Ações / Bolsa de Valores - Objetivo comum: clubes de investimento surgem de maneiras inusitadas
Você quer participar mais ativamente do mercado de ações, porém possui poucos
recursos? Isso não é necessariamente um problema, pois existem maneiras de você
operar como um grande investidor, por meio dos clubes de investimento.
Esses clubes são uma forma de investimento coletivo e surgem das maneiras mais
inusitadas possíveis. Podem ser criados por empregados ou contratados de uma
empresa, ou ainda por um grupo de pessoas que tenham interesses em comum.
Dos palcos para a Bolsa
Fundado em junho de 2006, o Stratocaster, administrado pela Spinelli
Corretora, reúne músicos das noites paulistana e carioca. Das 21 pessoas que
compõem o clube, cerca de 15 se conhecem diretamente - as demais são parentes e
amigos dos cotistas.
Como viver da música no Brasil não é fácil, e com o objetivo de promover
disciplina nos investimentos, surgiu a idéia de formar um clube, como uma forma
de entrar no mercado e driblar a falta de conhecimento e recursos.
A gestão da carteira é feita por três representantes que, também, decidem quem
pode ou não fazer parte do clube, que não é aberto. Em reuniões informais, seja
por e-mail ou até um chope, eles seguem os princípios do Instituto Nacional de
Investidores (INI):
- Investir regularmente;
- Reinvestir os dividendos;
- Diversificar;
- Só comprar empresas de crescimento;
- Privilegiar a governança corporativa.
Mulheres no poder
Com o objetivo de formar uma reserva financeira para toda a família, surgiu o
Clube DasVinte. Como o próprio nome indica, o clube é formado por 20
mulheres de uma mesma família de Campinas que resolveram "diversificar as
aplicações, pois a poupança não rendia muito".
A família criou o hábito de poupar e, com o clube, também administrado pela
Spinelli Corretora, conheceu uma nova opção para o dinheiro. Pensando no longo
prazo, o objetivo das vinte mulheres é, no futuro, investir em um imóvel ou ter
um negócio para a família, que só se separa quando o assunto é investimento.
"Quando elas se reúnem, maridos têm de ir para outro lugar".
Também formado só por mulheres, no segundo trimestre de 2007 surgiu o Gradual
Mulher, administrado pela Gradual Corretora. De acordo com Doraci R. M.
Julia, assessora de investimentos da Gradual, o objetivo do clube, hoje com 37
participantes, é levar o conhecimento do mercado às mulheres. "Elas aprendem a
ler a economia, a fala dos governantes e a criticar", revela.
Ampliando conhecimentos
Segundo Doraci, os clubes de investimento são grandes aliados da educação
financeira, o que, para ela, o Brasil não tem.
Com a idéia de ampliar conhecimentos fora da sua área de atuação, um grupo de
Engenheiros formou, em 2004, o Clube de Investimento Dimensional, formado
por 15 pessoas, entre profissionais da área de engenharia e familiares.
"O conhecimento técnico da profissão eles têm. Agora estão se educando no
mercado financeiro", explicou Doraci.
Popularização
No esforço de atrair mais investidores ao mercado, a Bovespa realiza desde 2002
o projeto "Bovespa vai até Você", em que o foco é a criação de novos Clubes de
Investimento.
Em julho, a Bovespa listou 74 clubes de investimento, que elevam para 398 o
número de novos grupos em 2007 e para 1.762, quando contabilizados desde o
início do programa de popularização. No total, a Bovespa encerrou o mês de julho
com 1.931 clubes de investimentos. O patrimônio líquido totalizou R$ 12,8
bilhões e o número de cotistas, 143.914, segundo os últimos dados disponíveis.
Abrindo um Clube
Qualquer um pode criar um Clube de Investimento, basta unir um grupo de pessoas
com o mesmo objetivo, como professores, médicos, aposentados, colegas de
faculdade etc. O clube precisa de um administrador, que pode ser uma corretora,
uma distribuidora de títulos ou um banco.
Não é necessário que todo o valor destinado ao Clube seja investido em ações,
mas deve ter no mínimo 51% aplicados neste mercado. O restante pode ser
investido em outras aplicações, como títulos de renda fixa.
Além disso, cada membro terá uma cota do Clube, que não pode ser excedida em 40%
do total. O rendimento da carteira de investimentos é distribuído conforme a
participação de cada um no Clube. A Bovespa recomenda que o investidor
interessado em fundar um Clube procure uma corretora para orientar a aplicação.
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