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Cartão de crédito - Como sair do crédito rotativo? As opções exigem esforço financeiro 

Data: 08/03/2011

 
 

A falta de planejamento, imprevistos e uma dose de impulsividade na hora de comprar levam muitos consumidores a enfrentarem um problema que é cada vez mais comum, o crédito rotativo. Que pagar o valor mínimo da fatura do cartão de crédito é um risco para qualquer orçamento muitos consumidores já sabem. Mas são poucos os que calculam o valor desse risco e, quando vêem, já entraram no rotativo. E para sair dele, faltam opções e sobram sacrifícios.

O aumento da renda e do acesso ao crédito geraram um otimismo sem tamanho nos consumidores. “O Governo entendeu que o brasileiro tinha condições de comprar, mas não explicou que os juros são os mais altos do mundo”, considera o especialista em Finanças do Moneyfit, Antonio De Julio. Para ele, os brasileiros ainda não entenderam bem a lógica do consumo.

A falta de educação financeira está no cerne do crédito rotativo. “Os consumidores só vêem o que cabe no bolso e esquecem de olhar os juros, sequer têm noção dos juros”, afirma o consultor de empresas e professor de administração financeira, Mario Kuniy. “Eles não têm um planejamento de longo prazo para comprar algo à vista. Eles vêem quem dá mais crédito e mais prazo”, diz.

No fim, afirma Kuniy, esse consumidor acaba tendo uma capacidade de compra muito menor ao longo da vida que aquele que tem uma renda menor, mas planeja o orçamento. “O brasileiro já é otimista até demais e mesmo com dívidas acredita que no fim tudo dá certo”, completa De Julio. “Sem planejamento ele só começa a perceber o problema quando a bomba explode”.

E quando a bomba explode
Um deslize no pagamento de uma fatura já é o suficiente para a “bomba” ser acionada. Mas, ainda assim, os consumidores demoram para perceber isso. “Usar o cartão de crédito é muito bom, mas pagar o mínimo nunca é”, enfatiza o professor de Finanças do Ibmec-DF, Marcos Aguerri Pimenta de Souza.

Para aqueles que não pensaram nisso e deixaram a “bomba” explodir dá para se livrar do problema. “A melhor coisa a fazer é trocar a dívida cara pela mais barata”, aconselha Aguerri. Nesses casos, o crédito pessoal e o consignado, que costumam ter juros mais atraentes, podem ajudar quem não consegue sair do rotativo.

Mas a boa e velha dica das finanças pessoais não é tão simples de ser aplicada. Kuniy ressalta que toda e qualquer solução para se livrar das dívidas passa pela planilha de receitas e despesas. “É preciso conhecer a situação financeira na qual se encontra o consumidor”, afirma. Somente assim, dá para ver a melhor opção para se livrar do débito. “Para cada perfil, existe um remédio”. Sem conhecer sua situação financeira, fica mais fácil acabar comprometendo todo o orçamento com o pagamento de dívidas. E isso não pode acontecer.

Saber quanto sobra no final do mês, incluindo um percentual para imprevistos, é o que vai determinar que tipo de solução você tem. “Para sair do rotativo, ou entra mais dinheiro ou o consumidor aperta o orçamento”, define De Julio. Somente depois dessa análise é que se pensa nos empréstimos.

E nessa conta a família deve entrar. “As pessoas têm receio de conversar com a família sobre dinheiro, mas ela é fundamental para a solução do problema”, diz o especialista. Cogitar empréstimos com amigos e família, desde que você os honre, pode ser a melhor opção para se livrar de juros de financiamentos bancários.

Quando a poeira baixa
Depois da renegociação da dívida, tem muita gente que relaxa – um cenário propício para novos débitos. Por isso, o ideal é manter o cinto apertado até quitar completamente o financiamento, planejar os gastos e projetar as metas com mais eficiência, pensando no futuro, de tal maneira que nem um imprevisto possa abalar seu bolso.

Para Aguerri, do Ibmec-DF, embora a impulsividade com as compras facilite a entrada no rotativo, o principal motivo mesmo para que os consumidores acabem por pagar apenas o valor mínimo da fatura é a falta de dinheiro em caixa. “Por incrível que pareça, os imprevistos são as causas principais para a entrada no rotativo”, diz. “Por isso, o ideal é sempre deixar em caixa o equivalente a três vezes o seu salário para eventuais problemas”.

E para quem pensa que a possibilidade de pagar o mínimo da fatura do cartão é uma facilidade, Kuniy dá um recado: “quanto mais fácil o crédito, mais caro ele é. Tudo na vida tem um preço. E no Brasil, esse preço é muito alto”, diz. Esquecer de manter o orçamento equilibrado depois que a poeira baixar é um dos piores erros que o consumidor pode cometer.

“Agora os cuidados têm de ser ainda maiores porque o crédito e o custo de vida tendem a ficar ainda mais caros. E qualquer deslize pode transformar suas finanças em um verdadeiro tsunami”, ressalta De Julio. Diante desse risco, é melhor ficar atento a ventos mais fortes.



 
Referência: InfoMoney
Autor: Camila F. de Mendonça
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