Após uma palestra em um congresso de RH um jornalista me fez a seguinte
pergunta: Como RH, o que você faz para lidar com problemas de improdutividade?
Como o líder deve lidar com o assunto?
Para fins de uma resposta rápida e ao mesmo tempo sistematizada, didática e
conclusiva, que permitisse ao mesmo capturar meu ponto de vista usei dois kits,
sendo o primeiro o kit de diagnóstico e o segundo, o kit de Gestão de Pessoas.
Vamos a eles.
Kit de Diagnóstico
O fator número 01 é diagnosticar. Costumo simplificar as coisas para facilitar a
tomada de iniciativas da seguinte forma:
A produtividade pode estar baixa basicamente por três coisas.
1. A pessoa não SABE o que fazer - São casos aonde se exige
maior direção por parte do líder. Maior clarificação de papeis,
responsabilidades, atribuições, prioridades e expectativa de desempenho.
2. A pessoa não QUER fazer - Quando digo não quer, estou me
referindo às questões de aderência, de engajamento e mesmo de motivação para
fazê-lo. Alguns casos são clássicos como, por exemplo, o de pessoas que não
conhecem/percebem a importância de fazer algo, de determinada forma e isso afeta
a produtividade.
3. Não há CONTROLE/GESTÃO - Sejamos realistas. Em um cenário
ainda não plenamente maduro e desenvolvido, a gestão e o controle exercem um
papel importante. Se os gestores costumam solicitar tarefas para seus liderados
e sequer fazem follow up e cobrança quanto a essas entregas, estarão
demonstrando a ausência de controle que pode suscitar complacência com a
improdutividade. Casos clássicos como excesso de dispersão e distração, falta de
foco, muitas tarefas inacabadas e padrões de baixo desempenho podem, portanto,
ser mitigados com um espectro de maior gestão, com check de atividades, de
indicadores e de resultados.
Kit de Gestão de Pessoas
Ousar colocar um aspecto tão amplo e elaborado como a Gestão de Pessoas em um
kit seria um tanto quanto arriscado e poderia desconsiderar as diversas
dimensões funcionais e psicológicas da Gestão de Pessoas. No entanto é uma boa
maneira de facilitar a compreensão daqueles que precisam encontrar soluções para
lidar com as possibilidades de diagnóstico relacionadas acima.
Nesse sentido, o "kit de Gestão de Pessoas" deve contemplar pelo menos essas
três estratégias:
Motivação e Incentivo - Aqui é o momento no qual o líder
procura auxiliar na melhoria de produtividade do funcionário através do
estímulo, da visão, da definição de metas e objetivos e do apoio ao colaborador,
através de demonstração de confiança.
Direção, Treinamento e Orientação - Em alguns casos, o problema
de produtividade pode demandar ao líder, lançar mão do seu perfil de coach e
educador. Em outros casos, inclusive de modelador. São as situações onde o líder
procura atuar na produtividade via processo de orientação e direcionamentos
específicos. O nível desta orientação dependerá muito do nível de maturidade
funcional do liderado em questão, mas o "driver" aqui é tentar via capacitação
suprir os gaps de desempenho que impactam na produtividade.
Cobrança e Gestão da Consequência - Vale observar, que um dos
aspectos que compõe o papel do líder é a sua capacidade de gestão e nesse
sentido, cabe sim ao líder atuar como um gestor e efetuar as medidas necessárias
para garantir a entrega de resultados. No que se refere à improdutividade de
membros do grupo, cabe ao gestor cobrar os padrões de produtividade adequados às
expectativas e oportunamente, expor as consequências dos baixos padrões de
produtividade, que podem inclusive impor necessidade de substituição de
determinado membro do grupo, se necessário.
Vale observar, que existe um processo de 180º quando falamos da relação entre
líder e liderados e como tal, uma co-responsabilidade no que tange à
produtividade e aos resultados. Cabe ao líder sim, ampliar a visão, tecer um
diagnóstico apurado e lançar mão de todos os seus recursos, enquanto gestor,
para auxiliar determinado membro do grupo a recuperar a produtividade. Contudo,
não cabe ao líder "salvar" aqueles que não desejam ser salvos e, sobretudo, que
não respondem a qualquer estímulo e estratégias por parte do gestor.
Cabe lembrar: fingir que um problema não existe, não faz com que ele deixe de
existir. Portanto, faça a SUA parte, inclusive se ela significar adotar medidas,
eu diria, um tanto quanto impopulares. Como diria o Jack Welch, você é líder
para liderar e não para ganhar concurso de popularidade.
Nessa semana, reflita sobre isso, faça o que precisa fazer e triunfe!