidor
Warren Buffett, atualmente um dos homens mais ricos do mundo e adepto da análise
fundamentalista. “Não conhece nenhum grafista milionário”, finaliza.
7. No longo prazo, Bolsa é mais lucrativa
Além de levar vantagem em termos de rendimento frente ao day trade, a bolsa
de valores também mostra-se mais rentável no longo prazo frente a outros tipos
de investimentos disponíveis no mercado, reforça o diretor da Monte Bravo
Investimentos, Filipe Portella.
Embora o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, tenha
acumulado perdas nos últimos meses em relação a outros ativos, como o ouro, o
CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e o dólar, a vantagem no longo prazo
é bastante larga a favor do benchmark: de 2001 até os dias de hoje, o Ibovespa
passou de 11.268 pontos para 56.380 pontos, uma alta de mais de 400%.
8. Cenário macroeconômico favorável do País
O investidor com foco no longo prazo também poderá se beneficiar do cenário
macroeconômico extremamente favorável da economia brasileira, bem como das
expectativas de vultuosos investimentos nos próximos anos, por conta das obras
necessárias para que o País esteja apto a receber importantes eventos
esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de
Janeiro, diz Portella.
O diretor da Monte Bravo destaca os baixos níveis de desemprego da economia
brasileira, bem como o aumento da renda da população, o que beneficia ações de
empresas voltadas para a economia doméstica. É importante salientar, no entanto,
que esse motivo para seguir a metodologia buy and hold fica limitado às
condições atuais do País, podendo sofrer alterações dependendo do rumo da
atividade brasileira.
9. Quem é "buy and hold" não age por impulso...
Seguindo a ideia de que o investidor buy and hold não precisa acompanhar o
mercado diariamente, o analista da XP Investimentos, Gustavo Pires, menciona que
isso evita certos movimentos e reações impulsivas por parte desse investidor.
É o caso por exemplo de um momento de pânico generalizado no mercado, com as
bolsas caindo forte nas principais praças financeiras, levando outros
investidores a se desfazerem de suas posições com medo de que as quedas ganham
mais força – o famoso “efeito manada.” Contudo, quem seguir a metodologia buy
and hold não vai se desesperar em momentos como esse, podendo até aproveitar a
forte queda das ações para aumentar sua posição nesses ativos.
“Para o investidor, o não acompanhamento diário do mercado impede que
impulsos momentâneos realizem posições de longo prazo após altas ou quedas de
curto prazo”, comenta Pires.
10. ...mesmo com ações de baixa liquidez
Seguindo o motivo anterior, Pires também ressalta que as small caps – ações
de menor liquidez – costumam apresentar forte volatilidade de preços, chegando a
acumular altas bastante expressivas como também quedas duras. No caso desses
papéis, o analista da XP argumenta que aquelas empresas com fundamentos sólidos
tendem a vencer essa volatilidade do mercado, tornando-se uma estratégia
vencedora no longo prazo.