Se você é daquelas pessoas que não resistem a uma oportunidade de lançar no
Twitter ou demais redes sociais que 'seu dia no trabalho começou mal' ou que 'o
fulano da mesa ao lado não sai do seu pé', cuidado! Hoje, mais do que nunca,
publicar desabafos corporativos podem trazer sérios prejuízos aos profissionais.
O cuidado vale para os usuários do Twitter, Facebook, LinkedIn e até mesmo
dos programas de mensagem instantânea. Afinal, nos dias atuais, a probabilidade
de que seu chefe tome conhecimento dos comentários publicados poucos minutos
após sua divulgação são enormes.
De acordo com a especialista em etiqueta corporativa, Licia Egger, é
praticamente impossível imaginar que ninguém irá ignorar um comentário de uma
organização ou deixar de associá-lo à pessoa que o publicou. “As redes sociais
possuem uma repercussão maior e mais descontrolada do que se imagina.
Comentários negativos e positivos podem ser facilmente associados à quem
divulgou as mensagens”, informa.
Avaliação norte-americana
Prova disso é que, nos Estados Unidos, muitas empresas têm investido na
contratação de prestadores de serviços especializados em investigação web para
se certificar da idoneidade de seus profissionais e futuros candidatos.
“Estas empresas rastreiam tudo o que uma pessoa posta nas redes sociais,
desde o tipo de site acessado pelo profissional até os comentários escritos em
cada página. A moda ainda é novidade no Brasil, mas logo deve ganhar adeptos por
aqui”, diz o diretor da Regional Campinas da ABRH (Associação Brasileira de
Recursos Humanos), Gilberto Sobrinho.
Para ele, os comentários podem soar tão mal para o trabalhador, que podem até
influenciar em um futuro processo de seleção. “Se a pessoa coloca que é ética em
seu currículo e o empresário observa que o perfil do candidato na rede social é
completamente diferente, isto não só gera desconfiança, mas também pode
comprometer os resultados da contratação”, diz Sobrinho.
Dicas: como agir
O primeiro passo para evitar situações embaraçosas dentro das corporações
consiste em apenas utilizar as ferramentas de trabalho para fins profissionais.
Em outras palavras, isto significa que, mesmo que o acesso às redes sociais seja
liberado pelo empregador, que o funcionário se policie e evite o contato com
tais sites para satisfazer suas necessidades pessoais.
“Por mais democrática que seja uma empresa quanto ao uso da internet,
acredito que as pessoas devam evitar o acesso às redes sociais para uso pessoal
e resolver suas desavenças corporativas dentro da organização e não na web”,
avalia Sobrinho.
Além disso, evite misturar o perfil pessoal com o profissional. “Pense bem
antes de postar algo, afinal, qualquer comentário maldoso feito na internet tem
o mesmo efeito de algo falado nos corredores da empresa”, diz a consultora de
Planejamento de Carreira da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Rachel Vieira.
E isto não só pode ser considerado uma insubordinação, mas, conforme o grau
de ofensa e o comprometimento da imagem da organização perante o público, pode
acarretar em uma demissão por justa causa. “Por se tratar de um espaço público
comum, os comentários feitos acabam expondo de uma forma muito intensa a
empresa”, informa Rachel.
E nada de comentários irônicos ou debochados, já que eles também podem
provocar um efeito negativo e comprometer a imagem do empregador.