Inovação, sustentabilidade e criatividade são chaves para que as micro e
pequenas empresas brasileiras desempenhem papel de protagonistas na soma do PIB
(Produto Interno Bruto) do país. A avaliação foi realizada por representantes de
diferentes segmentos, na oficialização de criação do novo conselho da pequena
empresa da Fecomercio-SP.
A presidente do Instituto Ecoar de educação para a sustentabilidade, Miriam
Duailibi, destacou a necessidade de que as pequenas empresas deixem de ver a
sustentabilidade apenas como desafio e passem a avaliar as possibilidade que as
ações com boas repercussão e impacto no ambiente geram.
Miriam elenca fatores que apontam para a necessidade de preocupação com a
sustentabilidade pelas empresas. “É preciso pensar, antes de colocar qualquer
bem ou produto no mercado, que os consumidores estão mais exigentes, que o
mercado internacional está mais rigoroso e que as próprias legislações já são
mais restritivas a questões como produção de resíduos”, alerta
A presidente do Instituto Ecoar destacou que, do ponto de vista ambiental, o
mundo já vive um momento grave, em função do atual modelo de desenvolvimento de
muitos governos e empresas. “Prosseguir praticando o modelo convencional de
administração de recursos é um suicídio”, opinou.
Para assimilar as práticas sustentáveis dentro das empresas, sem que o custo
para isso seja proibitivo, a especialista recomenda que os empreendedores sejam
criativos, apostem na inovação em diversas instâncias de seu negócio e abusem da
engenhosidade. “E os empresários que optarem pela diversidade, seja na hora de
montar sua equipe, tomar suas decisões ou pensarem em estratégias, terão maior
capacidade para superar obstáculos. Além disso, eles devem estar atentos ao novo
modelo de consumo, mais voltado para as comunidades locais, com a presença cada
vez mais forte das redes sociais”, explica.
Dificuldade e oportunidade
Criatividade e inventividade são duas palavras que estão mais que
entranhadas na rotina da rede de venda de óculos Chilli Beans. O diretor de
expansão da marca, Mário Ponci Neto, explicou, na ocasião de lançamento do
conselho da pequena empresa da Fecomercio, que o sucesso da rede, que hoje tem
330 pontos de venda no Brasil, está associado diretamente à visão de problemas e
oportunidades que o grupo teve.
Ponci Neto lembra que a marca começou sem grande capital para investimentos
em pesquisa, marketing ou recrutamento, então, teve de adotar estratégias
diferentes. “Para recrutar, por exemplo, como não tínhamos recursos para
contratar empresas de recrutamento, focamos em públicos que estavam fora do
mercado, discriminados por questões como condição sexual ou presença de
tatuagens, pierciengs ou estilo. Rapidamente, esse público assimilou a mensagem
da marca Chilli Beans, e acabou difundido a empresa entre seus conhecidos,
ajudando a consolidar a empresa”, contou.
A marca também inovou para contar com profissionais qualificados que
ajudassem a levantar a marca. “Ao contratarmos o nosso arquiteto, para projetar
nossos quiosques e lojas, só contávamos com recursos para o primeiro projeto.
Propusemos a ele que, se a ideia vigasse, ele seria nosso arquiteto para todos
os demais. Dessa forma ocorreu”, diz Ponci Neto. Com a agência de publicidade, a
mesma coisa. “Só tínhamos recursos para a divulgação. Se o projeto desse certo,
a agência poderia ter todos nossos outros jobs, não podíamos garantir nada, mas
deu certo”.
O diretor de expansão da marca usou o exemplo da Chilli Beans para fazer
recomendações aos empresários que compareceram ao lançamento do conselho da
Fecomercio nesta quarta (23). “Que a carga tributária é alta, falta mão de obra
e a legislação não contribui, tudo isso já é senso comum. Temos que partir para
criatividade para solucionar diferentes problemas. Isolar esse problema e
perguntar: como posso fazer para resolvê-lo com os instrumentos que estão ao meu
alcance?”, orienta.