Investimentos / Fundos - No dia delas, mulheres dão dicas para aquelas que querem começar a investir
Foi-se o tempo em que mulheres e investimentos eram assuntos que não se
relacionavam. Muitas já se entregaram a este universo, embora algumas delas
ainda resistam em aplicar o dinheiro para fazê-lo crescer, o que tem diversas
explicações.
Isso porque fatores sociais, culturais, históricos, psicológicos e até mesmo
biológicos afastaram - e ainda afastam – as mulheres do mundo dos investimentos.
De acordo com a consultora financeira Eliana Bussinger, algumas mulheres ainda
não investem por uma questão cultural, já que o treinamento de feminilidade
ainda é muito forte e o dinheiro é visto como algo masculino. Além disso, ela
cita a questão social, porque falta conhecimento das mulheres sobre finanças e
investimentos por conta da inserção recente delas no mercado de trabalho. Por
fim, Eliana aponta a questão histórica com o exemplo de que a primeira bolsa de
valores foi feita por homens.
“É uma questão biológica porque os hormônios fazem com que as mulheres sejam
mais ou menos arrojadas, o que as impede de arriscar e de investir. É
psicológico porque a mulher pensa em esperar alguém que as salve – o príncipe
encantado –, pensa que sempre os planos mudam porque alguém interfere e porque
elas não sabem dizer não”.
Embora vários fatores indiquem que as mulheres estejam na contramão dos
investimentos, a verdade é que elas têm enfrentado todas essas barreiras, se
arriscado e se destacado neste mercado. É por isso que o portal InfoMoney foi em
busca de mulheres que conhecem o tema para saber quais dicas elas dão para quem
está começando a investir. Confira!
“Saia do estágio da negação”
Eliana Bussinger, consultora financeira
A mulher tem de parar de pensar que as coisas vão se resolver em algum momento
da vida e de acreditar que o dinheiro não é importante. Ela ainda tem, na
opinião de Eliana, “de sair do endividamento, já que só se transformará em
investidora se tiver sobra de dinheiro e há duas formas de fazer isso: cortar
despesas ou fazer mais dinheiro”. A consultora defende ainda que a mulher
precisa aprender sobre o sistema financeiro, para tentar transitar no mercado
com leveza e sabedoria; ela não pode delegar questões financeiras, o que
significa que deve ter tempo para cuidar do próprio dinheiro; e tem de traçar
objetivos, porque o dinheiro não é um fim.
“Conheça sobre finanças pessoais”
Monica Saccarelli, diretora do Link Trade, home broker da Link Investimentos
Antes mesmo de começar a investir, a mulher precisa entender sobre finanças
pessoais. “Identificar seus custos, sua receita, o que ganha e o que gasta”,
afirmou Monica. “A mulher tem fama de ser consumista, mas o que a atrapalha é
não conhecer de finanças pessoais, ela acaba se perdendo e o orçamento virando
um inimigo para ela poder investir”. Depois disso, ela precisa definir um
objetivo, se está disposta a correr risco e quanto tem de dinheiro. “Então ela
consegue saber em qual modalidade aplicar”.
“Organize a vida financeira”
Vera Rita de Melo Ferreira, doutora em psicologia econômica e representante
no Brasil da IAREP-International Association for Research in Economic Psychology
Para que a mulher comece a investir, o primeiro passo é organizar a vida
financeira, principalmente aquelas que têm dívidas, que devem começar tentando
quitá-las. “Daí ela pode também descobrir as próprias estratégias para se
disciplinar para investir, o que varia de pessoa para pessoa”, diz Vera Rita.
Como as mulheres preferem produtos conservadores, em um primeiro momento ela não
deve contar com um gestor. “Se ela resolver diversificar mais, compor uma
carteira, aí ou ela deve estudar mais ou, o que recomendamos, é que deixe na mão
de terceiros, para evitar armadilhas psicológicas”.
“Tenha disciplina”
Myrian Lund, professora da FGV-Rio (Fundação Getulio Vargas)
O segredo para as mulheres conseguirem investir é ter disciplina, tendo em vista
que elas têm mais gastos do que os homens. “É importante pegar um valor mensal
do salário – nós recomendamos 10% - e retirar da conta imediatamente, no momento
que receber, como se fosse débito automático. Para aquelas que não têm tempo
para dedicar ao investimento, ela indica que opte pelos fundos de ações ou
fundos de índice que acompanham desempenho de indicadores na bolsa.
“Analise o montante para investir”
Kelly Trentin, analista chefe da Spinelli
Uma dica importante para as mulheres que vão começar a investir, na opinião de
Kelly, é que elas precisam analisar o montante inicial. “Tem de analisar quanto
pretende alocar em um investimento de risco, qual o tempo disponível para esta
aplicação e, assim, determinar a composição da carteira”. Para quem optar pela
bolsa de valores, ela indica que também é importante estudar os setores,
analisar quais oferecem mais riscos e quais têm maior potencial de valorização,
para escolher as ações ideais para o momento.
“Busque informações sobre risco”
Tahira Hira, professora de finanças e executiva assistente do presidente da
Iowa State University
Para a maioria das mulheres, investir traz mais estresse do que excitação, por
isso elas tendem a cuidar mais das finanças diárias do que da poupança da
família, que fica a cargo de seus pares. E, quando investem, de acordo com
Tahira, as mulheres escolhem mais segurança, o que significa menos retorno. “Mas
as mulheres precisam procurar informações sobre risco”, ponderou a professora.
“Não se assuste com gráficos”
Adriana Feijó, especialista em análise técnica e diretora do site Mulheres
de Valores
As mulheres que querem começar a investir não devem se assustar com números,
gráficos e cálculos. Elas devem estudar para poder, inclusive, usar as
ferramentas disponíveis no mercado, como a análise técnica, para o investimento
em ações. “A análise técnica é uma avaliação objetiva que não requer
conhecimento matemático”, diz Adriana, que afirmou que normalmente as mulheres
entram na renda variável com objetivo de longo prazo, o que faz com que elas não
usem a análise técnica. Para aquelas que pretendem aderir à análise, as dicas da
especialista são: ter disciplina e fazer manejo de risco.
* Reportagem de Diego Lazzaris e Flávia Furlan Nunes
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Equipe InfoMoney
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