Entre os dilemas que os indivíduos podem enfrentar ao longo de sua carreira
profissional é ter que optar entre se dedicar completamente à sua empresa e ao
seu cargo ou dividir seu tempo também realizando cursos.
A especialização profissional, adquirida através dos cursos de pós-graduação,
há muito tempo passou a ser requisito fundamental para se destacar no mercado de
trabalho. No entanto, o estudo exige tempo, empenho e, o mais importante, que os
profissionais reduzam o tempo que se dedicam à empresa em que trabalham. O
problema é que isso nem sempre é bem visto pelos chefes, que tendem a valorizar
profissionais que trabalham mais do que seu horário oficial.
Entenda a empresa
A orientação do sócio-diretor da Arvoredo Assessoria em Desenvolvimento, o
coaching João Luiz Pasqual, é que o profissional avalie, com um pouco mais de
detalhamento, a própria companhia onde trabalha. Muitas vezes quem exige
dedicação exagerada do funcionário, chegando até a extrapolar suas horas de
trabalho, é o chefe, mas essa pode não ser necessariamente a posição da empresa.
Tentar entender qual o estilo da empresa vai muito além do que observar
apenas o chefe. Existem diferentes formas de uma empresa apoiar a formação dos
funcionários. Nesse sentido, por exemplo, ela pode arcar com parte dos custos do
curso ou mesmo permitir que você use parte do seu tempo para estudar, já que há
cursos de MBA que requerem que o aluno tenha disponibilidade de um dia todo,
mesmo durante a semana.
Assim, o ideal é olhar para a empresa como um todo e não apenas para o
superior. Deve-se notar, ainda, que existe uma sensível diferença entre o chefe
e o gestor. O simples chefe não estará preocupado com seu desenvolvimento, ao
passo que o gestor, ou seja, o real líder, ele sim entenderá o quanto os cursos
podem potencializar seu trabalho, complementar sua carreira e o levar mais
longe.
Depois que já houver um conhecimento suficiente da posição da empresa quanto
à realização de cursos é hora da negociação. Esse será o momento de sentar com o
superior para explicar e pontuar algumas coisas. O importante é apresentar o
curso que se pretende fazer, contar qual o objetivo ao optar por ele e
esclarecer o que se espera. Mostrar motivação por aprender e relevância do que
será estudado serão favoráveis nessa conversa.
Não tenho tempo
Há profissionais que se queixam que por mais que a empresa apóie a
realização de cursos, simplesmente as demandas do seu cargo simplesmente não
permitiriam sair mais cedo, muito menos se ausentar em alguns dias. Nesse caso,
vale fazer uma análise do perfil profissional, tentando descobrir, sobretudo, se
você sabe dizer não e delegar tarefas.
Pasqual afirma que muitas vezes essa falta de tempo pode ser reflexo de algo
que está errado no comportamento do próprio trabalhador. Profissionais que não
sabem delegar tarefas, nunca terão tempo para nada, assim como também não terão
aqueles que não sabem dizer não. Nesse último caso, o indivíduo abraça todo tipo
de atividade que demandam, sem ponderar que certas tarefas devem ser preteridas
para que seu curso seja realizado.
Observe que ter tempo ou não pode ser apenas uma questão de uma boa análise
do seu comportamento. É preciso saber o que é importante e o que pode ser
deixado para depois. “Tempo sempre existe”, lembra Pasqual.
Há também casos, conforme comenta Pasqual, de profissionais que, por estarem
cercados de colaboradores muito capacitados, tendem a ser centralizadores. “O
receito e a insegurança fará com esse tipo de empregado tenha dificuldade em
delegar, logo, haverá menos tempo para se dedicar aos cursos”, pondera o
coaching.
Assumindo riscos
Deve-se entender também que, eventualmente, será preciso assumir alguns
riscos. Segundo o coaching de carreira, Thiago Cury, se o profissional tiver que
optar entre fazer um curso de especialização ou se dedicar 100% ao trabalho, ele
deverá fazer a seguinte pergunta: “qual decisão me fará sofrer menos?”.
Na prática, o profissional precisa ponderar se, ao optar por se dedicar mais
ao trabalho e abrir mão de um curso, ele se sentirá realizado. Se ele entende
que isso o ajudará a crescer, e decide por esse caminho, é um risco que ele
assume. Da mesma maneira, se ele opta por estudar ele também corre um risco de
não encontrar o retorno esperado após o término do curso.
A questão aqui é, após decidir por um ou outro caminho, assuma os riscos.
Lembre-se que a empresa pode não reconhecer sua dedicação, assim como um curso
pode não trazer o retorno esperado. “O importante é não fica parado”, finaliza
Cury.