Houve um tempo em que escolher a carreira demandou menos esforço dos
vestibulandos. Administração, Direito, Medicina, Engenharia Civil e Elétrica
eram alguns dos cursos que reinavam soberanos, representando as maiores fatias
das escolhas de estudantes. No entanto, o cenário está em transformação.
Com as mudançae econômicas, políticas e sociais, criaram-se centenas de
especializações, segmentações e ênfases em cada curso. A Administração ganhou
linhas de formação como finanças, gestão hospitalar, hoteleira e de
restaurantes. A Informática já conta com ramos como redes de computadores ou
desenvolvimento de jogos. O Marketing, por sua vez, viu crescerem vertentes como
esportivo, político, de varejo e nas redes sociais.
Com mais opções, cresce também o número de profissionais que saem prontos do
curso para se inserirem em determinada área, certo? A gerente da divisão de Page
Talent da Michael Page Recrutadores, Manoela Costa, responde que nem sempre isso
é uma verdade. “A especialização é uma boa opção se o aluno já tiver uma ideia
de estruturação de carreira, se já tiver certeza de suas escolhas ou ainda já
atuar na área”, explica.
Segundo a consultora, ao mesmo tempo que esse profissional se apresenta
pronto mais rapidamente para se inserir em determinada atividade (no caso o
mercado aberto pela sua formação mais segmentada), ele acaba restringindo o
desenvolvimento de sua carreira para outras áreas de atuação. “Muitas vezes, ter
conhecimentos muito específicos pode afunilar as possibilidades, obrigando o
profissional a ter de 'regredir' para voltar a carreira para um foco mais
generalista”, explica.
Perspectivas
Manoela acrescenta que ao escolher um curso segmentado ou específico
pensando em um mercado aquecido, o estudante deve vislumbrar, também, a real
perspectiva daquele segmento para o futuro. “Muitas formações mais tradicionais
sofreram transformações e muito do que se cria em expectativas hoje pode não ter
o mesmo reconhecimento daqui a dois anos”, explica.
Concluir um curso tecnológico ou de graduação com ênfase ou especialização
pode estar longe de ser a determinação do futuro do profissional. Segundo
Manoela, há muitos profissionais que têm uma formação específica e, mesmo assim,
acabam direcionando suas atividades para outros setores. “Nesse caso, o
profissional deve embasar seu discurso para mostrar que tipo de conhecimentos e
competências ele adquiriu naquela área, e que lhe capacitam a disputar uma vaga
em outro segmento”, explica.
A gerente da Michael Page lembra que, muitas vezes, as escolhas são feitas
com base em um momento ou contexto em que determinado curso é bastante abordado
ou lembrado, mas nem sempre o mercado corresponde à expectativa. “Prova disso é
que inúmeros cursos técnicos e tecnológicos estão sendo abertos com base em
oportunidades abertas pelo momento econômico atual. É preciso avaliar, antes de
cursar, se o profissional realmente reúne as condições e tem o perfil para
determinada área”, explica.