Capacitação, atração e retenção de talentos e gestão de conhecimento são
demandas cada vez mais presentes na realidade das empresas. Inseridas em um
contexto onde falta mão de obra qualificada na quantidade desejada em diversas
áreas, muitas empresas estão arregaçando as mangas e partindo para iniciativas
próprias no desenvolvimento e qualificação de seus colaboradores, como a criação
de universidades corporativas – espécies de ambientes específicos para
aprendizado dentro das organizações.
Para as empresas, antes de sair montando ou criando seus modelos de
universidade corporativa, é preciso ter em mente o objetivo central que a
instituição ou projeto terá. Entre as possibilidades, estão o desenvolvimento de
funcionários, a difusão de valores e estratégias, a criação de receitas, o
alinhamento dos objetivos educacionais, a possibilidade de que os executivos
ensinem, propor sistemas de mensuração de resultados, reforçar o relacionamento
com clientes, fornecedores e comunidade e/ou reter colaboradores.
O especialista em comunicação corporativa da empresa especializada no
segmento do Instituto MVC, Luis Augusto Costacurta Junqueira, orienta as
empresas a traçarem um planejamento sobre o modelo que devem adotar, atentando
para algumas questões que são inerentes ao estabelecimento da universidade
corporativa. “É preciso avaliar quem vai patrocinar a existência da instituição,
quem da empresa vai atuar e dedicar atenção ao desenvolvimento e acompanhamento
da universidade, onde as atividades serão desenvolvidas e quais unidades de
negócio receberão atenção”, exemplifica o especialista.
Custo
Muitas vezes, o que impede as empresas de pensarem em sistemas e modelos de
universidade corporativa é o custo, considerado restritivo ou até proibitivo.
Junqueira diz que há algumas soluções que podem ser adotadas pelas empresas, mas
que cada caso requer uma estratégia específica, e, sobretudo, uma análise
criteriosa sobre os resultados que estão sendo esperados com o desenvolvimento
da universidade corporativa. “Há a possibilidade de fazer esse treinamento
através das Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público),
contando com alguns benefícios fiscais. Também há organizações que usam sistemas
culturais para educação e se enquadram na Lei Rouanet, por exemplo. Também pode
ser criada a figura jurídica de uma fundação", explica.
Também é importante, segundo Junqueira, que as empresas avaliem o custo
praticado com outras iniciativas de treinamento e os compare com a instalação da
universidade corporativa. “Não se deve confundir a universidade corporativa com
a necessidade de ter um campus, uma estrutura física. Ela é um polo de
consolidação da cultura empresarial, por isso, devem fazer parte de seu
currículo as atividades ligadas aos princípios, crenças e valores, que estimulem
e motivem os seus colaboradores”, identifica o especialista.
Entre os obstáculos que as empresas enfrentam para instalar as universidades
corporativas, estão a possível falta de respaldo da presidência ou direção da
organização, a idealização de um espaço físico como parte do conceito da
universidade, a falta de marketing da ideia (tanto para o público quanto para o
departamento que vai executar o treinamento). “O ideal é que a universidade
tenha uma espécie de guia, um reitor, diretor, coordenador, que esteja centrado
exclusivamente no funcionamento da unidade. E também, se possível, é adequado
que essa pessoa tenha alguma ligação e conhecimento sobre educação”, recomenda
Junqueira.
Além dos benefícios característicos proporcionados, como a capacitação e
educação profissional, Junqueira diz que a empresa pode utilizar-se da criação
dessa universidade para melhorar sua relação com a comunidade, os colaboradores,
a imprensa e outros envolvidos com a realidade da corporação. “Mas isso não pode
ser um fim em si. Deve ser tratado como uma oportunidade a partir do sucesso da
universidade”, orienta.
Carreira
Do ponto de vista do colaborador, Junqueira vê a universidade corporativa
como uma grande possibilidade de atrair e reter talentos. “Se você vai para uma
empresa A, e ela tem aquele grupo de vantagens mais convencionais, enquanto a B
oferece um ambiente de treinamento e capacitação, esta empresa B está à frente
na preferência, porque une a oferta de treinamento à capacidade de crescimento e
desenvolvimento dentro da empresa”, diz o especialista. “É como comparar um
caminho onde você ficará tateando, descobrindo as curvas, a outro todo
sinalizado, com a clareza da informação sobre para onde você está indo”, diz.
O especialista diz que os colaboradores podem também se utilizar do
conhecimento adquirido para crescer pessoalmente e agregar a formação ao seu
currículo. “Uma das grandes preocupações das universidades corporativas é dispor
de instrumentos de mensuração do desempenho dos indivíduos. Há quem faça uma
espécie de categorização, de acordo com o grau de conhecimento adquirido, e isso
pode, sem dúvida, ser um diferencial para o colaborador que participou da
capacitação”, diz Junqueira.