A febre dos sites de compras coletivas ultrapassou as mesas dos restaurantes
e as salas de esperas de clínicas de estética e chegou às salas de aulas de
universidades privadas. Já é possível conseguir descontos na matrícula e nas
mensalidades do curso superior.
Mas, de acordo com o consultor dos comitês de Compras Coletivas e diretor da
Câmara-e.net (Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico), Gerson Rolim, é preciso
se atentar para alguns pontos importantes antes de optar por um curso superior
motivado pelo desconto oferecido.
“Assim como com qualquer compra efetuada por meio de sites de compra
coletivas, é importante que o consumidor conheça e saiba exatamente o que está
adquirindo”, afirma Rolim. No caso de cursos superiores, esta necessidade é
ainda maior, por conta do valor e do tempo investidos. “Não faz nenhum sentido
optar por determinado curso apenas porque ele oferece um bom desconto. Esta é
uma decisão muito importante, que envolve a carreira e a vida da pessoa”,
ressalta o executivo.
Por isso, ele aconselha que o futuro aluno faça uma pesquisa sobre a
universidade e os cursos oferecidos e verifique se aquele que ele escolheu
possui referências e é bem analisado por outros alunos. “Você consegue pesquisar
na própria internet, ver opiniões e obter diversas informações sobre a
faculdade”, diz.
Também é importante saber se a universidade tem autorização do MEC
(Ministério da Educação) e como os seus cursos são classificados pelo
Ministério. “A pesquisa e análise de todos esses pontos é fundamental para que
não haja arrependimento”, afirma Rolim.
Vagas sobrando
O gerente de marketing do Clube Educação, único site de compras coletivas de
cursos superiores do Brasil, Luiz Romel, ressalta que existem muitas vagas
disponíveis nas universidades particulares e uma grande quantidade de estudantes
que querem fazer um curso superior, mas não tem condições de arcar com os
custos.
“A ociosidade nas universidades particulares atualmente é de cerca de 50%.
Isso quer dizer que, de cada duas vagas disponibilizadas pela faculdade, apenas
uma é preenchida”, afirma.
Segundo ele, o modelo de descontos beneficia tanto as instituições de ensino
quanto os alunos. “A faculdade tem os seus gastos fixos com segurança,
manutenção, energia, professores... que não vão mudar se a sala de aula estiver
vazia ou cheia. Então, elas precisam ter mais alunos para poder arcar com todos
estes gastos”, afirma.
Desconto de longo prazo
Diferente dos produtos tradicionais oferecidos pelos sites de compra
coletiva, como refeições e produtos de beleza, cuja utilização é imediata, o
conceito do site trabalha com descontos classificados como “de longo prazo”. “Na
educação, o serviço é de ciclo longo e pode durar até 5 anos”, ressalta Romel.
Por isso, a comercialização do desconto também é feita de maneira diferente.
“Seria impossível comercializar da mesma maneira de um site de compras coletivas
tradicional, porque são cursos que podem custar mais de R$ 30 mil no final”,
diz.
O cliente compra uma taxa de adesão, recebe um código e, com ele, consegue o
desconto na matrícula e mensalidades da universidade.
Vestibular
O executivo ressalta que os procedimentos para ingresso no curso superior
são exatamente iguais e não sofrem nenhuma alteração pelo fato de ter sido
comprado por meio de um site de compras coletivas.
“É preciso fazer os processos seletivos e ser aprovado pela universidade para
poder ingressar no curso”, diz Romel.
No site também há uma "recomendação" aos consumidores para que não realizem
adesão à oferta caso não estejam legalmente habilitados para serem admitidos no
curso. "Para cursos de Graduação é necessário possuir o ensino médio completo e
para cursos de Pós-graduação é obrigatório ter o 3º grau completo e observar as
restrições de área de formação, caso aplicável", diz o site.