Para alcançar excelência organizacional, cada pessoa deve ser encarada como
um centro de excelência e cada equipe como um centro de negócios. Cada
subsistema deve adequar-se ao sistema total. A isto se chama alinhamento que
permita conduzir à consistência e integração. E dentro dessa conceituação
sistêmica, o resultado não deve constituir apenas a soma das partes envolvidas.
Somar é fácil. O difícil é multiplicar. E a excelência é sem dúvida uma das
decorrências desse emergente sistêmico que é a sinergia. Algo difícil, complexo,
singular, específico, mutável, instável.
Contudo, para transformar cada pessoa em um centro de excelência é preciso
que ela adquira competências individuais, técnicas e sociais através de uma
aprendizagem constante e ininterrupta, seja liderada e impulsionada, seja
direcionada para metas e objetivos, esteja engajada e motivada, receba
incentivos e recompensas pelas suas conquistas e se sinta fazendo parte
integrante da turma. Olhar cada indivíduo é importante por que cada pessoa é em
si um universo, um mundo diferente, um poderoso sistema de aprendizagem e
inteligência. Mas é igualmente importante ver o todo organizacional, ou seja, o
universo de indivíduos e grupos, cada qual dando a sua parcela de contribuição.
Este é um paradoxo da empresa moderna.
E tudo isso exige alguns cuidados a saber:
- Planejamento da gestão de pessoas no longo prazo para buscar a
experiência, conhecimento e competências necessários a cada ação futura. Cada
administrador deve ser mais do que um simples gestor de pessoas. A gestão do
conhecimento corporativo deve estar presente na gestão das pessoas, pois afinal
quem aprende não é exatamente a empresa – que é uma ficção conceitual ou legal –
mas as pessoas que dela participam, pensam e reflexionam, tomam decisões, agem e
avaliam seus comportamentos em função dos resultados alcançados. Uma das
responsabilidades do gestor de pessoas é contribuir para que o conhecimento seja
devida e rapidamente compartilhado e aplicado pela sua equipe. Conhecimento sem
utilização de nada vale.
- Para obter resultados diferentes são necessárias competências diferentes
e, muitas vezes, pessoas diferentes. Isso implica em fazer profundas mudanças
nos tradicionais programas de recrutamento e seleção, onboarding, treinamento e
desenvolvimento, incentivos e recompensas, sucessão, para acompanhar e
aproveitar as mudanças que ocorrem no negócio da empresa, no mercado, na
tecnologia, na concorrência, etc. Tudo isso precisa deixar de ser executado
exclusivamente pelo RH e ser estendido a todos os líderes da empresa e,
principalmente com a ativa participação dos principais interessados: todos os
colaboradores da empresa. Sem eles, nada feito.
- Já que os negócios são globais e planetários, o treinamento e a
capacitação precisam tornar as pessoas cidadãs globais e adequadas a diferentes
culturas no cotidiano de trabalho. É preciso que as pessoas adquiram visão
periférica e aprendam com o mundo exterior. Já dissemos que não se trata apenas
de ensinar, mas de aprender. E isso envolve não apenas tarefas e atividades, mas
acima de tudo fazer com que as pessoas pensem, reflitam, analisem, avaliem,
ponderem, critiquem e façam melhorias que, quase sempre significam mudanças. Em
outras palavras, utilizem seu órgão mais sofisticado: o cérebro. E seu
desdobramento maior: a inteligência. Cada negócio frutifica em função das
inteligências utilizadas.
- É preciso formar líderes de classe mundial, principalmente nas
empresas que mantém operações ao redor do planeta para que conheçam melhor os
mercados externos e saibam aproveitar as oportunidades de novos negócios.
Afinal, administradores também são pessoas como quaisquer outras, mas com o
agravante de precisar liderar, articular e impulsionar pessoas. O velho padrão
de executivo autocrático ainda existe em muitas empresas que ainda não se deram
conta da necessidade da liderança impulsionadora em todos seus níveis
hierárquicos. A liderança de lideranças é o ponto de início nesta complicada
jogada estratégica. O exemplo deve vir de cima. É lá que estão os modelos de
comportamento a seguir.
- O desafio está em colocar todas as técnicas disponíveis em ação e suprir
toda a cadeia de valor da empresa para fechar o ciclo do capital humano, que
é o seu patrimônio mais valioso e o seu maior capital de risco. Capital humano
se constrói com talentos. E apesar da recente crise mundial a guerra por
talentos continua cada vez mais intensa assumindo novas formas e caminhos e com
targets cada vez mais precisos. Mas a quantidade de pessoas está cedendo espaço
para a qualidade das pessoas. É o velho pregão de fazer cada vez mais com cada
vez menos. Competências individuais, gerenciais e funcionais estão sendo cada
vez mais valorizadas no mercado, pois são a base das competências empresariais e
constituem além dos produtos e serviços, métodos e processos e outros ativos
fundamentais a sua principal vantagem competitiva. Lembre-se do velho ditado:
quem não tem competência não se estabelece.
- Convergência é fundamental para obter foco em qualquer negócio. Mas
ela costuma trazer junto o pensamento coletivo e de acomodação. Parece
paradoxal, e é, mas é preciso também sair da caixa e estimular o pensamento
divergente para alcançar imaginação e criatividade e, com isso, provocar idéias
que tragam inovação. A cultura corporativa deve permitir flexibilidade na
maneira como as pessoas pensam e agem, como elas se relacionam entre si e com o
seu trabalho. Criatividade significa muito mais do que simplesmente quebrar
regras vigentes. A criatividade conceitual – aquela que gera idéias que mudam
conceitos e práticas – somente existe e funciona quando as pessoas possuem as
seguintes características:
- Fluência: representa a quantidade ou volume de idéias geradas.
- Flexibilidade: é a capacidade de pensar em várias e diferentes
direções.
- Originalidade: é a habilidade de gerar idéias novas, especiais e
originais.
- Relevância: é a chave da diferença entre criatividade artística e
a criatividade conceitual. A criatividade conceitual deve ter fluência,
flexibilidade e originalidade, mas deve também identificar e produzir uma
solução relevante e importante para um problema existente. Se não as pessoas
serão apenas criadores artísticos preocupados com meras formalidades ou
perfumarias. Em geral, as empresas se concentram em criadores artísticos e
ignoram os criadores conceituais.
Toda essa formidável inteligência coletiva precisa ser devidamente
identificada, localizada, aproveitada e posta em marcha para proporcionar as
mudanças dentro de nossas empresas e ao longo dos sistemas sociais.