Para evitar os transtornos da cobrança da dívida
com encargos, juros composto e multa, que elevam a dívida em até 55% durante 90
dias, deve-se buscar um acordo a mais rápido possível
O cartão de crédito facilita a vida do consumidor por sua
inegável praticidade. Mas pode tornar-se um pesadelo para devedores, ainda que
se trate de uma situação momentânea, por causa da cobrança de encargos altos,
multas e juros compostos.
Maria das Graças Garay
devia R$ 1.638,41 à Credicard em janeiro de 1999, valor que saltou para R$
3.581,40 em abril do mesmo ano, quando recebeu uma proposta de renegociação.
“Liguei para avisar a falta de pagamento em janeiro e pedi uma renegociação. Me
informaram para aguardar uma proposta, feita 90 dias depois da minha ligação”.
Explica Maria, que recorreu à Justiça. “Consegui liminar favorável anulando os
juros compostos, e meu nome foi retirado do Serviço de Proteção ao Crédito”,
comenta Maria.
Para Kássia Correa,
presidente da Associação Nacional dos Usuários de cartões de crédito (Anucc), a
situação é comum. “Após três meses, uma dívida sobe 55% por causa dos juros
abusivos. E muitas das clausulas já derrubadas na Justiça continuam sendo
aplicadas pelas administradoras por falta de regulamentação da lei”,
explica.
A Anucc lançou recentemente
um manual prático de orientação para a negociação de dívida com cartão de
crédito www.anucc.org.br
ou tel. 3104-9499. No guia, a principal
recomendação esta no pedido imediato de uma proposta de renegociação, aliada ao
direito de solicitar o cancelamento do cartão de crédito no ato da comunicação.
Assim, a dívida será
renegociada pelo valor da última fatura, sem a incidência dos juros cumulativos.
Lembre-se de que a cobrança leva em conta o tempo que o consumidor ficou sem
efetuar quaisquer pagamentos, enquanto o contrato de crédito continuava
vigente.
As instituições
recomendam o pagamento de pelo menos o valor mínimo da fatura, que varia entre
15% e 20%, para evitar os transtornos da cobrança. Mas reconhecem que os juros
elevados acabam aumentando o valor da dívida e exigindo maior tempo para o
devedor solucionar sua pendência. Ao passo que, se obtiver uma renegociação
imediata, o consumidor poderá de fato liquidar a dívida, por meio de um
parcelamento (em geral de 2 a 10 vezes), com o valores de acordo com a nova
condição econômica do cliente.
Bancos como o Real, o
HSBC e o BBV lembram que, no caso de o consumidor não poder pagar dentro das
regras do cartão de crédito, é possível fazer um empréstimo por juros de mercado
(em média 5%), menos da metade da taxa cobrada pela administradora.
“Cerca de 90% dos
usuários de cartão do Real são clientes do banco. Tentamos fazer acordo sempre.
Quando não se chega a uma conclusão, fazemos um empréstimos novo, com taxa menor
e prazo mais longo, entre 12 e 15 meses”, diz José Canuto, diretor da Área de
Cartões do Banco Real.
A Credicard, maior administradora de
cartões de crédito do País , não quis pronunciar- se.
As
principais dicas da reportagem: |
» Compre
na melhor data |
» Evite
pagamento mínimo |
» Não
atrase o pagamento |
» Imponha-se
um limite de gastos |
» Não
esqueça o limite de crédito |
» Tenha
dois cartões |
» Faça
compra parcelada sem juros |
» Opte
por cartões com premiação |
» Não
empreste o cartão |
» Guarde
senha e número do cartão |
» Cuidado
com compras pela Internet |