Em cenários de queda nas taxas de juros, ainda não acompanhada por maior
acessibilidade e barateamento do crédito, os investidores procuram alternativas
de investimentos e os empresários buscam por formas mais vantajosas de
financiamento. Neste panorama, os FIDCs, ou Fundos de Investimento em Direitos
Creditórios, ganham maior visibilidade como alternativa de investimento.
Devido às suas particularidades, decorrente principalmente de sua estrutura
bastante flexível, estes fundos ainda são pouco conhecidos. Contudo, a tendência
é de popularização e forte crescimento nos próximos anos.
Na hora de investir em securitização, o investidor deve analisar as diversas
características dos tipos de recebíveis que compõem o FIDC no qual se deseja
aplicar, dada a imensa gama de combinações à qual este tipo de fundo tem acesso.
Tipos de recebíveis que podem compor um FDIC
As carteiras dos FIDCs podem ser compostas de diferentes combinações de risco e
liquidez. Estes recebíveis podem ser da forma "a performar" (ou "não performados"),
ou seja, resultantes de um contrato futuro de entrega ou prestação de serviços,
ou da forma "performados", quando a entrega ou prestação de serviços às quais o
recebível se refere já estão consumadas.
Além disso, os recebíveis também podem ser classificados como resolventes ou
estáticos. Enquanto os resolventes se referem a uma entrega ou prestação de
serviços que necessariamente exige uma reposição - como, por exemplo, nos
financiamentos de bens duráveis -, os estáticos respondem pelos financiamentos
de projetos de longo prazo.
Nesta classificação, os recebíveis considerados de maior risco são os,
simultaneamente, a performar e estáticos.
Como avaliar a qualidade e a credibilidade dos recebíveis?
Considerando as infinitas possibilidades de combinações possíveis na
constituição de uma carteira de securitização, é possível identificar estruturas
que envolvem um cedente de recebíveis e vários sacados, vários cedentes e apenas
um sacado, e também vários cedentes e vários sacados, o que nos dá a real
dimensão da grande flexibilidade que caracteriza os FDICs.
A escolha dos recebíveis que irão compor um fundo deve considerar, além das
características básicas acima listadas, os eventuais riscos de quem cede o
recebível. Nesta análise, devem ser consideradas tanto a capacidade de um
cedente em gerar novos recebíveis como a performance do originador, ou seja, se
o cedente dos recebíveis tem registro de eventuais problemas com a entrega ou
prestação de serviços, o que pode prejudicar a credibilidade deste recebível.
Além disso, a aceitação dos recebíveis no âmbito de negociação de securitizações,
a taxa de inadimplência dos sacados da entidade que o cede e a concentração dos
recebíveis por sacado e/ou por atividade de entrega ou prestação de serviços
também devem ser consideradas na análise do investidor na hora de escolher por
um fundo de securitização.
Estrutura e riscos: análise também é fundamental
Assim como no estudo da qualidade e credibilidade dos recebíveis, são vários os
pontos a serem ponderados na hora de avaliar a natureza dos riscos que podem
afetar os fundos de direitos creditórios.
Fatores como risco de inadimplência ou atraso no crédito dos recebíveis, perdas
de causas judiciais referentes à cobrança de direitos creditórios, contratempos
no setor ou na empresa originadora do recebível e a liquidez tanto dos
recebíveis quanto do mercado secundário de cotas do fundo devem ser ponderados
pelo investidor.
Por fim, não pode ser descartada da apreciação do investidor a estrutura da
carteira do fundo, análise esta que engloba diversas características de um FDIC.
Neste quesito, deve-se observar o tipo de cota do fundo, o lastro no qual estão
asseguradas eventuais inadimplências dentre os recebíveis e a estrutura jurídica
do âmbito institucional que administra e na regulamenta o FDIC