1 - QUESTÃO DE SEGURANÇA
Instalações elétricas bem mantidas são uma garantia de segurança para o
condomínio. Uma pesquisa realizada peloo Procobre - Instituto Brasileiro do
Cobre, em parceria com a USP, FAAP, Universidade Mackenzie, Instituto de Ensino
São Caetano do Sul e Senai, mostrou que é alarmante a falta de segurança nas
instalações elétricas residenciais em São Paulo. Por falta de conhecimento da
população e pela ausência de fiscalização, são utilizados produtos de baixa
qualidade, que não seguem as normas de segurança.
A falta de manutenção, nas instalações mais antigas, ocasiona sobrecargas,
curtos-circuitos, choques e até perda do patrimônio: segundo estatísticas do
Corpo de Bombeiros, as instalações elétricas inadequadas são a segunda causa de
incêndios no Estado de São Paulo.
Diante desse quadro, o Procobre elaborou um guia da Norma Brasileira de
Instalações Elétricas, a NBR-5410, norma técnica existente há 60 anos, mas ainda
desconhecida por muitos profissionais eletricistas.
O guia da norma é ilustrado, com uma linguagem fácil de ser compreendida, e está
disponível para download, no site www.procobrebrasil.org, ou pode ser solicitado
pelo site www.arandanet.com.br. Também no site do Procobre, você pode avaliar o
grau de qualidade e segurança de sua instalação elétrica, respondendo a
perguntas sobre ocorrências na parte elétrica de sua casa. De acordo com suas
respostas, você saberá se precisa chamar um eletricista.
Mas, em se tratando de condomínios, de nada adianta cada apartamento verificar o
seu quadro de luz, fiação e equipamentos, se as instalações do prédio não estão
em ordem. “Fazer uma manutenção preventiva, uma vez por ano, é questão de
segurança e não apenas de economia”, atesta Rubens Leme, analista de marketing
da Eletropaulo. Faça primeiro um histórico das contas de energia do condomínio,
para verificar se o consumo vem aumentando (o que pode ser indício de
problemas). Num circuito antigo sobrecarregado, por exemplo, o revestimento dos
fios fica ressecado, podendo causar fuga de corrente ou até um curto-circuito.
Confie a revisão das instalações sempre a um eletricista habilitado, o qual não
deve esquecer de verificar se as emendas de fios, em pontos de luz nos jardins e
escadas, estão bem isoladas. “Ele deve fazer uma contagem de carga e verificar
se a fiação está adequada a essa carga”, explica Leme. Fiação inadequada provoca
flutuação de tensão e queima prematura de lâmpadas. Em caso de problemas na
entrada do prédio, pode ser necessária a presença de técnicos da Eletropaulo:
nesse caso, oriente os funcionários do condomínio a facilitar a entrada dos
eletricistas e de suas viaturas, desde que identificados.
2 - VERIFICAÇÕES DE ROTINA
Independente de uma manutenção periódica, realizada por um eletricista
profissional, o zelador do condomínio deve estar preparado para realizar uma
vistoria no prédio, diariamente, verificando todos os componentes do sistema
elétrico (chaves, disjuntores, caixas). O Sindicato dos Trabalhadores em
Edifícios e Condomínios de São Paulo (Sindifícios) oferece para zeladores um
curso de duas horas e meia que fornece noções básicas sobre eletricidade,
cuidados necessários e providências a serem tomadas em caso de problemas
elétricos. “O zelador precisa conhecer a distribuição do sistema elétrico no
condomínio. Por exemplo, onde está a cabine primária que recebe a energia da rua
e as caixas de distribuição, que levam a energia para as áreas comuns e aos
apartamentos”, explica Gilberto Osmar Violin, instrutor de sistema elétrico, de
elevadores e de segurança patrimonial do Sindifícios. Um zelador bem treinado
certamente terá mais segurança. “Lembramos que, se ele mexer em algum componente
sem conhecer, pode sofrer acidentes graves e até fatais. Ou ainda causar um
incêndio”, completa o instrutor.
Vale lembrar que, segundo o Corpo de Bombeiros, as instalações elétricas
inadequadas são a segunda causa de incêndios no Estado de São Paulo. Além da
segurança, a economia precisa estar em pauta. Vazamentos de água, por exemplo,
causam maior gasto de energia elétrica, já que a bomba de recalque trabalhará
mais do que o necessário. “Um eletricista poderá avaliar se a bomba é adequada
para o volume de água com o qual trabalha”, orienta Rubens Leme, analista de
marketing da Eletropaulo. Vazamentos de água nos apartamentos também acarretam
mais trabalho para a bomba, consumindo mais energia. Elevadores e sistemas de ar
condicionado (especialmente em condomínios comerciais) são os itens que mais
consomem energia nos edifícios. Em relação aos elevadores, o uso racional ajuda
na economia. Por exemplo: não forçar o fechamento das portas e apertar a
botoeira apenas para subir ou descer. Campanhas educativas entre os moradores -
principalmente adolescentes e crianças - costumam ajudar na conscientização.
Prédios que contam com sistemas de ar condicionado central devem orientar os
condôminos a usar bem o ar frio que está sendo gerado, mantendo as janelas do
ambiente bem fechadas. A limpeza dos dutos do sistema também auxilia na economia
de energia, além de garantir a qualidade do ar.
3 - RESPONSABILIDADE
O engenheiro eletricista e mecânico Duílio Moreira Leite sentiu na própria pele
o descaso dos condomínios em relação às instalações elétricas. O prédio em que
mora teve a energia cortada pela Eletropaulo por não ter realizado as reformas
solicitadas pela concessionária. Com a interferência do engenheiro, o condomínio
deixou a parte elétrica em ordem e teve o problema resolvido. “Os condôminos
acham que as reformas de elétrica são caras. Para meu espanto, logo depois desse
fato, uma assembléia no meu prédio aprovou rapidamente a reforma do salão de
festas, que tinha um valor muito mais alto do que a elétrica”, conta Duílio.
Segundo o especialista, prédios construídos há mais de 20 anos estão com as
instalações elétricas no fim da vida. “As cargas aumentaram, já que hoje existem
muito mais aparelhos elétricos. O resultado é o aquecimento dos condutores e a
deterioração da isolação”, diz. De acordo com Duílio, se um acidente for causado
por falha na instalação elétrica, o engenheiro que fez o projeto e assinou a
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) será responsabilizado civil e
criminalmente. Se o síndico chamou alguém não autorizado, ele próprio será o
responsável. Duílio lembra do incêndio no Edifício Joelma, causado por um
eletricista que instalou indevidamente um aparelho de ar condicionado.
Para o engenheiro Milton Lucas, que durante 23 anos trabalhou na Eletropaulo, é
importante que os condomínios solicitem um estudo de carga a uma empresa
especializada. “Através do estudo de carga podemos avaliar o dimensionamento
elétrico de uma edificação”, explica, ressaltando que o procedimento é
necessário tanto para prédios novos como antigos. Em caso de carga excessiva, o
aquecimento dos fios prejudica sua condutibilidade e resistência de isolação,
causando também a perda de energia ao longo dos circuitos. “Curto-circuitos
podem ser gerados por sobrecargas e cargas ligadas inadequadamente no sistema”,
completa. Vale lembrar que, segundo o Corpo de Bombeiros, as instalações
elétricas inadequadas são a segunda causa de incêndios no Estado de São Paulo.
4 - MANUTENÇÃO PREVENTIVA
A melhor maneira de evitar problemas é procedendo a uma cuidadosa manutenção
preventiva. “Ela evita danos futuros em todas as instalações elétricas”, opina o
engenheiro eletricista Rodrigo Costa dos Reis. Alguns dos procedimentos
necessários são reapertos de terminais e limpeza de contatos. A presença de
cupins nas partes de madeira dos centros de medição também é comum. É indicada
uma revisão periódica nesses centros. “Os cupins comem até as capas dos fios”,
conta. Na opinião de Rodrigo, o ideal é fazer a manutenção preditiva, ou seja, a
troca dos equipamentos antes de quebrarem. “Os condomínios, principalmente
residenciais, não têm cultura de manutenção. Custa muito mais caro consertar do
que manter”, completa.
“Prédios que não fizeram a atualização das suas instalações ficaram defasados”,
acredita o engenheiro eletro-técnico Leandro Amatti dos Santos. “Costuma-se
trocar o disjuntor existente por um de maior capacidade. O síndico acha que
resolveu o problema, mas causou um maior ainda. O disjuntor não cai mais, mas
põe em risco toda a fiação”, explica Amatti.
Essa troca de disjuntor pode até acarretar ao condomínio uma autuação por parte
da Eletropaulo, que considera o procedimento um aumento de carga à revelia: “O
condomínio responde por irregularidade no centro de medição.” O recomendável é
acionar uma empresa especializada para fazer um projeto de reestudo de carga,
que é encaminhado para aprovação da Eletropaulo. “Com esse projeto, o síndico
tem condições de solicitar vários orçamentos para o mesmo serviço”, orienta
Leandro, lembrando que é essencial procurar empresas idôneas e especializadas na
área. “Nós, por exemplo, trabalhamos com a termografia, uma tecnologia de
primeiro mundo para diagnosticar o aquecimento de peças antes que elas tragam
problemas”, exemplifica.
5 - LÂMPADAS
Além da necessidade do aumento de carga, atualmente os condomínios dispõem de
equipamentos elétricos mais modernos e que auxiliam na economia de energia. É o
caso dos sensores de presença e das lâmpadas fluorescentes compactas. “Há uma
preocupação com a economia e com a qualidade da iluminação, que interfere
inclusive na decoração de halls, salões e jardins”, constata Gladiston Moretti,
distribuidor de material elétrico. Moretti recomenda aos síndicos a compra de
material elétrico, inclusive lâmpadas, em lojas especializadas, que dão garantia
do produto. Outro comerciante do setor, Luiz Fernando G. Rosa, também tem
percebido uma maior procura por produtos que auxiliem o condomínio a economizar
energia. “Sensores de presença são muito usados nos halls e nas garagens”,
afirma.