Existem alguns momentos na vida em que é necessário procurar ajuda para
conseguir atingir determinado objetivo. No caso das finanças e dos investimentos
não é diferente e é bastante comum as pessoas recorrerem a consultores ou
especialistas para conseguirem.
“As finanças são algo importante demais para se 'terceirizar', mas, em algum
momento, as pessoas podem precisar de ajuda profissional especializada”, afirma
o especialista da MoneyFit, André Massaro.
Entretanto, segundo ele, é importante se atentar para quem você vai consultar
em caso de necessidade. “É só falarmos que estamos passando por algum problema
financeiro e logo aparece um 'Einstein das finanças', propondo uma solução
simples (a palavra mais adequada seria 'simplista') para um problema complexo”,
diz.
Mas, então, quem procurar, quando for preciso pedir algum tipo de auxílio em
relação às finanças pessoais? Para auxiliar, o especialista listou os tipos de
profissionais que estão disponíveis para ajudar o investidor e o poupador.
Confira:
O gerente de banco
O gerente de contas é o profissional responsável pelo relacionamento do
banco com seus clientes. “Sua função primária é 'vender' os produtos e serviços
do banco e sua função secundária é ajudar os clientes e orientá-los no uso
adequado desses produtos e serviços”, diz.
Segundo ele, é importante deixar claro essa diferença entre a função primária
e secundária. “O cliente precisa entender que, quando ele busca orientação de um
gerente de banco, há um conflito de interesses inerente. As instituições
financeiras estão conscientes desse conflito e, por isso, cada vez mais exigem
que seus profissionais sejam certificados para assegurar que atendam a rigorosos
padrões técnicos e éticos”, afirma.
O especialista aponta que, em geral, gerentes de banco são pessoas
capacitadas e altamente íntegras, mas, em algumas situações, podem acabar
induzindo clientes a tomar decisões que não são as melhores para eles. “Isso
pode ocorrer por despreparo, por pressão do empregador para cumprimento de metas
comerciais ou mesmo por algum deslize ético. Por isso, é sempre interessante ter
algum grau de educação financeira para poder discutir com seu gerente de igual
para a igual. E, na dúvida, nunca se esqueça que o gerente trabalha para o
banco, e não para você”, diz.
O administrador de carteiras
O administrador de carteiras é um profissional autorizado pela CVM (Comissão
de Valores Mobiliários) a tomar decisões de investimento em nome de seus
clientes. “Em poucas palavras, isso significa que ele pode 'mexer no seu
dinheiro', comprando ações e títulos sem necessariamente consultá-lo antes”,
afirma Massaro.
Segundo ele, os requerimentos para se tornar administrador de carteiras são
rigorosos, por causa do potencial risco para os clientes, caso estes
profissionais não trabalhem corretamente. “Se você precisa de alguém para 'tomar
conta' de seus investimentos, tomando decisões em seu lugar, você precisa de um
administrador de carteiras”, diz Massaro.
Ele lembra que os administradores de carteiras autorizados a trabalhar estão
listados no site da CVM, na seção “participantes do mercado”. “Certifique-se de
que o nome do profissional está lá antes de contratar qualquer serviço”, diz..
“Em geral, administradores de carteira que trabalham de forma independente são
remunerados através de um percentual dos lucros que eles geram”, finaliza.
O consultor de valores mobiliários
Segundo Massaro, o papel do consultor de valores imobiliários é dar
recomendações de compra e venda de valores mobiliários, como ações e debêntures.
“É este profissional que você deve consultar, caso queira saber qual ação deve
comprar ou vender”, diz.
Ele lembra que esses consultores também precisam de registro na CVM e estão
listados no site da autarquia. “Consulte o registro antes de contratar serviços
de profissionais que se apresentam como tal”, aconselha.
A remuneração do consultor de valores mobiliários é cobrada diretamente do
cliente. “Para evitar conflitos de interesse, consultores de valores mobiliários
não devem receber comissões por suas indicações de produtos e serviços
financeiros”, finaliza.
O analista de valores imobiliários
Também registrado na CVM, este profissional tem como função elaborar estudos
que sirvam de base para decisões financeiras. “Normalmente, esses profissionais
trabalham para instituições financeiras e consultorias especializadas”, diz
Massaro.
Segundo o especialista, eles podem dar suas opiniões sobre os ativos
financeiros que analisam, mas não podem “induzir” pessoas diretamente a tomar
decisões .”Esse é o trabalho do consultor de valores mobiliários”, diz.
O agente autônomo de investimentos
Massaro classifica este profissional como uma espécie de “representante
comercial” de instituições financeiras. “Sua função é, basicamente,
comercializar produtos da instituição que representa e prover um suporte técnico
limitado a seus clientes. Ele não pode exercer atividades como administração de
carteiras ou consultoria, a não ser que esteja autorizado pela CVM”, diz.
Segundo ele, o caminho para se tornar um agente autônomo de investimentos é
relativamente fácil. “É preciso apenas segundo grau completo e não é exigida
experiência anterior. Basta passar na prova e não estar legalmente impedido. Por
isso, dentre as funções regulamentadas pela CVM, é aquela que apresenta maior
número de restrições e limitações”, afirma.
A remuneração dele é paga pela instituição que ele representa e nunca pelo
cliente. Assim como outros profissionais registrados na CVM, seus nomes estão
disponíveis no site da autarquia para consulta.
O planejador financeiro
Este profissional também é conhecido simplesmente como “consultor
financeiro”. “Ele tem como função ajudar o cliente a resolver situações pontuais
(como negociar uma dívida ou planejar a aposentadoria) ou então fazer um
planejamento financeiro completo, que pode envolver toda a família do
indivíduo”, diz Massaro.
O especialista lembra que o planejador financeiro não pode exercer atividades
reservadas aos profissionais registrados na CVM - a não ser que ele mesmo seja
um deles. “O planejador financeiro pode, em muitos casos, trabalhar em conjunto
com um consultor de valores mobiliários ou administrador de carteira”, afirma.
Segundo ele, a profissão de planejador financeiro não é regulamentada. “Mas
existe uma certificação chamada CFP (Certified Financial Planner), muito popular
nos EUA e que no Brasil é emitida pelo IBCPF (Instituto Brasileiro de
Certificação de Profissionais Financeiros), ligado à Anbima (Associação
Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais)”, diz. “A
certificação não é obrigatória, mas, como o processo para obtê-la é bastante
rigoroso, escolher um profissional certificado dá alguma segurança de que ele
está alinhado com altos padrões técnicos e éticos”, completa.
O coach financeiro
Massaro aponta que o coach é um profissional cujo trabalho é capacitar seu
cliente para atingir um determinado objetivo – no caso, financeiro. “O coach não
é um consultor, no sentido de ser alguém que diz ao cliente o que ele deve
fazer. O coach orienta o cliente em um processo de aprendizado e capacitação,
para que ele possa tomar decisões e atingir objetivos por si mesmo”, afirma.
Segundo ele, o coaching não é regulamentado. “Tecnicamente falando, qualquer
um pode sair por aí dizendo que é coach, por isso, é importante conhecer a
reputação e o histórico do profissional antes de contratá-lo. Existem inúmeras
entidades que “certificam” coaches, mas nenhuma delas tem qualquer
reconhecimento oficial”, diz.
O picareta (deve-se ficar longe...)
De acordo com Massaro, este nem sempre é tão fácil de identificar. “Existem
picaretas de todos os tipos. Tem aquele que você sabe que é picareta a
quilômetros de distância, e também tem aquele que em nada aparenta ser um
picareta, mas ele é”, alerta.
Ele lembra que alguns maus profissionais podem inclusive ser certificados por
órgãos oficiais e com histórico profissional impecável, mas acabam usando a
profissão para levar algum tipo de vantagem.
“Fique atento a supostos profissionais financeiros que oferecem investimentos
fantásticos com retorno 'garantido' ou que propõem esquemas obscuros resolução
de dívidas onde você tem que colocar 'algum dinheiro' na frente. Você pode estar
de cara com um legítimo picareta”, alerta.