Com o bom momento da economia brasileira, muitos consumidores viram nas
instituições financeiras a porta de entrada para se inserir de vez nas classes
intermediárias da pirâmide econômica do País.
Mas será que, mesmo com a situação financeira favorável, os brasileiros souberam
ter cuidado com os serviços oferecidos pelos bancos?
“Quando um investidor vai procurar o gerente, ele deve ter bem claro para quem
esse profissional trabalha, bem como as metas que ele deve atingir na
instituição”, afirma o professor de economia da escola de negócios Trevisan,
Alcides Leite.
Enfático, Leite atenta para a situação controversa de ambos os personagens:
enquanto o cliente procura algo bom e barato, o banco direciona seus esforços
aos produtos que não fazem parte do perfil do consumidor.
Metas contrárias
Tornou-se comum, após uma ida ao banco, ouvir de algum funcionário: “Você
conhece o nosso novo título de capitalização ou você tem interesse em um crédito
pré-aprovado?"
Tão logo você estará mergulhado em tantas opções que, se não souber ponderar a
escolha certa, a rentabilidade de suas aplicações ou até economias poderão
voltar à estaca zero.
“Quando um investidor vai procurar o banco, por exemplo, ele deve estar munido
de conceitos básicos de educação financeira. É uma forma simples de se precaver
contra qualquer serviço indesejado”, explica Leite.
Uma das ofertas mais comuns dos bancos é a chance de aderir a um seguro de vida.
Segundo o especialista, muitos consumidores optam por essa modalidade por conta
do apelo emocional que a envolve.
"Normalmente quem adquire um seguro de vida pensa na responsabilidade com a
família e filhos. Essa é uma estratégia clássica utilizada pelos bancos no
País", descreve o professor.
"Ele [o cliente] pode ter outras formas de poupar e investir, que possa servir
como uma espécie de seguro", conclui.
Modalidades
Diante de inúmeras opções oferecidas pelos bancos, a dica de Leite é tentar
fugir dos serviços extras, geralmente impostos pelo banco ao cliente. Segundo
ele, o pior serviço é aquele que o consumidor não precisa.
"Quando o banco se predispõe a oferecer um produto ao cliente, ele deve se
questionar: Para quem esse serviço será bom? O consumidor deve saber que ele tem
acesso a produtos financeiros mais rentáveis e baratos, basta pesquisar", opina
o especialista.
Leite ainda reforça o alerta para que os consumidores não aceitem a vinculação
de uma operação a um tipo de serviço oferecido, o que consiste na chamada venda
casa, uma grave infração. Nesse caso, o cliente deve procurar por entidades de
defesa para denunciar a ação do banco.
Incidências
A posição taxativa de um banco em oferecer serviços vai muito além, por
exemplo, do já citado seguro de vida. Para Alcides, que cita os títulos de
capitalização, além de remunerar muito pouco, o serviço, basicamente, é um
produto financeiro envolvido em questões de sorte, por se tratar de sorteios.
O mesmo perigo, porém vinculado a outra forma de perda, está nas ofertas de
crédito pré-aprovado, que, vale a pena ressaltar, não é nenhum produto de
investimento, pois o banco está apenas emprestando dinheiro, com juros.
"O crédito pré-aprovado é uma armadilha induzida ao usuário, para que ele gaste
mais e acabe tendo um custo elevado por conta desse crédito", alerta o
especialista.
Cartão e cheque
As modalidades de cartão e cheque contam com o atrativo da possibilidade de
se trabalhar com vencimentos, algo enraízado em questões de disciplina e
organização.
"É muito perigoso, pois trabalhar com cartões e cheques requer muito controle e
disposição para não cometer erros graves no próprio orçamento, o que pode levar
a altos padrões de endividamento", observa leite.
De acordo com o especialista, a dica é sempre pesquisar as modalidades
oferecidas e as instituições financeiras que as executam, para conciliar o
melhor preço, com segurança e mais rentabilidade.