Carreira / Emprego - Mulheres e homens ( chefes ou chefas ): será que existe diferença no estilo de liderança?
Por mais que as mulheres tenham conquistado espaço no mercado de trabalho, sua
participação nos cargos de chefia ainda não reflete isso. Basta ver que, apesar
de sua participação ter crescido de maneira significativa nas últimas décadas, a
parcela de mulheres que chegou a cargos de diretoria ou presidência nas mil
maiores empresas de capital aberto do mundo ainda é de apenas 2%.
A constatação não chega a surpreender, já que, ao longo de sua vida
profissional, as mulheres são forçadas a fazer escolhas difíceis entre família e
trabalho. Porém, estudo recente, elaborado pela consultoria norte-americana
Catalyst, também constata que a situação pode refletir a percepção que tanto
homens quanto mulheres têm do perfil do líder ideal.
Quase metade optou por não ter filhos
Para quem não acredita na argumentação de que a decisão de ter filhos possa
dificultar o crescimento profissional das mulheres, vale lembrar que a maior
parte dos profissionais alcança seu sucesso e maturidade entre os 30 e 40 anos,
época que coincide com a idade em que a maioria das mulheres pensa em ter
filhos.
Por mais que a ciência tenha acrescido alguns anos ao relógio biológico das
mulheres, a verdade é que a decisão de ter filhos após os 40 anos é incompatível
com um cargo de diretoria ou presidência. Alguém consegue imaginar algum diretor
tendo que se ausentar de uma reunião porque sua bolsa de água estourou, ou
porque tem um exame pré-natal?
A capacidade de conciliar as duas tarefas não depende apenas, como defendem
alguns, da vontade e dedicação das mulheres, mas também do apoio que a sociedade
e os empregadores lhe dão. Assim, não é de se surpreender que o estudo divulgado
pelo Fórum Econômico Mundial, em 2005, afirme que 49% das mulheres que
alcançaram uma posição de liderança nos EUA não têm filhos. Entre os homens esta
parcela é bem menor, de 19%.
Se considerarmos que as empresas norte-americanas respondem por uma grande parte
das maiores empresas de capital aberto do mundo, não é de surpreender que apenas
2% das mulheres tenham posição de liderança entre estas empresas.
Estilos não diferem, mas percepção sim!
Por mais que muitas de nós acreditemos que este é o principal fator por trás da
diferença de oportunidades entre os sexos, a verdade é que a percepção que temos
de nós mesmas também contribui para reforçar essa diferença.
Após analisar 40 estudos já conduzidos sobre a existência ou não de diferenças
nos estilos de liderança das mulheres e dos homens, a Catalyst constatou que a
resposta a esta pergunta é negativa. Em outras palavras, os homens e as mulheres
que chegam à liderança adotam estilos semelhantes, não podendo, portanto, ser
identificadas diferenças marcantes.
Feito isso, a Catalyst entrevistou 296 executivos de ambos os sexos - 85% dos
quais já tinham assumido cargo de presidência, na tentativa de classificar a
eficácia de mulheres e homens em dez situações distintas de liderança. Na tabela
abaixo ilustramos como homens e mulheres se avaliam em cada uma dessas
categorias.
Qual dos dois é melhor na sua percepção?
Característica |
Homens |
Mulheres |
Aconselhar |
Iguais |
Iguais |
Apoiar |
Mulheres são melhores |
Mulheres são melhores |
Dar consultoria |
Iguais |
Mulheres são melhores |
Delegar |
Homens são melhores |
Homens são melhores |
Formar rede de contatos |
Iguais |
Homens são melhores |
Montar equipes |
Iguais |
Mulheres são melhores |
Influenciar superiores |
Homens são melhores |
Homens são melhores |
Inspirar profissionais |
Homens são melhores |
Mulheres são melhores |
Reconhecimento das pessoas |
Mulheres são melhores |
Mulheres são melhores |
Resolução de problemas |
Homens são melhores |
Mulheres são melhores |
Uma breve análise dos dados confirma que os homens acreditam ser melhores em
algumas das principais características de um líder: para resolver problemas,
delegar, inspirar equipes e influenciar superiores. Percepção que é parcialmente
compartilhada pelas próprias mulheres.
Considerando que os homens ainda dominam a liderança das empresas, o que a
pesquisa sugere é que, a menos que haja uma mudança significativa de percepção,
não há porque acreditar que as mulheres devem dar passos significativos no
sentido de assumir a liderança das principais empresas do mundo.
Afinal, se existe uma coisa em que os dois sexos concordam é que as mulheres são
melhores no relacionamento com os funcionários, enquanto os homens se destacam
ao assumir o comando, pois parecem ser mais eficientes ao delegar, ao
influenciar seus superiores e ao montar uma rede de contatos.
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