Investidores podem optar por fundos e
clubes de investimento.
Quem aplica não deve esperar ficar milionário, adverte especialista.
Não existe um valor mínimo para começar a investir no mercado de capitais. A
quantia investida depende da aplicação, do valor das ações e da instituição
escolhida. Algumas corretoras oferecem clubes de investimento (veja abaixo) em
que é possível investir a partir de R$ 50 mensais.
Por ser uma aplicação de risco, o professor Crivelaro recomenda não ter mais
do que 20% das economias investidos no mercado de capitais. "Precisa ser um
dinheiro que a pessoa realmente não precise – que se perder não vai afetar sua
vida", diz.
O engenheiro civil Jansen Treiger segue a recomendação do professor e mantém
16,34% de seus investimentos em ações. "O resto mantenho em fundos imobiliários
e fundos de investimento", diz. Já o empresário Marcelo Guerrero tem um perfil
arrojado de investimento: 100% de suas economias estão aplicadas na bolsa. "Quem
quer ganhos altos tem que correr riscos", afirma.
Fundos multimercado (risco baixo)
São indicados para quem vai fazer a "transição" da poupança e dos
fundos de renda fixa para os investimentos em renda variável (ações). Os fundos
multimercado são formados por ativos de renda variável e de renda fixa.
A rentabilidade é pouco maior que a renda fixa, e os fundos oferecem a garantia
de não precisar arriscar todo o valor investido. As cotas podem ser adquiridas
nos bancos, que administram a carteira do fundo.
Fundos de ações (risco médio)
Também administrados por bancos, são ideais para quem quer arriscar um pouco
mais. Nesse caso, o banco gerencia um "pacote" de ações de várias empresas e o
investidor compra parte desse bolo. Como as ações estão diluídas entre empresas
diferentes, o risco de perda é reduzido.
Crivelaro recomenda evitar os chamados fundos setoriais, formados por ações de
um mesmo segmento (empresas de energia, de telefonia etc.) e optar pelos que
andem paralelo ao índice Bovespa, que têm boa rentabilidade e são mais simples
de acompanhar.
Clubes de investimento (risco médio)
Tipo de investimento que ganhou popularidade nos últimos anos, os clubes
funcionam como um investimento coletivo. Um grupo de pessoas – que podem ser
funcionários de uma mesma empresa, familiares ou amigos – se junta para investir
em ações.
Nesse caso, quem decide em quais papéis investir é um dos membros do clube, que
vai representá-lo e passar as ordens de compra e venda a uma corretora
contratada. Algumas instituições já têm clubes aos quais é possível aderir.
O advogado Pérsio Freitas reuniu um grupo de amigos e procurou uma corretora
para iniciar um clube de investimentos. "Com o clube, nós compartilhamos a
gestão e diluímos o risco", diz ele.
Individualmente (risco alto)
O investimento direto em ações é recomendado apenas para quem tem disposição
para correr riscos e tempo para dedicar aos investimentos. "Para um
principiante, é uma forma de investimento muito ousada", diz Crivelaro.
Nessa modalidade, o investidor dá as ordens de compra e venda de ações
diretamente a uma corretora contratada para atuar na bolsa em seu nome. Por
isso, quanto mais informações sobre o mercado e as empresas o investidor tiver,
melhores as chances de ser bem-sucedido. "É preciso um conhecimento elevado do
mercado de capitais, de política, de economia. Tem que ser uma pessoa que tenha
fundamento e possa dedicar algumas horas por dia a isso", adverte o consultor.
Para o engenheiro Jansen Treiger, é preciso disciplina para investir
individualmente: "Tenho o hábito de todos os dias, de manhã cedo, olhar o site
da Bovespa, ver o que aconteceu no dia anterior. Também verifico os balanços das
empresas".
Quem opta por investir individualmente passou a contar, nos últimos anos, com o
home broker, um sistema que permite enviar ordens de compra e venda às
corretoras pela internet.
Com os altos rendimentos da bolsa nos últimos anos, muitos investidores
esperam multiplicar o dinheiro em pouco tempo. Mas, segundo Crivelaro, a
realidade é diferente: "Quem faz esse tipo de investimento deve ter em mente um
retorno de cerca do dobro obtido na poupança", afirma. "Não é para pensar que
vai ficar milionário".