Pés e pernas inchados são um problema comum em pacientes com doenças
neuromusculares. Geralmente isso ocorre pela falta de ação muscular das pernas,
mas é muito importante compreender por que ocorre o edema, e principalmente como
proceder para minimizar este tipo de problema.
O que causa um edema?
O coração bombeia o sangue através das artérias sob pressão. À medida que as
artérias se ramificam em artérias menores e subseqüentemente em minúsculos
capilares, a pressão diminui. O oxigênio é removido do sangue nos capilares e o
sangue "usado" flui para as veias, para retornar aos pulmões para a reoxigenação.
Infelizmente, a pressão gerada pelo batimento cardíaco já foi perdida nesse
estágio e o sangue depende da simples pressão para voltar para o coração. Isso é
auxiliado pela atividade muscular - o movimento muscular comum "espreme" as
veias e empurra o sangue. As veias têm poucas válvulas unidirecionais durante
todo seu trajeto; essas válvulas impedem o sangue de retornar, à medida que ele
é "empurrado" em direção ao coração.
O que ocorre quando se perde o movimento do músculo?
Torna-se muito mais difícil propelir o sangue das pernas para o coração. O
sangue fica represado nas veias que se distendem. A água extravasa das veias
distendidas para os tecidos e suas pernas e pés incham (edema). Com os episódios
repetidos de inchaço, as pequenas veias sofrem lesões, permitindo o
extravasamento e a água extravasa das veias para os tecidos ainda mais
facilmente.
Nessa ocasião, as válvulas sofrem um colapso sob o peso maciço de todo o sangue
que se represou acima delas. Essa lesão das válvulas é permanente. Sem as
válvulas, o sangue se represa nos pés de modo ainda mais grave do que antes e as
válvulas remanescentes ficam sujeitas a uma pressão ainda maior.
Pode haver complicações?
Sim. A circulação lenta permite que o sangue se represe e, quando não está em
movimento, o sangue tende a coagular-se. Pode formar-se um coágulo sangüíneo
(trombo) que pode não apenas impedir adicionalmente a circulação, mas
desprender-se e ser levado aos pulmões ou cérebro. Felizmente, isso não parece
acontecer tão freqüentemente quanto deveria ocorrer, mas é preciso informar o
seu médico imediatamente se uma perna subitamente parecer muito mais inchada ou
se o inchaço não diminuir durante a noite, como habitualmente, e especialmente
se a perna se tornar dolorosa.
O que pode ocorrer a longo prazo?
A longo prazo, a circulação lenta começa a afetar a pele das pernas e pés. A
pele torna-se frágil e cicatriza-se muito lentamente, quando sofre uma lesão.
Mesmo sem uma lesão, podem surgir úlceras chamadas de "úlceras de estase". Elas
são extremamente difíceis de cicatrizar, porque o fluxo sangüíneo para a pele é
muito ruim.
Existe algum tipo de tratamento para as pernas inchadas?
Sim, mas se não podem curar o problema, podem minimizá-lo e retardar as lesões.
Os hospitais freqüentemente usam dispositivos para melhorar o fluxo sangüíneo
dos pés dos pacientes que devem ficar confinados ao leito durante um período,
para reduzir o risco de coágulos sangüíneos.
As meias elásticas ou de compressão são, de longe, o dispositivo mais comum. Ao
comprimir as pernas e os pés um pouco, as meias elásticas impedem as veias de se
distender. Você pode solicitar a seu médico uma prescrição de meias elásticas,
mas, a menos que você tenha braços e mãos fortes, você precisará de ajuda, para
colocá-las.
Os hospitais também usam tipos de "botas" que são infladas e desinfladas, para
auxiliar a bombear o sangue. Um estudo aparentemente demonstrou que a simples
alternância de pressão na planta dos pés melhora muito o fluxo, de modo que
algumas marcas de botas simplesmente aplicam ondas de pressão na planta dos pés.
Não creio que elas estejam disponíveis para uso domiciliar.
Que tipos de exercícios podem ser feitos?
Uma parte essencial do tratamento é deitar-se e elevar suas pernas acima do
nível do coração a intervalos durante o dia. Não é preciso permanecer deitado
durante períodos longos; bastam períodos de 15 minutos ou mesmo 5 minutos, mas é
preciso estar deitado com as pernas elevadas.
Colocar os pés sobre um apoio para pés (suavemente e o mais alto possível), sem
estender os quadris, é minimamente útil, porque essa flexão também facilita o
fluxo de sangue.
E não esqueça: deitar-se o máximo possível e elevar os pés tanto quanto possível
é melhor que nada.
Que cuidados se deve ter ao sentar-se em cadeiras de rodas?
Você precisa ter certeza de que a distância entre sua perna e o apoio para os
pés é suficiente, de modo que exista uma pressão mínima sobre a parte posterior
da região inferior da coxa e joelho. Manter as pernas pendentes é um caminho
certo para ter problemas circulatórios. Tente elevar o apoio dos pés dois ou
três centímetros e assegure-se de que existe pouca ou nenhuma pressão na parte
posterior da coxa.
Se você colocar uma almofada na cadeira de rodas, depois da altura do apoio para
pés ter sido ajustada, você precisa ajustar novamente o apoio para pés para
compensar a altura da almofada. Por exemplo, acrescente uma fileira de almofadas
de espuma no apoio para pés sob os tornozelos, para tirar parte do peso que
recai sobre as panturrilhas.
O que mais se pode fazer para minimizar o inchaço das pernas e pés?
Existem várias maneiras, algumas muito simples, que podem auxiliar neste
processo:
Mantenha os pés resfriados
Sentar ao sol durante alguns minutos é o suficiente para que os pés inchem
rapidamente. Isso ocorre devido a dilatação dos vasos sangüíneos. Manter as
pernas à sombra faz diferença, mas geralmente mantê-los resfriados é importante.
Limite a ingestão de sal
Esse item costumava estar no topo da lista de coisas a fazer para minimizar o
inchaço, mas a necessidade disso é questionada hoje. Basta dizer para não ser
excessivamente indulgente com os alimentos salgados.
O que fazer ao perceber um coágulo na perna?
Para reduzir o risco de coágulos sangüíneos, assegure-se de que você está bem
hidratado (uma razão para não usar diuréticos). Se você suspeitar de que você
pode ter um coágulo em uma perna, NÃO massageie a área. Eleve-a e chame seu
médico.